
Como já se sabia, o aumento da geração de eletricidade por termelétricas a gás fóssil, resultado de um planejamento duvidoso da operação do sistema elétrico brasileiro, está doendo no bolso do consumidor, além de gerar mais gases de efeito estufa. É o que mostra o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), divulgado na 5ª feira (24/10) pelo IBGE, que ficou em 0,54%. A alta surpreendeu o mercado e foi causada principalmente pela energia elétrica.
Com a vigência da bandeira tarifária vermelha, determinada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para cobrir o custo com as usinas a gás fóssil, o preço da eletricidade subiu 5,29% em outubro e respondeu por quase 40% da alta do IPCA-15 no mês, explica o Valor. O item exerceu a maior influência no índice, com impacto de 0,21 ponto percentual.
O resultado do mês representa uma forte aceleração, de 0,41 ponto percentual, em relação a setembro, quando o IPCA-15 teve alta de 0,13%. Já em outubro de 2023, a taxa foi de 0,21%, lembra o g1. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula uma alta de 4,47%, ante 4,12% observados até setembro. No ano, acumula um avanço de 3,71%.
A prévia da inflação veio acima das expectativas do mercado financeiro. Mesmo considerando o impacto da eletricidade com a bandeira vermelha, analistas previam uma alta de 0,50% para este mês e um acumulado de 4,43% em 12 meses.
O acionamento das termelétricas a gás fóssil foi autorizado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) como uma medida preventiva, devido à baixa dos reservatórios das hidrelétricas, afetados pela seca severa que atingiu boa parte do país. Além disso, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reduziu o despacho de energia eólica e solar produzida no Nordeste desde agosto de 2023, após um apagão, supostamente por segurança do abastecimento elétrico.
As duas medidas foram criticadas por especialistas. Em resumo: deixamos de consumir uma energia renovável e mais barata para pagar mais por uma eletricidade suja.
O Globo, Terra, InfoMoney, GZH, Agência Brasil, Estadão, Metrópoles, Money Times, Veja, Exame e Poder 360 também repercutiram o IPCA-15 de outubro.