Polícia Federal destrói helicóptero do garimpo em operação na Terra Yanomami

Polícia Federal helicóptero garimpo Yanomami
Polícia Federal

Desde o começo de 2024, as operações de combate ao garimpo ilegal na Terra Yanomami resultaram em perdas acumuladas de R$ 28 milhões aos criminosos. 

A Polícia Federal realizou na última semana mais uma operação de combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A ação, que contou com apoio de efetivo das Forças Armadas e de órgãos de segurança pública, resultou na inutilização de equipamentos utilizados pelos criminosos.

O que mais chamou a atenção foi um dos equipamentos destruídos: um helicóptero, que estava escondido em meio à vegetação na região do Alto Rio Catrimani.

A operação foi coordenada pela Casa de Governo, criada no começo do ano pelo governo federal para articular as ações de campo para desintrusão do território e facilitar a entrega de alimentos e medicamentos às comunidades Yanomami. As aldeias ainda sofrem com os efeitos da crise humanitária e de segurança causada pela presença do garimpo ilegal.

O governo também divulgou um balanço parcial das ações realizadas na Terra Yanomami nos cinco primeiros meses de 2024. Desde janeiro, a apreensão e a inutilização de equipamentos e infraestrutura do garimpo resultaram em perdas de mais de R$ 28 milhões ao garimpo ilegal.

Só em maio, 173 operações foram executadas, que resultaram na destruição de 11 aeronaves, 134 motores, 43 geradores, 11 armas, mais de 9,3 mil litros de óleo diesel e na captura de mais de 13 toneladas de cassiterita e quase 8 quilos de ouro, além da prisão de 11 pessoas. Folha de Boa Vista, g1, Metrópoles, Revista Cenarium e Valor deram mais detalhes.

Enquanto o governo federal corre para compensar o tempo perdido no enfrentamento ao garimpo na Terra Yanomami, o ministro da Defesa, José Múcio, fez uma sugestão curiosa para reforçar as ações de combate às ilegalidades no território – recorrer à iniciativa privada. Segundo ele, o poder público não tem recursos suficientes para fiscalizar a região de forma eficiente.

“Nós ficamos lutando pela conquista de um território que nós poderíamos estabelecer que a iniciativa privada poderia nos ajudar na ocupação do território. O índio [sic] ganharia”, disse Múcio, citado pelo Estadão. O exemplo “de sucesso” apresentado pelo ministro? Las Vegas. That’s right, baby!

“[O modelo a ser seguido seria] o americano – Las Vegas é dos índios [sic], da Nova Zelândia e da Austrália. Esse modelo já funciona no mundo. Tirar os bandidos do processo e botar a sociedade para participar das áreas dos indígenas. Eles receberiam bem mais e as terras estariam preservadas”, sapecou o ministro.

Não é preciso ser nenhum apostador experiente para entender, logo de cara, que a jogada de Múcio é um blefe pra lá de óbvio para esconder a incapacidade (ou será falta de vontade?) das Forças Armadas para cumprir seu papel constitucional de defender o território nacional e respeitar os Direitos dos Povos Indígenas.

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ClimaInfo, 10 de junho de 2024.

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