Brasil detém 25% das áreas florestais do planeta com potencial de restauração natural

estudo áreas reflorestáveis
Nature ISSN 1476-4687

Área maior que o México poderia ser reflorestada naturalmente, sem o custo do plantio manual; Brasil, Indonésia, China, México e Colômbia representam 52% desse potencial.

Desfazer o estrago do desmatamento, além de urgente, é uma tarefa desafiadora. No entanto, se há situações em que é necessário um investimento planejado – e alto – na recuperação de áreas devastadas, em outras é possível estancar a agressão e deixar que a vegetação se recupere por si só.

Um estudo feito por cientistas de Brasil, Austrália e Estados Unidos e publicado na Nature mostra que 215 milhões de hectares em todo o mundo – uma área maior do que todo o território do México – possui potencial para regeneração natural de florestas. Segundo os pesquisadores, é um potencial de sequestro de carbono acima do solo de 23,4 gigatoneladas (variando entre 21,1 e 25,7 Gt) ao longo de 30 anos.

Cinco países – Brasil, Indonésia, China, México e Colômbia – representam 52% desse potencial, destaca o estudo. No Brasil, a área de florestas que rebrotariam sem necessidade de manipulação humana direta é de 55 milhões de hectares, similar ao território da Bahia e pouco mais de 25% do total, informam O Globo e Veja.

Brooke Williams e Robin Chazdon, duas autoras da pesquisa, explicam no The Conversation que a regeneração natural de áreas desmatadas exige certas condições ambientais para funcionar. E as florestas tropicais levam vantagem.

“As regiões tropicais florestadas são especialmente importantes. Sua biodiversidade é incomparável, e elas fornecem amplos serviços econômicos, culturais e recreativos para a população. Além disso, as florestas tropicais crescem muito mais rápido que outras, e muitas dessas grandes áreas já foram desmatadas e degradadas”, detalham as pesquisadoras.

As terras com potencial para regeneração natural são aquelas onde o solo não foi muito degradado por atividade agropecuária nem ocupação urbana e que estão ainda relativamente perto de fragmentos florestais saudáveis, de onde vem a semeadura espontânea. Contudo, isso não significa que esses projetos não tenham um custo, pois essas áreas precisariam ser vigiadas contra a degradação futura, sobretudo aquelas fora de parques e reservas.

De todo modo, os cientistas afirmam que o investimento necessário para recompor essas áreas têm um custo-benefício muito maior do que o replantio em áreas isoladas e com solo degradado. “O custo da regeneração natural pode variar entre US$ 12 e US$ 3.880 por hectare. Em comparação, os métodos de regeneração ativa nos trópicos podem custar entre US$ 105 e US$ 25.830 por hectare”, informam Brooke e Robin.

Em tempo: Enquanto espera a regeneração, seja natural ou manual, a Amazônia continua sofrendo com incêndios, que espalham fumaça pela região. Pelo segundo dia consecutivo, Manaus foi tomada por uma densa fumaça na manhã de 2ª feira (4/11), informam g1, Band, AC24horas, Em tempo e Portal do Holanda. De acordo com o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (SELVA), a qualidade do ar era considerada “muito ruim” em alguns bairros da cidade. No início da manhã, a área mais afetada é o bairro Aparecida, na Zona Sul, que registrou os níveis de poluição em 87,8 micrômetros por metro cúbico (µg/m³). Para ser considerado de boa qualidade, o ar precisa medir entre 0 e 25 μm/m³.

 

ClimaInfo, 5 de novembro de 2024.

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