Danos provocados pela crise climática podem somar US$ 38 trilhões anuais até 2049, aponta pesquisa

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Fernando Frazão/Agência Brasil

O Brasil está entre os países mais afetados pelas perdas econômicas decorrentes da crise climática; regiões Norte e Centro-Oeste podem perder até 25% do PIB.

Mesmo que o mundo inteiro zere hoje suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) a economia global ainda será forçada a lidar com perdas significativas de renda nas próximas décadas por conta das mudanças climáticas já irreversíveis. Análise publicada nesta semana na revista Nature esboçou o tamanho da paulada: perdas estimadas de US$ 38 trilhões anuais até 2049, o que representa uma redução de 19% da renda mundial.

Para efeito de comparação, as perdas estimadas são equivalentes a quase 20 vezes o PIB brasileiro de 2022. O valor também é seis vezes maior do que os custos de mitigação necessários para conter o aumento da temperatura global em 2oC, limite máximo definido pelo Acordo de Paris para o aquecimento global até o final deste século.

O Brasil figura como um dos países com maior prejuízo econômico potencial por conta da crise climática. Todas as regiões do país podem experimentar perdas econômicas, mas o Norte e o Centro-Oeste tendem a sofrer mais do que as demais, com perdas estimadas superiores a 25% de seu PIB. Em partes do Nordeste e do Sudeste, as projeções de prejuízo são de 20% a 25%. Já nas demais áreas e no Sul, as perdas esperadas são menores, de 10% a 20%.

O estudo é fruto de uma pesquisa inédita do Potsdam Institute for Climate Research Impact (PIK), da Alemanha. Os pesquisadores utilizaram dados empíricos de mais de 1,6 mil regiões em todo o mundo ao longo dos últimos 40 anos para projetar os impactos econômicos potenciais das mudanças climáticas já irreversíveis ao redor do globo.

“Projetam-se fortes reduções de rendimento para a maioria das regiões, incluindo América do Norte e Europa, sendo o sul da Ásia e a África os mais fortemente afetados”, destacou Maximilian Kotz, autor principal do estudo e pesquisador do PIK. “Essas perdas são causadas pelo impacto da mudança do clima em vários aspectos relevantes para o crescimento econômico, como os rendimentos agrícolas, a produtividade do trabalho e as infraestruturas”.

Globalmente, os danos anuais esperados são de US$ 38 trilhões, mas dependendo do cenário, podem chegar a US$ 59 trilhões em meados deste século. Essas perdas são decorrentes principalmente do aumento das temperaturas, variações bruscas na precipitação e na temperatura, e a ocorrência de eventos climáticos extremos, como tempestades e incêndios florestais.

“Os países menos responsáveis pela mudança climática sofrerão perdas de rendimento 60% superiores às dos países com rendimentos mais elevados e 40% superiores às dos países com emissões mais altas”, disse Anders Levermann, chefe do departamento de pesquisa em ciência da complexidade do PIK e coautor do estudo. “São também esses países que dispõem de menos recursos para se adaptar”.

O estudo foi abordado por AFP, Bloomberg, Forbes, Guardian e Reuters, além de O Globo, Observatório do Clima e VEJA, entre outros.

 

ClimaInfo, 18 de abril de 2024.

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