Novas ações e ferramentas no combate ao desmatamento na Amazônia e no Cerrado

desmatamento Cerrado
Thomas Bauer / Inst. Sociedade População e Natureza

Na Amazônia, modificação no Flight Simulator permite sobrevoar floresta e encontrar garimpo ilegal e desmatamento, enquanto governo e estados lançam força-tarefa contra desmatamento no Cerrado.

A Amazônia e o Cerrado vivem situações distintas quanto à devastação da vegetação nativa. No primeiro bioma, o retorno das ações de fiscalização e combate à ilegalidade vem conseguindo conter o desmate, ainda que os números estejam longe do desmatamento zero. Já no outro, legislações defasadas e contradições envolvendo os governos estaduais não conseguem estancar a escalada da destruição.

Por isso, toda iniciativa para conter a devastação não somente é bem-vinda como necessária. É o caso do “Flying Guardians”, modificação no Flight Simulator, da Microsoft, que permite sobrevoar a Floresta Amazônica e encontrar pontos de garimpo ilegal e desmatamento; e também da força-tarefa formada semana passada entre os governos federal e estaduais para unificar as bases de dados sobre o Cerrado e assim enfrentar o avanço do desmate.

O Flying Guardians é um projeto que reuniu o Greenpeace, a agência AlmapBBDO e a Planet Labs, empresa que obtém imagens de satélite do planeta diariamente, segundo a CNN e O Antagonista. “A ideia é que os jogadores possam sobrevoar esses dois territórios e ver a ocorrência do desmatamento e garimpo em tempo real”, explicou Jorge Dantas, porta-voz de Povos Indígenas no Greenpeace. Dessa forma, o usuário consegue usar o simulador como uma ferramenta ambiental sem perder a experiência imersiva de sobrevoar qualquer lugar do mundo.

Para Anderson Silva, especialista em simulador de voos que esteve envolvido no projeto, o Flying Guardians criou uma espécie de missão aos usuários, que antes não exploravam a região por não haver nenhum tipo de interação no local. “Hoje você nota que algumas pessoas já estão começando a sobrevoar a região. Essa interação que o jogo permite torna tudo mais interessante, porque desperta uma curiosidade. ‘Será que eu vou encontrar alguma coisa ali?’, vira um desafio”, explicou.

Na simulação, os jogadores podem acessar quatro torres de comando para informar as coordenadas geográficas de destruição nos Territórios Indígenas Munduruku e Yanomami, além de comandos para assinar o abaixo-assinado Amazônia Livre de Garimpo. Há também os canais tradicionais do próprio simulador, e outros canais do Flying Guardians que oferecem conteúdos informativos sobre o desmatamento, o papel da Planet Labs, narrativas fictícias e apoio ao jogador.

Se um dos maiores simuladores de vôo do mundo serviu de base para uma ferramenta de vigilância da Amazônia, no Cerrado a tarefa não envolve tanta tecnologia, mas é fundamental para a preservação do bioma: informações precisas e compartilhadas. Assim, uma reunião entre ministros e governadores na semana passada definiu a unificação das bases de dados dos estados com o governo federal como parte de uma força-tarefa para reverter os crescentes números de desmate, informam ((o))eco, g1, Agência Brasil e Sagres.

A ideia é retomar a alimentação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), que foi enfraquecida no governo anterior, levando os estados a desenvolverem suas próprias plataformas de acompanhamento da situação dos imóveis rurais. Além da unificação e do cruzamento de informações, um grupo de trabalho entre ministros e governadores se reunirá periodicamente para acompanhar os dados e tomar decisões.

A situação no Cerrado é mais grave e preocupante na região conhecida como MATOPIBA, localizada nos estados do Maranhão, de Tocantins, do Piauí e da Bahia. A área, apontada como a nova fronteira agrícola do país, é onde ocorrem quase 75% do desmatamento no Cerrado.

 

ClimaInfo, 2 de abril de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.