Presidente da COP30 anuncia parceria climática com Michael Bloomberg

Acordo busca mobilizar financiamento, acelerar transição energética e garantir protagonismo de líderes locais nas metas globais até 2030.
4 de maio de 2025
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Gage Skidmore

Em mais um esforço para angariar apoio à COP30, o presidente-designado da Conferência, embaixador André Corrêa do Lago, anunciou uma nova parceria com a Bloomberg Philanthropies, do magnata norte-americano Michael Bloomberg. A iniciativa pretende fazer da COP30 em Belém (PA) “um momento crucial para o lançamento de uma nova era de crescimento econômico impulsionado pela inovação em energia limpa e pelo investimento em soluções de baixo carbono e de resiliência climática”.

Como destacaram Folha e Um Só Planeta, a Presidência da COP30 e a fundação do ex-prefeito de Nova York trabalharão juntas para garantir que as novas metas climáticas (NDCs) apresentadas pelos países capacitem e impulsionem os líderes locais; sejam apoiadas com financiamento e capital; ajudem a atingir a meta global de triplicar a capacidade de energia renovável; e interrompam e revertam o desmatamento até 2030.

A aliança também vai atuar para cumprir a meta da COP29, realizada em 2024 em Baku, no Azerbaijão, de mobilizar pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 para ajudar as nações em desenvolvimento a enfrentarem os impactos das mudanças climáticas. E apoiará os três principais objetivos do presidente designado da conferência: fortalecer o multilateralismo; conectar as negociações sobre o clima à realidade das empresas e das pessoas; e promover mudanças estruturais para acelerar a implementação do Acordo de Paris.

A Bloomberg Philanthropies vem intensificando sua atuação no âmbito da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) como uma resposta à saída dos Estados Unidos da governança climática global. Em janeiro, a entidade anunciou que assumiria os compromissos financeiros deixados pelo governo dos EUA junto ao secretariado da UNFCCC. Bloomberg também é enviado especial da ONU para Ambição e Soluções Climáticas.

Por falar nos EUA, Corrêa do Lago confirmou em entrevista à Bloomberg que os movimentos do segundo maior emissor de gases de efeito estufa do planeta criam uma “batalha difícil” para firmar novos acordos e acelerar as ações necessárias para a agenda climática – batalha que pode ser agravada pelo tarifaço que o “senhor laranja” lançou em abril, como assinalou O Globo.

Ainda sobre os desafios da COP, o g1 elencou alguns dos nós que a conferência precisará ajudar a desatar neste ano, como o financiamento internacional, as metas climáticas dos países e a eliminação dos combustíveis fósseis. O presidente Lula já disse diversas vezes que o planeta está “farto” de promessas não cumpridas e que a COP30 precisa marcar uma posição dos países no sentido de implementar os acordos já firmados anteriormente. Mas, de forma contraditória, Lula também defende a exploração de petróleo e gás fóssil na foz do Amazonas.

É nesse cenário que o Brasil tenta protagonizar a agenda do clima, destacou o Valor. Como anfitrião da COP30, cabe ao país comandar o esforço por NDCs que dialoguem com a dura realidade de um mundo que está atrasado na corrida contra a crise climática. Por isso, o governo brasileiro e a presidência da COP30 fazem um esforço conjunto para pautar o tema em todos os fóruns internacionais possíveis, como as reuniões do G20 e dos BRICS.

O International Climate Politics Hub, rede global para acelerar a ação climática na esfera diplomática, analisou as 19 novas NDCs apresentadas até o momento. E aponta que os compromissos estão aquém das ações necessárias para atingir as metas climáticas globais.

Apenas cinco membros do G20 apresentaram metas climáticas para 2035 até agora – Brasil, Canadá, Japão, Reino Unido e EUA. A análise chama a atenção para a ambiguidade contida nas quatro NDCs que trouxeram metas “em banda”, caso do Brasil (59-67%); Nova Zelândia (51-55%), Canadá (45-50%) e EUA (61-66%). As metas deste último foram apresentadas pelo governo Biden, e embora teoricamente válidas, não devem ser efetivas na gestão Trump.

“É possível ver que houve uma melhora qualitativa, mas a quantitativa, com metas mais fortes, ainda não aconteceu. O nível de ambição definido pela União Europeia e pela China, que ainda não apresentaram suas NDCs, será decisivo neste contexto”, explicou Fernanda Carvalho, líder de políticas de clima e energia do WWF Internacional.

  • Em tempo 1: A presidência da COP30 anunciou a data e o local do encontro técnico preparatório para a conferência. A “Pré-COP”, que reunirá ministros e negociadores em busca de consensos sobre temas-chave que vão compor a agenda oficial da cúpula, acontecerá em Brasília nos dias 13 e 14 de outubro, informaram ((o))eco e Um Só Planeta. São esperadas até 800 pessoas, incluindo delegações internacionais e organizações observadoras. Observadores e membros da UNFCCC também são convidados.

  • Em tempo 2: Uma coalizão de mais de 100 organizações da sociedade civil elaborou uma carta com recomendações para o Brasil organizar a logística e a estrutura da COP30. Um dos principais pedidos é o de que a cúpula acolha e respeite protestos, após três conferências consecutivas em países autoritários; COP27 (Egito), 28 (Emirados Árabes Unidos) e 29 (Azerbaijão). O documento pretende influenciar a formulação do chamado Acordo de Sede ou Acordo do País Anfitrião (HCA, sigla em Inglês para “Host Country Agreement”), no qual a organização de cada edição registra diretrizes sobre logística e estrutura, explicou a Folha.

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