Transição energética: Reino Unido fecha sua última usina térmica a carvão

30 de setembro de 2024
Reino Unido fim do carvão
Wikimedia Commons

Depois de mais de 140 anos, o carvão deixará de ser utilizado para geração de energia elétrica no Reino Unido.

Um dos símbolos da Revolução Industrial do século XIX, o carvão finalmente ficará limitado aos livros de história no Reino Unido. Depois de mais de 142 anos, os britânicos celebraram o fechamento de sua última usina termelétrica a carvão nesta 2a feira (30/9). O combustível, que já foi crucial para a economia britânica, não será mais consumido para geração de energia elétrica.

O fechamento é resultado de quase uma década de medidas para descarbonizar a matriz elétrica do Reino Unido. Em 2015, quando as primeiras ações foram tomadas, as térmicas a carvão representavam quase 1/3 da eletricidade produzida no país. Em 2021, durante a COP26 de Glasgow, na Escócia, o governo britânico se comprometeu a abandonar definitivamente o carvão a partir de 2025.

Nesse ínterim, o Reino Unido conseguiu reduzir significativamente a representatividade do carvão em sua matriz elétrica, com recordes sucessivos de dias em que toda a demanda energética foi atendida por fontes renováveis, sem o uso do carvão. No ano passado, o combustível era responsável por apenas 1% da eletricidade britânica.

Coube à usina de Ratcliffe-on-Soar, em Nottinghamshire, a honraria de ser a última planta a carvão a ser fechada no Reino Unido, depois de quase 60 anos de operação. Os 170 funcionários, remanescentes dos quase 3 mil que trabalharam na usina em seu auge nos anos 1980, assistiram ao desligamento da última unidade geradora.

Com o fechamento da usina em Nottinghamshire, o Reino Unido se tornou o primeiro país do G7 a abandonar definitivamente o carvão. Mas o feito é ainda mais importante pelo simbolismo: por muito tempo, a indústria do carvão foi a mola da economia britânica, a ponto de representar 80% da energia elétrica gerada no país nos anos 1980.

Não à toa, como o Guardian lembrou, as usinas britânicas foram as primeiras grandes emissoras de gases de efeito estufa, com uma pegada de carbono acumulada que bate a de países inteiros. Desde a abertura de sua primeira usina a carvão, em 1882, até o fechamento de Ratcliffe, as usinas a carvão do Reino Unido queimaram 4,6 bilhões de toneladas de carvão e 1,4 bilhão de toneladas de dióxido de carbono, mais do que a maioria dos países já produziu a partir de todas as fontes de combustíveis fósseis.

O feito foi celebrado por ativistas climáticos, que lembraram que o Reino Unido ainda tem um caminho acidentado pela frente em seu objetivo de descarbonizar totalmente sua matriz energética. “A prioridade agora é se afastar do gás fóssil, desenvolvendo o mais rápido possível o enorme potencial de energia renovável nacional do Reino Unido”, destacou Tony Bosworth, da Friends of the Earth, ao Guardian.

Associated Press, BBC, CNN, Economist, France24, Independent, NY Times, Reuters e Washington Post, entre outros, repercutiram a notícia.

 

ClimaInfo, 1º de outubro de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar