
A conta-gotas, os países estão apresentando as novas versões de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) sob o Acordo de Paris. O Japão foi a primeira grande economia global a apresentar seus objetivos climáticos depois do prazo inicial de 10 de fevereiro – e, diferentemente do que espera o secretário-executivo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Simon Stiell, o atraso não representou uma melhora na ambição.
De acordo com a nova meta climática japonesa, o país asiático pretende reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 46% até 2030, 60% até 2035 e 73% até 2040 em relação aos níveis de 2013. Ao mesmo tempo, as novas políticas energéticas do Japão voltam a dar mais espaço para as usinas nucleares, apesar dos reflexos do desastre de Fukushima, em 2011. Segundo o governo, a fonte nuclear responderá por 20% do fornecimento de energia em 2040.
O gabinete do primeiro-ministro Shigeru Ishiba destacou os novos objetivos de mitigação, classificando-os como “muito ambiciosos”. No entanto, para ambientalistas, a nova NDC japonesa está distante de ser efetivamente ambiciosa.
“Em vez de atender aos apelos da população por uma meta de redução de 81%, o premiê Ishiba cedeu à pressão dos interesses dos combustíveis fósseis”, declarou Masayoshi Iyoda, do braço japonês da 350.org. “As novas políticas climáticas e energética colocam falsas soluções, como o gás fóssil, energia nuclear, cocombustão de amônia-carvão e captura e armazenamento de carbono no centro da ação climática do Japão sem um caminho claro para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis”.
AFP, Associated Press e Bloomberg repercutiram a nova NDC do Japão.
Em tempo: Na véspera das eleições gerais que podem dar força inédita à extrema-direita, os partidos progressistas na Alemanha tentam se equilibrar em uma corda cada vez mais bamba para impedir um atropelo nas urnas no próximo domingo (23/2). Bloomberg e Guardian destacaram a preocupação do Partido Social-Democrata e do Partido Verde, que fazem parte do atual governo do chanceler Olaf Scholz, em reforçar temas como segurança e economia em detrimento da ação climática no debate eleitoral. A estratégia é decorrente do sucesso dos partidos de direita e de extrema-direita em “colar” os temas de clima com as forças de centro-esquerda, classificando-as como impeditivo para o crescimento econômico e a segurança da Alemanha.