Governo oficializa presidência e estrutura de cargos para a COP30

A estrutura da Presidência da COP30 contará com servidores remanejados do Itamaraty e da Casa Civil e funcionará até dezembro de 2026.
26 de março de 2025
governo presidência estrutura de cargos cop30
José Cruz/Agência Brasil

O presidente em exercício Geraldo Alckmin publicou nesta 4ª feira (26/3) o decreto que formaliza a criação da Presidência da COP30, sob o comando do embaixador André Corrêa do Lago como presidente e de Ana Toni como CEO. O decreto estabelece a estrutura governamental que será dedicada a apoiar as lideranças da COP, com o remanejamento de servidores do Ministério das Relações Exteriores e da Casa Civil da Presidência da República.

De acordo com o texto, a Presidência da COP30 funcionará até 1º de dezembro de 2026, contemplando todo o período em que Corrêa do Lago servirá como chefe das negociações climáticas da ONU, desde a COP30 em novembro no Brasil até a abertura da COP31, com local e data ainda indefinidos. A equipe da Presidência da COP contará com oito servidores federais, em caráter temporário, até o fechamento dos trabalhos.

O decreto também delimita as funções da Presidência e da Direção Executiva da COP30. Caberá ao presidente Corrêa do Lago, entre outros funções, liderar as negociações da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), mobilizar atores estatais e não estatais em prol dos objetivos da COP, e articular e promover o engajamento da sociedade brasileira e internacional no sentido de avançar na implementação dos compromissos climáticos dos países.

Já Ana Toni, na condição de CEO da COP30, apoiará o trabalho da Presidência da COP e será responsável por promover o alinhamento institucional e pela supervisão, acompanhamento e avaliação dos planos, programas e ações da Presidência da COP. A Agência Brasil deu mais detalhes.

Enquanto o governo organiza a burocracia em torno da COP, a “ofensiva diplomática” brasileira em prol da COP30 segue a todo vapor. Em Berlim (Alemanha), Corrêa do Lago participou do Diálogo Climático de Petersberg e destacou a importância dos países avançarem com a concretização dos compromissos climáticos assumidos desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015.

“Nós debatemos, discutimos e negociamos. Agora, é hora da implementação. O mundo está observando, o mundo está esperando”, disse o embaixador, citado pela CNN Brasil. O diplomata também reforçou a cooperação internacional como caminho para a ação climática. “[Queremos] conversas abertas e construtivas, guiadas pelo espírito do ‘mutirão’, tão essencial para enfrentar desafios tão complexos como a mudança do clima”.

Já em entrevista ao jornal francês Les Echos, o presidente da COP30 reconheceu as dificuldades do contexto internacional atual, especialmente com a volta do negacionismo de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos e a saída norte-americana do Acordo de Paris. No entanto, ele destacou que vem recebendo sinais de governos estaduais e empresas do país que seguem engajadas no enfrentamento às mudanças climáticas, independentemente da posição da Casa Branca.

“As COPs sempre acontecem em contexto internacionais difíceis, mas é verdade que esta é particularmente complexa. Dois atores extremamente importantes nas negociações climáticas, EUA e Europa, estão reavaliando suas prioridades. Tudo o que podemos fazer é tentar convencer o maior número possível de pessoas de que a crise climática não será interrompida por causa de outras crises”, afirmou Corrêa do Lago. A RFI repercutiu a entrevista.

Além de avançar na implementação, outro foco da COP30 é trazer a discussão sobre clima para os círculos ligados à economia e ao desenvolvimento social. Na CNN Brasil, Américo Martins conversou com Corrêa do Lago, Ana Toni e o secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, que destacaram a importância de ampliar esse debate para viabilizar medidas mais concretas e efetivas.

“O tema de mudança do clima, para além de ser um tema ambiental muito importante, também é um tema de desenvolvimento social e econômico. E para a gente avançar nas COPs, a gente tem que ter um forte debate econômico e de desenvolvimento. Aí sim, liderados também pelos ministros de economia e finanças, para mostrar como é que a mudança climática entra nos planos de desenvolvimento dos países”, explicou a CEO da COP30.

  • Em tempo: Os impasses domésticos em torno da exploração de petróleo na foz do rio Amazonas começam a respingar na imagem internacional do Brasil. A Deutsche Welle comentou sobre a apreensão de ambientalistas e especialistas sobre os efeitos da possível produção de combustíveis fósseis no litoral amazônico sobre a imagem do Brasil como líder climático para a COP30. “O mundo deu ao Brasil um mandato para liderar o debate climático em 2025. Dobrar a aposta na expansão do petróleo é uma traição a esse mandato”, comentou Claudio Angelo, coordenador de política internacional do Observatório do Clima.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar