Concessão para reflorestamento da Amazônia estreia com baixa demanda

Sem concorrência, a Systemica, empresa especializada em créditos de carbono, venceu o 1º leilão para reflorestamento em área degradada na região do Xingu, no Pará.
31 de março de 2025
reflorestamento da amazônia
Cauê Diniz/B3

O primeiro leilão de concessão privada de florestas desmatadas no Brasil foi realizado na última 6ª feira na B3, em São Paulo. A chamada, no entanto, não atraiu muitos interessados: apenas uma empresa apresentou proposta e acabou arrematando a Unidade de Recuperação Triunfo do Xingu, em Altamira (PA). A Systemica, que tem o banco BTG Pactual entre seus sócios, ficará responsável por restaurar a área de cerca de 10 mil hectares pelos próximos 40 anos.

De acordo com o governo do Pará, essa área permite a captura de 3,7 milhões de toneladas de carbono. A expectativa é de que a nova concessionária mobilize R$ 258 milhões em investimentos, com a perspectiva de comercializar 350 mil créditos de carbono e gerar receita de quase R$ 870 milhões.

O Capital Reset ouviu fontes de empresas potencialmente interessadas que explicaram os motivos para a falta de proposta. Entre os obstáculos, estão os desafios logísticos e as especificidades da área. “Não foi atrativo. O desenvolvedor precisa conseguir financiamento e entrar com a expertise, além de lidar com o alto custo burocrático e ter o compromisso com o Estado de um negócio ainda muito novo”, explicou um executivo anônimo.

Já os representantes da Systemica reafirmaram seu interesse na iniciativa e no modelo de negócios formatado pelo governo do Pará. “É um projeto desafiador, mas se bem implementado tem grandes oportunidades. Não existe projeto de carbono sem desenvolvimento social. Vamos utilizar mão de obra e fornecedores locais e gerar mais de dois mil empregos”, afirmou Tiago Ricci, sócio-diretor e fundador da Systemica, citado por O Globo.

Apesar da falta de interesse das empresas no primeiro leilão, o governo paraense planeja conceder outros dois territórios na Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, em um total de mais de 30 mil hectares, ainda este ano.

CNN Brasil, Estadão, Folha, g1 e Um Só Planeta, entre outros, também repercutiram a notícia.

  • Em tempo: A Petrobras e o BNDES lançaram nesta 2ª feira (31/3) um programa para revitalizar até 50 mil hectares de áreas degradadas na Amazônia para a geração de créditos de carbono. O ProFloresta+ pretende gerar até 15 milhões de créditos, com a Petrobras garantindo a demanda pelos papéis e o BNDES ficando responsável pelo financiamento. Segundo a Folha, o modelo é inspirado nos contratos do setor elétrico: a Petrobras fará leilões de compra de créditos de carbono e comprará dos proponentes que oferecerem o menor preço. Com os contratos de venda garantidos, os investidores têm mais chance de conseguir financiamento.

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