EUA anunciam metas climáticas mais ambiciosas um mês antes da posse de Trump

EUA anunciam metas climáticas mais ambiciosas um mês antes da posse de Trump
The White House Baiden-Harris

Promessa de reduzir as emissões norte-americanas entre 61% e 66% até 2035 terá vida curta, já que Trump deve retirar país do Acordo de Paris. 

A um mês de deixar a Casa Branca, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou nesta 5ª feira (19/12) a nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do país para o Acordo de Paris. A nova meta norte-americana prevê uma redução nas emissões de gases de efeito estufa entre 61% e 66% até 2035 em relação a 2005, o que representa um aumento substancial da ambição climática do país na comparação com a NDC anterior.

Segundo a Casa Branca, a nova NDC considera o potencial de cada setor econômico para estimular a inovação, impulsionar a competitividade e reduzir as emissões. A nova meta também prevê a redução das emissões de metano em pelo menos 35% em 2025 em relação a 2005.

A nova NDC se alinha à pretensão de descarbonizar a economia norte-americana até 2050. Entretanto, a nova meta carece de um elemento crucial para sustentar sua implementação: o apoio do próximo presidente. O negacionista climático Donald Trump, que retornará à presidência do país em 20 de janeiro, já disse que pretende retirar novamente os Estados Unidos do Acordo de Paris e até mesmo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas, sinalizando um novo retrocesso das políticas climáticas norte-americanas a partir de 2025.

Em uma declaração de vídeo, Biden destacou que a nova NDC sintetiza a “agenda climática mais ousada da história” do país, lembrando as diversas medidas empreendidas pelo atual governo para recolocar a maior economia do planeta nos trilhos da ação climática. O presidente também defendeu que as transformações realizadas nos últimos quatro anos seguirão acontecendo nos EUA, a despeito da má vontade declarada de seu antecessor/sucessor.

“A indústria norte-americana continuará investindo [em tecnologias limpas e energia renovável]. Governos estaduais, locais e tribais continuarão se esforçando. E, juntos, transformaremos essa ameaça existencial em uma oportunidade única para transformar nossa nação para as gerações futuras”, disse Biden.

Especialistas ouvidos pelo Guardian apontaram que a nova NDC dos EUA não está alinhada ao limite de 1,5°C para o aquecimento global neste século, conforme definido pelo Acordo de Paris. Por exemplo, Gareth Redmond-King, da Energy & Climate Intelligence Unit, avaliou que a nova meta poderia estar alinhada ao 1,5oC se estivesse prevista para 2030, e não para cinco anos depois.

Já Paul Bledsoe, do Centro de Política Ambiental da Universidade Americana de Washington, comparou a ambição de Biden com o negacionismo de Trump e os efeitos disso nos EUA e no mundo. “O contraste entre as novas metas agressivas de Biden e as reversões de Trump não poderia ser mais gritante”, disse.

AFP, Bloomberg, CBS News, Financial Times, NY Times, Reuters e Washington Post, entre outros, repercutiram a notícia.

 

 

__________

ClimaInfo, 20 de dezembro de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.