Pantanal perdeu mais de 60% de suas áreas alagadas em 35 anos

Com os períodos de cheias cada vez menores e secas cada vez prolongadas, o cenário favorece significativamente a ocorrência de incêndios mais intensos no bioma.
12 de novembro de 2024
Dia do Pantanal áreas alagadas
Mayke Toscano/Governo do MT

O Dia do Pantanal foi celebrado ontem (12/11) sem boas notícias. Além dos incêndios que devastaram o bioma nos últimos meses, um levantamento do MapBiomas mostra que o futuro da maior planície alagável do planeta é bastante preocupante. E a razão são as mudanças climáticas, causadas principalmente pela queima de combustíveis fósseis.

Em um período de 38 anos, de 1985 a 2023, a área alagada do Pantanal diminuiu 61%. Nas últimas três décadas o bioma tem passado por alagamentos cada vez menores e ficando seco por um período maior no ano, destaca a organização. Um ambiente perfeito para a disseminação de incêndios.

Com 3,3 milhões de hectares de área alagada, o ano passado foi 38% mais árido que 2018, quando ocorreu a última grande cheia no Pantanal. Naquela época, a água cobria 5,4 milhões de hectares. Que, por sua vez, era uma área alagada já 22% menor que a de 1988, detalha O Globo.

Com os períodos de cheias cada vez menores e secas mais prolongadas, o cenário favorece significativamente a ocorrência de incêndios mais intensos, destaca a CNN. Entre 1985 e 1990, a extensão em fogo no Pantanal correspondia a áreas naturais em processo de conversão e consolidação de pastagem. Após a cheia de 2018, a recorrência de incêndios aumentou no entorno do Rio Paraguai.

De 2019 a 2023, o fogo atingiu locais que no início da série de mapeamento, de 1985 a 1990, eram permanentemente alagados e agora enfrentam períodos prolongados de estiagem. Ao todo, foram 5,8 milhões de hectares queimados no bioma no período. E a região mais atingida foi justamente a das áreas que antes eram alagadas no entorno do Rio Paraguai.

“O Pantanal já experimentou períodos secos prolongados, como nas décadas de 1960 a 1970. Mas atualmente uma outra realidade, de uso agropecuário intensivo e de substituição de vegetação natural por áreas de pastagem e agricultura, principalmente no planalto da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai, altera a dinâmica da água”, explicou Eduardo Rosa, coordenador de mapeamento do bioma Pantanal no MapBiomas.

Formada por serras, chapadas e depressões, a bacia do Rio Paraguai integra os biomas do Cerrado e da Amazônia e desempenha um papel fundamental no regime de águas da planície pantaneira. Os pesquisadores destacam que, se em 1985 o uso de terras da bacia pelo homem correspondia a 22%, no ano passado, chegou a 42%.

Carta Capital, Jornal de Brasília, Poder 360, SBT, g1 e Metrópoles também noticiaram o estudo do MapBiomas sobre o Pantanal.

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