
E segue a boiada anti-ESG no mercado financeiro internacional. O retrocesso mais recente foi protagonizado pelo gigante HSBC, que anunciou nesta 4ª feira (19/2) que pretende empurrar de 2030 para 2050 o cumprimento de sua meta de redução das emissões líquidas de gases de efeito estufa (GEE) em suas operações internas. Para 2030, o maior banco da Europa pretende reduzir suas emissões em apenas 40%.
De acordo com o presidente-executivo do banco, Georges Elhedery, a decisão se justifica pelas “dificuldades” que fornecedores e clientes estão enfrentando para reduzir sua pegada de carbono. A instituição também afirmou que está revisando as metas referentes à redução das emissões associadas aos seus empréstimos para sete setores econômicos carbono intensivos.
“O progresso na redução de emissões no componente da cadeia de suprimentos está se mostrando mais lento do que antecipamos. (…) Como tal, revisitamos nossa ambição, levando em conta as melhores práticas recentes em compensações de carbono. Agora estamos focados em atingir o net-zero em nossas operações, viagens e cadeia de suprimentos até 2050”, destacou o HSBC em seu relatório anual.
Além da meta net-zero, o HSBC também propôs diluir as metas ambientais no novo pacote de remuneração de Elhedery, incluindo um plano de incentivo de longo prazo no valor de até 9 milhões de libras esterlinas (R$ 69 milhões), ou 600% de seu salário-base. Com isso, o chefe do banco poderá ganhar até £ 15 milhões (cerca de R$ 107 milhões) por ano, um aumento de 43% em seu salário potencial anual.
O recuo do HSBC foi bastante criticado por ambientalistas e ativistas climáticos. “O HSBC está colocando os pés para cima e assistindo ao mundo queimar”, acusou Joanna Warrington, da Fossil Free London, ao Guardian. “[O banco] ajudou a nos colocar nessa confusão ao financiar a expansão dos combustíveis fósseis, então ele não tem o direito de reclamar que agora é muito difícil reduzi-las”.
Como destacou a Bloomberg, o adiamento da meta net-zero do HSBC acontece em um contexto de retrocessos seguidos na agenda ESG entre as principais instituições financeiras do mundo, especialmente aquelas sediadas nos EUA. A volta do negacionista Donald Trump à Casa Branca precipitou um movimento de saída de várias instituições, como a BlackRock, de coalizões internacionais voltadas para o net-zero.
Business Green, Independent e Reuters também repercutiram a notícia.