Europa estuda novo gasoduto para importar gás fóssil do Azerbaijão, anfitrião da COP29

6 de agosto de 2024
Europa gasoduto importar gás fóssil Azerbaijão
cri.org

Dependente de gás fóssil para a eletricidade, a União Europeia busca viabilizar fornecedores alternativos à Rússia, alvo de sanções por causa da guerra na Ucrânia. 

A guerra entre Rússia e Ucrânia segue causando dores de cabeça para a União Europeia. Noves fora as tensões geopolíticas e militares, o conflito colocou a economia europeia em um dilema energético: como superar a dependência de combustíveis fósseis, especialmente gás fóssil, exportados pela Rússia a preços camaradas por décadas a fio? 

Por um lado, o fechamento dos gasodutos com a Rússia permitiu que os europeus intensificassem seus esforços para acelerar a adoção de fontes renováveis de energia. Mas esse esforço nem fez sombra à principal “solução” buscada pelos governos da Europa para resolver a crise: encontrar outros fornecedores fósseis.

Quis o destino que um desses fornecedores alternativos virasse anfitrião da Conferência da ONU sobre o Clima deste ano, a COP29 – o Azerbaijão. Uma das propostas em discussão, de acordo com a Bloomberg, é a construção de um novo gasoduto para transportar o gás fóssil dos campos azeris, atravessando a Ucrânia. Isso permitiria que o combustível chegasse aos consumidores europeus a um custo mais baixo.

Desde 2022, Azerbaijão e UE discutem maneiras para ampliar o fornecimento de gás fóssil. Naquele ano, logo após a invasão russa da Ucrânia, os azeris se comprometeram a dobrar suas exportações de gás para a Europa, com o objetivo de chegar a 20 bilhões de metros cúbicos até 2027. De acordo com o governo de Baku, as vendas para o mercado europeu neste ano devem chegar a 13 bilhões de metros cúbicos.

A construção do gasoduto é polêmica, não apenas pela questão mais imediata – a guerra que ainda castiga a Ucrânia – mas também por considerações econômicas e ambientais. O governo azeri entende que pode ampliar o fornecimento de gás à Europa, mas exige investimentos de longo prazo. Os europeus, por sua vez, ainda estão reticentes a gastar muito dinheiro em uma infraestrutura que pode ficar “inútil” no contexto da transição energética. O Financial Times destacou a frustração de Baku com esse impasse.

A ironia não escapou à atenção da Bloomberg. A União Europeia costuma se colocar como um dos principais champions da ação climática global e deve se posicionar da mesma forma na COP29 de Baku. Ao mesmo tempo, no entanto, os governos europeus seguem sedentos pelos combustíveis fósseis vendidos pelo mesmo Azerbaijão que sediará a conferência climática em novembro.

É aquele velho ditado cínico: “faça o que eu digo, não o que eu faço”.

Em tempo: O NY Times visitou o Azerbaijão para mostrar como o país está se preparando para receber a COP29. Há um quê de “novidade” em toda essa preparação e até mesmo o governo azeri reconhece que a agenda climática é uma novidade para o debate político local. “Não somos famosos como desenvolvedores de ideias de transição verde. Então, sim, para nós é algo novo”, afirmou o ministro Mukhtar Babayev, futuro presidente da COP29.

 

 

__________

ClimaInfo, 6 de agosto de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar