Mudanças climáticas: nos Emirados Árabes, dois anos de chuvas caem em menos de 24 horas

inundações Dubai
Reprodução vídeo The Guardian

Piores tempestades no Oriente Médio em 75 anos matam 20 pessoas, principalmente em Omã, e fecham aeroporto de Dubai, um dos mais movimentados do mundo.

O Oriente Médio é marcado por um clima desértico. Chuva é um evento raríssimo, e as altas temperaturas são comuns. No entanto, Emirados Árabes Unidos (EAU), Bahrein e Omã sofreram tempestades incomuns, que mataram pelo menos 20 pessoas, provocaram inundações e paralisaram atividades econômicas. Vale lembrar que o Oriente Médio também abriga imensas reservas de combustíveis fósseis, além de grande produção de petróleo e gás. E resiste em eliminá-los, uma necessidade para conter as mudanças climáticas que, ao que parece, também afetam a região.

Estradas e centros comerciais foram inundados, escolas foram fechadas e voos interrompidos no aeroporto de Dubai, um dos mais movimentados do mundo, depois de os Emirados Árabes terem registrado a maior quantidade de chuvas em 75 anos, informa o Guardian. Pelo menos uma pessoa morreu, em Ras Al Khaimah, um dos sete emirados do país.

O aeroporto de Dubai parou, com pistas bastante alagadas e aviões espalhando água em seu rastro. Ruas da cidade viraram rios, com carros abandonados nas enchentes. “Você não pode pegar um táxi. Há pessoas dormindo na estação de metrô. Há pessoas dormindo no aeroporto”, disse um homem sob condição de anonimato, já que o país tem leis rígidas que criminalizam o discurso crítico.

Os shoppings Dubai Mall e Mall of the Emirates, os principais de Dubai, foram inundados, e a água chegou à altura dos tornozelos em pelo menos uma estação do metrô da cidade, relata o France24. Estradas e comunidades residenciais também sofreram fortes inundações, em cenas que se repetiram em outras partes do EAU.

As chuvas começaram na noite de 2ª feira (15/4), encharcando as areias e estradas de Dubai com cerca de 20 mm de chuva. As tempestades se intensificaram na 3ª feira e continuaram ao longo do dia, e mais de 142 mm de chuva caíram sobre a cidade em 24 horas. Para se ter ideia do que isso significa, em média ocorrem 94,7 mm de precipitação no aeroporto de Dubai em um ano inteiro, explica o npr.

Além do óbito em razão das tempestades ocorrido em Dubai, houve mortes também em Omã, de acordo com a BBC. Equipes de resgate encontraram o corpo de uma menina em Saham, elevando o número de mortos no país em decorrência das chuvas para 19 desde domingo (14/4).

A causa das tempestades incomuns ainda era desconhecida até o fim de 4ª feira (17/4). Entretanto, especula-se que as fortes chuvas podem ter sido causadas por uma “semeadura de nuvens” mal calculada, segundo g1 e Bloomberg. A técnica consiste em bombardear nuvens com produtos químicos específicos, como iodeto de prata ou gelo seco, e o governo dos EAU realiza voos regulares para esse propósito.

No entanto, especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que a causa mais provável da chuva no deserto tem a ver com as mudanças climáticas. “A chuva foi reflexo de um fenômeno meteorológico comum. Só que naquela região, como normalmente é muito seco, não causaria esse problema. Mas como estamos com a água dos oceanos mais quentes [por causa das mudanças climáticas], isso gera mais umidade na atmosfera. A união com a umidade é o que causou tempestades dessa magnitude”, explicou o meteorologista Giovani Dolif, do CEMADEN.

As tempestades incomuns em Dubai e arredores foram destaque também na CNN, Financial Times, Bloomberg, CNN Brasil, O Globo, IstoÉ, MetSul, Veja, O Globo, Poder 360 e UOL.

 

ClimaInfo, 18 de abril de 2024.

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