
A empresa negocia com o fundo Mubadala, controlador da Acelen, para readquirir a refinaria de Mataripe (BA), vendida há três anos por US$ 1,65 bilhão.
A nova estratégia do governo federal para ampliar os investimentos da Petrobras na produção de combustíveis fósseis deve impulsionar a recompra de uma refinaria de petróleo vendida em 2021 na Bahia. A operação ainda não está fechada, mas dificilmente sairá mais barato do que os US$ 1,65 bilhão cobrados na venda realizada durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com o Estadão, a Petrobras negocia com o fundo Mubadala, controlador da Acelen, empresa dona da refinaria de Mataripe (BA), para readquirir o empreendimento. O mais provável é que a Petrobras recompre integralmente a refinaria. Já a Acelen pretende vender a planta e entrar como sócia da estatal em um projeto novo de energia renovável. Invest News e MoneyTimes também abordaram a notícia.
A possível recompra da refinaria de Mataripe está alinhada aos objetivos definidos pelo governo federal para a Petrobras depois da troca de comando da empresa. A nova presidente, Magda Chambriard, vem sinalizando que a estatal deve ampliar sua capacidade de refino de petróleo, em sintonia com os planos para expandir a extração e a produção de combustíveis fósseis.
Mais recentemente, a Petrobras chegou a utilizar – na maior “cara-de-pau” possível – o argumento da transição energética para contestar uma decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) de 2019 que determinou a venda de metade de suas refinarias de petróleo. Para a empresa, o repasse dessas plantas prejudicaria seus rendimentos, o que inviabilizaria os investimentos necessários à transição energética.
Essa argumentação virou central dentro do governo federal para sustentar sua visão de expansão da Petrobras enquanto empresa de combustíveis fósseis. No entanto, como bem destacou a Folha, por mais que setores do governo repitam essa lorota, não há qualquer plano definido para a utilização dos recursos advindos da exploração petrolífera para financiar a transição energética.
“O governo não tem garantido como o dinheiro chegará, nem cronograma, nem metas, nem nada”, afirmou Mariana Mota, coordenadora de políticas públicas do Greenpeace Brasil. “Só resta um discurso vazio de financiar a transição. O que vemos é que os planos para transição energética do governo Lula arrastam os pés, enquanto os para explorar mais petróleo correm”.
Em tempo: Barcarena, no Pará, está se tornando um novo polo de gás fóssil na região amazônica. A cidade inaugurou em fevereiro, com pompa e circunstância, um terminal de gás natural liquefeito (GNL) e está construindo uma usina termelétrica a gás que pode se tornar a maior da América Latina, com capacidade instalada de 2,6 GW. Enquanto políticos e empresários do setor elétrico esfregam as mãos, a população local e ambientalistas enxergam essa movimentação com bastante preocupação. Para eles, a chegada do gás fóssil deve intensificar problemas hídricos, sociais e de poluição de uma cidade já repleta deles. A Agência Pública abordou essa situação.
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ClimaInfo, 19 de julho de 2024.
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