Encontro em Washington tenta destravar financiamento climático de instituições multilaterais

Encontro Washington financiamento climático
imf.org

Ministros aproveitarão as reuniões de primavera do Banco Mundial e FMI para impulsionar discussões sobre a reforma do sistema financeiro multilateral em prol do clima.

Nesta semana, a capital dos Estados Unidos, Washington, será o epicentro das discussões internacionais sobre a reforma do sistema financeiro internacional e a ampliação do financiamento para ação climática. A cidade receberá ministros da economia de diversos países para as reuniões de primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

A ocasião ganha relevância maior pela complexidade dessa discussão e a falta de avanços substanciais até aqui. Como o Financial Times pontuou, as instituições financeiras multilaterais, como o Banco Mundial e o FMI, são vistas como estratégicas para alavancar a oferta de financiamento climático aos países mais pobres, mas as propostas de reforma estrutural ainda estão muito aquém do necessário para que elas possam cumprir esse novo papel.

“As finanças são o fio condutor de toda a ação climática e estão no cerne da necessidade de reconstruir a confiança entre as economias em desenvolvimento e as economias avançadas”, afirmou Rachel Kyte, professora da Universidade de Oxford (Reino Unido) e veterana das discussões sobre financiamento climático.

De forma geral, as nações ricas e pobres divergem sobre a forma e o volume do financiamento climático para as próximas décadas. Enquanto os países em desenvolvimento cobram mais recursos públicos dos mais desenvolvidos, os governos ricos tentam empurrar a bola para as economias emergentes (leia-se China), as instituições financeiras multilaterais e o capital privado.

Assim, a pressão sobre o Banco Mundial e o FMI vem de todos os lados. Sem uma sinalização de caminho por parte dos governos, os dirigentes dessas instituições “caminham na corda bamba”, tentando reformular o que for possível internamente e, com isso, aplacar ao menos em parte a demanda por mais recursos.

“Tudo isso faz parte do trabalho que estamos tentando fazer para que o fluxo de financiamento do banco funcione ainda melhor”, disse Ajay Banga, presidente do Banco Mundial, citado pelo POLITICO. “Tudo isso resulta em uma máquina com melhor funcionamento que esperamos que possa assumir projetos [climáticos] maiores e mais ambiciosos”.

O Brasil será representado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nas conversas desta semana em Washington. De acordo com a Agência Brasil, o ministro também buscará promover o Plano de Transformação Ecológica do governo federal, com vistas a atrair mais financiamento internacional. Na agenda de Haddad, consta também encontros da força-tarefa da presidência brasileira do G20 contra a fome e de ministros de finanças do grupo.

Em tempo: Um levantamento feito pela Climate Home mostrou como as prioridades financeiras do Banco Mundial ainda não estão devidamente alinhadas às preocupações climáticas dos países mais pobres. No Senegal, por exemplo, hotéis de grande porte contam com recursos da instituição para se tornarem “mais sustentáveis”, ao mesmo tempo em que pescadores pobres seguem desassistidos, sem qualquer apoio financeiro para lidar com os impactos da mudança do clima em sua subsistência.

 

 

__________

ClimaInfo, 17 de abril de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.