Biden vê efeitos da seca na Amazônia e promete recursos que podem não chegar

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U.S. Embassy and Consulates in Brazil

Apesar do anúncio, liberação dos recursos depende de aprovação do Congresso estadunidense; em alusão a Trump, Biden diz que ninguém reverterá “revolução” de energia limpa.

Na primeira visita de um presidente dos Estados Unidos no exercício do cargo à Amazônia, Joe Biden pôde ver de perto o estrago que as mudanças climáticas estão causando na maior floresta tropical do planeta. O sobrevoo de Biden sobre Manaus, de cerca de meia hora, contou com as companhias do conselheiro para clima do governo dos EUA, John Podesta, e do climatologista Carlos Nobre. “Vimos toda aquela área desmatada, degradada, e regiões com incêndios que aconteceram recentemente e aqueles do ano passado, com milhares de árvores mortas”, disse o cientista brasileiro ao UOL.

O helicóptero cruzou o rio Negro e já foi possível notar, segundo Nobre, como o rio está seco, apesar öo nível das águas ter voltado a subir, após mais um ciclo de seca extrema, o segundo seguido, lembra a Folha. “Deu para ver uma área superdesmatada. Na altura do encontro com o rio Solimões, há uma área imensa degradada, e deu para ver dezenas de navios presos na área que secou”, descreve o pesquisador, que disse que Biden ficou impressionado.

Após o sobrevoo e um encontro com lideranças indígenas e pesquisadores no Museu da Amazônia (MUSA), Biden anunciou um investimento de US$ 50 milhões do governo estadunidense para o Fundo Amazônia, informa a CNN.

Jamil Chade lembra no UOL que o dinheiro anunciado para a Amazônia equivale ao envio de um dia de armas para Israel. De acordo com um levantamento da Universidade Brown, o governo dos EUA destinou US$ 17,9 bilhões em ajuda militar para Israel entre outubro de 2023, quando ocorreu o ataque terrorista do Hamas, e outubro de 2024.

No entanto, ressalta o Nexo, a liberação dos recursos depende do aval do Congresso dos EUA que, agora controlado pelos republicanos, e sob o governo de Donald Trump, pode dificultar ou mesmo não autorizar o repasse. Ou seja, o que já era muito pouco pode virar nada.

Num ato final da visita, Biden afirmou à imprensa que ninguém pode reverter a “revolução” da energia limpa no seu país, informa a Folha. Uma clara alusão a seu sucessor, que assume o cargo em janeiro e é um defensor ferrenho da expansão da exploração de combustíveis fósseis.

MetSul, Veja, g1, Agência Brasil e Estadão também noticiaram a visita de Joe Biden à Amazônia.

Em tempo: Olha isso aqui, Biden: o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre , anunciou no domingo (17/11) um investimento adicional de US$ 60 milhões no Fundo Amazônia, informa a Folha. O país é o maior parceiro do fundo de proteção da floresta e já doou mais de US$ 1,26 bilhão à iniciativa desde 2009. Em evento promovido pela Global Citizen no Rio de Janeiro, Støre disse que a Noruega retomou a parceria com o Fundo Amazônia, interrompida na gestão anterior, por considerar que o governo Lula retomou a “direção correta” em políticas ambientais.

 

 

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ClimaInfo, 19 de novembro de 2024.

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