
Segundo os anfitriões da próxima Conferência do Clima, a ideia é garantir maior participação dos países insulares em desenvolvimento nas negociações de novembro em Baku.
O governo do Azerbaijão, que receberá a COP29 em novembro, anunciou nesta semana que financiará a participação de representantes de pequenos países insulares em desenvolvimento nas negociações climáticas deste ano. A medida visa a garantir a maior participação possível dessas nações, que figuram entre as mais vulneráveis aos efeitos das mudanças do clima.
De acordo com as autoridades azeris, a ajuda cobrirá a participação de até quatro representantes de cada país, incluindo gastos com passagens aéreas, acomodação e ajuda de custo diário. A oferta é um acréscimo ao suporte fornecido pelo Fundo Fiduciário para Participação (TFP) do Secretariado da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC). A Reuters deu mais informações.
A medida acontece em um contexto de muitas críticas de negociadores e ativistas climáticos sobre os altos custos de estadia em Baku para a COP29. Esse é um ponto que se tornou bastante crítico nos últimos anos, desde a COP26 de Glasgow, em 2021, quando o preço médio de hospedagem “explodiu” e inviabilizou a participação de muitos representantes nacionais e da sociedade civil.
Os países insulares são especialmente vulneráveis às mudanças climáticas, pois podem sumir literalmente do mapa com a elevação dos níveis dos oceanos. A oferta chama a atenção por vir de um petroestado, e que, de quebra, tem feito pouco pelo combate à crise climática: uma análise do Climate Action Tracker (CAT) avaliou negativamente os compromissos climáticos recentes do Azerbaijão, revisados no final de 2023 e “criticamente insuficiente” em face aos objetivos do Acordo de Paris.
A NDC azeri remove completamente sua meta de redução de emissões para 2030 e sinaliza a pretensão do país em ampliar a produção de combustíveis fósseis nos próximos anos. A expectativa é de que as emissões do Azerbaijão aumentem em cerca de 20% até 2030, na contramão do que a Ciência defende para conter o aquecimento global em 1,5ºC neste século. A notícia é do Financial Times.
Ao mesmo tempo, outra análise divulgada nesta semana pela Oil Change International mostrou que o Azerbaijão e seus parceiros da chamada “Troika das Presidências da COP”, o Brasil e os Emirados Árabes, pretendem aumentar a extração de petróleo e gás em 33% até 2035. A Troika se coloca como um esforço de articulação política dos anfitriões das COPs 28, 29 e 30 para aumentar a ambição dos compromissos climáticos nacionais.
“Expandir a produção de combustíveis fósseis é fundamentalmente incompatível com a ambição de submeter NDCs alinhadas ao 1,5ºC”, criticou Romain Ioualalen, gerente de política global da Oil Change International.
A Business Green repercutiu essa informação.
ClimaInfo, 27 setembro de 2024.
Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.