Hospedagem e infraestrutura seguem como gargalos, mas ONU reconhece avanços de Belém para a COP30

COP30 hospedagem
Roni Moreira/Ag. Pará

Missão da ONU analisou obras para a COP30 em Belém; preços abusivos de hospedagens e falta de leitos ainda preocupam, mas governo promete novas ações.

Terminou na última 6ª feira (24/1) a primeira visita técnica da ONU neste ano para acompanhar a preparação de Belém para sediar a COP30. O grupo de especialistas visitou futuras instalações da Conferências e as obras de infraestrutura espalhadas pela cidade, além de analisar os planos e ações dos governos federal e estadual para ampliar a rede hoteleira da capital paraense.

De acordo com Noura Hamladji, houve muitos avanços desde a primeira passagem dos técnicos por Belém, em outubro de 2023. Ela é secretária-executiva adjunta da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). “Temos visto muito trabalho que foi feito, muito progresso e ficamos muito impressionados de forma positiva”, afirmou.

A representante da ONU também reforçou que o foco da visita foi de apoiar as equipes que trabalham no preparativo da COP30. “O mais importante é mesmo partilhar a experiência. Temos especialistas que trabalham, fazem COPs há anos, e podem compartilhar conselhos preciosos sobre esse ponto, porque o nosso objetivo comum é tornar a COP uma conferência de sucesso”, disse Hamladji.

Mesmo com os avanços, dois problemas seguem preocupando os futuros participantes da COP30: a infraestrutura de Belém, especialmente de transporte público e segurança, e a rede hoteleira. Sobre a infraestrutura, os governos federal e paraense destacaram as obras em andamento e garantiram que tudo ficará pronto até setembro, dois meses antes do evento.

Já sobre a hospedagem, a expectativa do poder público é de que os altos preços cobrados atualmente caiam com a entrega de novos leitos. “Nós temos já quase R$ 200 milhões cedidos para a rede hoteleira de toda a região, temos novos hotéis que estão sendo construídos em áreas que foram concedidas pelo governo federal e pelo governo estadual”, argumentou Valter Correia, secretário extraordinário federal para a COP30.

A vice-governadora do Pará, Hana Ghassan, destacou que Belém terá 50 mil leitos disponíveis para serem utilizados em um único dia, quase o dobro dos 28 mil quartos utilizados pelos participantes da COP29 em Baku em seu dia mais movimentado.

Para ela, esse número será suficiente para contemplar todos os participantes da COP30, inclusive funcionários e prestadores de serviços. “Belém não será uma COP menor do que as COPs anteriores, será uma COP dentro do padrão das conferências e com os leitos disponíveis em diversas categorias”, disse Ghassan.

Apesar das promessas, a situação da hospedagem em Belém ainda é bastante complicada. Como a Folha abordou, a falta de regulação e organização das vagas disponíveis para o período da COP30 resultaram em um aquecimento exagerado do mercado imobiliário na cidade, com preços exorbitantes e irreais, contratos atípicos, intenções de despejo, represamento de imóveis e ofensivas de grandes empresas por apartamentos.

Questionada, a secretária-executiva da Casa Civil da Presidência da República, Miriam Belchior, disse que medidas serão adotadas para conter os preços, na linha do que foi feito em outros eventos de grande porte, como a Rio+20 em 2012 e a Copa do Mundo de 2014, e que uma plataforma online será selecionada para gerenciamento das vagas.

Agência Brasil, Jornal Nacional (TV Globo), g1, Pará Terra Boa, SBT e UOL, entre outros, repercutiram a passagem dos técnicos da ONU por Belém.

Em tempo: Ainda sobre a questão da hospedagem, o governo do Pará anunciou na semana passada o início das obras da chamada “Vila COP”, um espaço que servirá para acomodar chefes de estado, líderes internacionais e negociadores governamentais. Localizada a poucos metros da área onde será o espaço oficial de negociação (Blue Zone), a Vila COP terá 190 mil metros quadrados, divididos em 5 blocos, sendo quatro deles destinados à hospedagem e um com serviços.

 

ClimaInfo, 26 de janeiro de 2025.

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