Human Rights Watch cobra compromisso ambiental e liderança do Brasil na COP30

presidência COP30
PR/Ricardo Stuckert

Para organização de Direitos Humanos, Brasil precisa se comprometer com a proteção ambiental e o fim dos combustíveis fósseis na conferência que acontece em novembro.

Anfitrião da próxima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP30, o Brasil precisa se colocar como uma liderança internacional efetiva em prol da transição energética e da proteção das florestas. Essa cobrança foi feita pela organização Human Rights Watch (HRW) nesta 5ª feira (16/1), com a divulgação de um novo relatório sobre a situação dos Direitos Humanos ao redor do mundo.

Segundo a entidade, o governo brasileiro obteve avanços recentes na questão climática, como a redução do desmatamento na Amazônia. No entanto, a insistência das autoridades do país com novos projetos de exploração de combustíveis fósseis causa preocupação, pois está na contramão do abandono da energia suja, defendido pela ciência climática como único caminho para evitar um aquecimento acima de 1,5oC neste século.

“O presidente Lula disse que quer fazer do Brasil um ‘gigante da sustentabilidade’. No entanto, seu governo também pretende investir cerca de R$ 288 bilhões em combustíveis fósseis até 2026, incluindo planos de nova exploração de petróleo e gás na foz do rio Amazonas. Essa produção contribuiria para as emissões de gases de efeito estufa, independentemente dos combustíveis fósseis serem queimados no Brasil ou no exterior”, destacou a HRW em nota.

A entidade também externou sua preocupação com a situação dos Povos Indígenas brasileiros, que enfrentaram diversos desafios no último ano, especialmente a aprovação no Congresso Nacional do marco temporal, que restringe a demarcação de novas terras. “O desmatamento e o garimpo ilegal, a grilagem e a violência associada continuam ameaçando a vida e a subsistência dos Povos Indígenas e de outras comunidades dependentes da floresta”, pontuou.

Para a HRW, cabe ao Brasil liderar pelo exemplo e mobilizar os demais países por mais ambição climática na COP30, especialmente pelo contexto externo de recrudescimento da extrema-direita. “A eleição de Donald Trump nos EUA torna ainda mais urgente que o Brasil assuma um papel de liderança contra as mudanças climáticas e na defesa dos Direitos Humanos em todo o mundo”, assinalou.

CNN Brasil, Folha, g1 e O Globo, entre outros, repercutiram as cobranças da HRW.

Em tempo: Em entrevista ao Valor, a secretária nacional de Mudanças Climáticas, Ana Toni, comentou sobre as expectativas em torno da COP30 no Brasil. Para ela, o resultado das negociações em Belém (PA) precisa se basear em ações, não em promessas. “Esta será a primeira COP em que ultrapassamos o limite de aquecimento de 1,5oC. Este não é mais um tema do futuro, é algo que já está conosco”, comentou. “É preciso sair da promessa e ir para a prática.”

 

ClimaInfo, 17 de janeiro de 2025.

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