Degelo acelerado torna tundra ártica uma fonte de emissão de gases de efeito estufa

Degelo acelerado torna tundra ártica uma fonte de emissão de gases de efeito estufa
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Relatório Ártico 2024 da NOAA revela que temperaturas anuais do ar na superfície do Ártico este ano foram as segundas mais altas registradas desde 1900.

O planeta vem “torrando” nos últimos anos, e 2024 entra para a história com o aumento anual médio da temperatura média superando os 1,5°C sobre os níveis pré-industriais estabelecidos no Acordo de Paris. Mas o Ártico se aqueceu a uma taxa quatro vezes mais rápida do que o restante do mundo. O resultado disso é que sua tundra agora está liberando muito metano e mais dióxido de carbono do que armazena.

A transição de sumidouro para fonte de carbono é uma das alterações drásticas que estão documentadas no Relatório Ártico 2024 da Administração Atmosférica e Oceânica dos Estados Unidos (NOAA). Resultado da interação entre os incêndios florestais na região – que estão se tornando mais frequentes e intensos – e o descongelamento do permafrost.

A tundra ártica atuou como um sumidouro de carbono por milhares de anos, sequestrando grandes quantidades de dióxido de carbono no solo congelado. Embora temperaturas mais quentes possam aumentar a vegetação na região, permitindo que as plantas removam mais CO₂ da atmosfera, não é suficiente para compensar o aumento das emissões causadas pelos incêndios florestais em altas latitudes, somado ao carbono liberado pelo permafrost à medida que derrete. Além disso, o descongelamento também libera metano, gás de efeito estufa 80 vezes mais potente que o CO₂ que não é removido pelas plantas, detalha a Bloomberg.

Desde 2003, as emissões de incêndios florestais circumpolares têm uma média de 207 milhões de toneladas de carbono por ano, segundo a NOAA – 2023 foi o ano com mais incêndios na região. Ao mesmo tempo, os ecossistemas terrestres do Ártico continuam sendo uma fonte constante de metano, informa o Estadão.

“A catástrofe climática que estamos vendo no Ártico já está trazendo consequências para comunidades ao redor do mundo”, disse ao Guardian Brenda Ekwurzel, cientista climática da Union of Concerned Scientists. “O prenúncio alarmante de uma fonte líquida de carbono sendo liberada mais cedo ou mais tarde não é um bom presságio. Uma vez atingidos, muitos desses limites de impactos adversos nos ecossistemas não podem ser revertidos.”

E o prognóstico não é dos melhores. O rápido aquecimento na região ártica deve continuar, à medida que mudanças no gelo marinho, nas temperaturas dos oceanos e na cobertura de neve, entre outros fatores, criam ciclos de retroalimentação que amplificam os efeitos do aquecimento global, explica a Bloomberg.

npr, NBC, New York Times e Folha também repercutiram o relatório da NOAA sobre o Ártico.

 

 

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ClimaInfo, 19 de dezembro de 2024.

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