Incêndios em áreas de floresta madura da Amazônia cresceram 152% em 2023

Incêndios áreas de floresta madura Amazônia
Jader Souza/AL Roraima

Queda no total de focos de incêndios na Amazônia em 2023 não foi suficiente para conter explosão do número de queimadas em áreas de vegetação. 

A redução substancial do desmatamento na Amazônia em 2023, que também se refletiu em uma queda no total de focos de incêndio, contrasta com uma situação preocupante em áreas de vegetação nativa ainda intocadas pelo desmate.

De acordo com um novo estudo publicado na revista Global Change Biology, mesmo com a queda de 16% no total de focos de calor no bioma no ano passado, os incêndios nas chamadas “florestas maduras” tiveram um salto de 152% ou de uma vez e meia.

O estudo analisou imagens de satélite para verificar a evolução dos focos de fogo na Amazônia. Os pesquisadores detectaram que os focos em áreas florestais subiram de 13.477 para 34.012 de 2022 para 2023. O principal fator por trás dessa explosão seriam as condições mais secas na região amazônica, que vêm se tornando mais frequentes mesmo durante as temporadas de chuva. 

A ocorrência de incêndios nas florestas maduras intensifica não apenas o processo de degradação do bioma amazônico, mas também diminui a capacidade da floresta de absorver carbono por conta da destruição de árvores mais antigas, com maior potencial de estoque de carbono.

Essa perda de florestas maduras também se reflete na qualidade do ar na região amazônica, em especial nas maiores cidades. “[Além do] impacto nas mudanças climáticas, há o prejuízo para as populações locais. Manaus é um desses casos, que foi a segunda cidade com a pior qualidade do ar do mundo em outubro do ano passado”, comentou Guilherme Mataveli, pesquisador do INPE e autor principal do estudo.

Segundo a análise, a mortalidade de árvores induzida pelo fogo em áreas florestais excede frequentemente 50% da biomassa acima do solo, o que implica em uma redução do potencial dessa floresta de absorver carbono no longo prazo. Além disso, a resiliência ecossistêmica também fica comprometida, afetando, em especial, sua capacidade de criar um microclima úmido abaixo do dossel das árvores para conter e reciclar e umidade.

“É importante entender onde os incêndios estão ocorrendo porque cada uma dessas áreas afetadas demanda uma resposta diferente. Quando analisamos os dados, vimos que as florestas maduras queimaram mais do que nos anos anteriores. Isso é particularmente preocupante não só pela perda de vegetação e desmatamento, mas também pela emissão do carbono estocado”, destacou Mataveli à Agência FAPESP.

Agência Brasil, Folha, Galileu e Olhar Digital repercutiram a análise.

Em tempo: O governo do Mato Grosso do Sul decretou estado de emergência ambiental, válido por 180 dias, por conta da proliferação de focos de incêndio no Pantanal. Mais uma vez, as condições climáticas mais secas – com temperaturas acima dos 30oC, ventos superiores a 30 km/h e umidade relativa do ar abaixo de 30% – favorecem a ocorrência do fogo e facilitam sua disseminação. De acordo com as autoridades do estado, o número de incêndios registrados em 2024 até agora já é quase o dobro do observado no mesmo período do ano passado. A notícia saiu na Agência Brasil, CNN Brasil, g1 e Jornal Hoje (TV Globo).

 

 

ClimaInfo, 12 de abril de 2024.

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