Carros elétricos: Tesla enfrenta primeira queda nas vendas em quatro anos

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Daniel Oberhaus/Flickr

Com a chinesa BYD despontando na disputa pelo topo do mercado global de elétricos, a Tesla registrou seu pior desempenho de vendas desde 2020.

A Tesla bem que tentou, mas não conseguiu escapar de um resultado ruim em suas vendas no 1º trimestre de 2024. De acordo com dados divulgados pela empresa nesta 3ª feira (2/4), cerca de 386,8 mil carros elétricos foram vendidos nos três primeiros meses do ano, o que representa uma queda de 20,2% em relação ao trimestre anterior, quando foram produzidos 433,3 mil veículos.

A queda já era esperada por analistas, especialmente pelos problemas operacionais enfrentados pela Tesla nos últimos meses, mas o resultado final foi pior do que se imaginava. Essa é a primeira redução nas vendas desde o segundo trimestre de 2020, já sob o impacto da pandemia de COVID-19. 

A empresa justificou que a redução nas vendas é decorrente dos esforços para preparação de sua fábrica em Fremont, na Califórnia, para ampliar a produção de seu Model 3, além da interrupção pontual na linha de produção da gigafábrica da empresa nos arredores de Berlim, causada por uma sabotagem no fornecimento de eletricidade à planta.

Ao mesmo tempo, o desempenho ruim da Tesla desperta dúvidas entre os investidores sobre a capacidade da empresa de se manter no topo do mercado global de carros elétricos. A montadora chinesa BYD vem comendo aos poucos a vantagem da Tesla em mercados-chave para o setor, como a própria China. Mais recentemente, a empresa anunciou novos investimentos para a produção de carros elétricos e híbridos no Brasil.

Não à toa, a estratégia da Tesla para se manter no topo passa crucialmente pelo mercado chinês. Como o NY Times abordou (e a Folha traduziu), a fábrica da montadora norte-americana em Xangai é a maior e mais produtiva, respondendo por mais da metade das entregas globais da empresa e a maior parte de seus lucros.

Esses investimentos impulsionaram o setor de carros elétricos na China, o que ironicamente criou as bases para que empresas concorrentes no país aproveitassem os mesmos benefícios obtidos pela montadora de Elon Musk nos primórdios de sua operação no mercado chinês. Além dessa concorrência, a Tesla também enfrenta um contexto geopolítico mais arisco, com a China em posição antagônica em relação aos EUA e à Europa na transição verde.

A queda nas vendas da Tesla no 1º trimestre de 2024 teve grande repercussão na imprensa, com destaques na Bloomberg, CNBC, CNN, Financial Times, NY Times e Washington Post.

 

 

ClimaInfo, 3 de abril de 2024.

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