IEA antecipa pico da demanda global por petróleo para 2029 e prevê excesso de oferta do combustível fóssil

IEA produção fóssil
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Demanda atingirá 105,6 milhões de bpd e contrairá a partir de 2030, com a expansão dos carros elétricos, eficiência e menos petróleo para geração elétrica.

Os planos do presidente Lula de explorar combustíveis fósseis na foz do Amazonas para “gerar riqueza e desenvolvimento” ao país não consideram o que prevê a Agência Internacional de Energia (IEA). Novos números da entidade divulgados na 4ª feira (12/6) projetam para 2029 o pico da demanda global por petróleo, bem como excesso de oferta – o que deve derrubar preços.

Segundo o Oil 2024, a edição mais recente do relatório anual de médio prazo da IEA sobre o mercado, a forte demanda de economias de rápido crescimento na Ásia, bem como dos setores de aviação e petroquímicos, deve impulsionar o uso de petróleo nos próximos anos. Mas tais ganhos serão cada vez mais compensados por fatores como o aumento das vendas de carros elétricos, melhorias na eficiência de combustível dos veículos convencionais, redução do uso de petróleo para geração elétrica no Oriente Médio e mudanças econômicas estruturais, informa a Reuters.

Apesar da desaceleração no crescimento, a demanda global por petróleo ainda está prevista para ser 3,2 milhões de barris por dia maior em 2030 do que em 2023, passando de pouco mais de 102 milhões de barris por dia (bpd), no ano passado, para um volume estável de cerca de 106 milhões de bpd até o final desta década. Isso a menos que medidas políticas mais fortes sejam implementadas ou mudanças de comportamento sejam adotadas, destaca a IEA.

Paralelamente, um aumento na capacidade global de produção, liderado pelos Estados Unidos e outros produtores nas Américas, deve superar o crescimento da demanda. A capacidade total está prevista para atingir quase 114 milhões de bpd, gerando um excedente de 8 milhões de bpd acima da demanda global projetada, de acordo com o relatório. Isso resultaria em níveis de capacidade ociosa nunca vistos antes, exceto no auge dos bloqueios da pandemia provocada pela COVID-19, em 2020.

“A capacidade ociosa em tais níveis poderia ter consequências significativas para os mercados de petróleo, inclusive para as economias produtoras da OPEP e de outros países, bem como para o setor de xisto dos EUA”, disse a agência, em trecho destacado pela InfoMoney.

Para 2024, a IEA prevê que demanda mundial por petróleo aumentará 960 mil barris por dia. No documento anterior, a estimativa era de avanço de 1,1 milhão de bpd. A agência também reduziu sua projeção para o avanço na demanda no próximo ano, de 1,2 milhão de bpd para 1 milhão de bpd, relatam UOL e Terra.

Wall Street Journal, Financial Times, Investing . com , Axios e CNBC repercutiram o novo relatório da IEA.

Em tempo: Já a OPEP manteve as previsões de aumento da demanda por petróleo na segunda metade do ano, enquanto o grupo e seus aliados se preparam para reativar parte dos suprimentos interrompidos. Segundo a entidade, haverá um aumento no consumo global de 2,3 milhões de barris por dia no segundo semestre, cerca de 150 mil barris por dia a mais do que durante a primeira metade do ano, em meio ao contínuo crescimento econômico na China e em outras economias emergentes, informam Reuters, Wall Street Journal e Valor. As estimativas são consideravelmente mais otimistas do que outras na indústria, ressalta a Bloomberg.

 

ClimaInfo, 13 de junho de 2024.

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