Mesmo com apoio de Trump, indústria de petróleo dos EUA rateia

Três meses após início do governo, preço do petróleo dos EUA cai abaixo do limite de lucratividade da perfuração e setor está em dificuldade.
14 de maio de 2025
eua petróleo
Strange Happenings/Unsplash

“Se eu não for presidente, vocês estão ferrados”, teria dito Donald Trump a diversos executivos do setor petrolífero reunidos em Mar-a-Lago após sua reeleição. Passados três meses desde seu retorno à Casa Branca, a indústria fóssil tem poucos motivos para celebrar; a despeito do desmonte das políticas climáticas do governo de Joe Biden, a guerra tarifária de Trump com a China provocou uma queda no preço internacional do petróleo que começa a preocupar o setor.

Como destacou a Economist, durante a campanha eleitoral Trump tentou se posicionar como a única esperança da indústria petrolífera dos Estados Unidos contra os supostamente anticarbono democratas – ignorando que a produção doméstica de petróleo aumentou consideravelmente durante o governo Biden. O “Drill, baby drill” segue sendo o lema da Casa Branca trumpista, mas por ora as empresas ainda não sentem os benefícios do desmonte das políticas climáticas norte-americanas.

Perfuradores, empresas de fracking e fornecedores de equipamentos dos EUA, incluindo a Liberty Energy, empresa fundada pelo por seu secretário de energia, Chris Wright, estão passando sufoco. O valor de mercado da Liberty caiu quase pela metade nesse período de tempo, relatou o Washington Post, em matéria traduzida pelo Estadão.

A guerra tarifária declarada por Trump contra a China e todo o resto do mundo também derrubou a demanda por combustíveis fósseis, e por consequência os preços dessa commodity. O valor do barril do West Texas Intermediate (WTI), petróleo dos EUA que é referência de preço no mercado, despencou de US$ 80 para US$ 60. Uma cifra abaixo do limite de lucratividade da perfuração no país, de cerca de US$ 65 por barril. Resultado: o setor está em dificuldades.

Embora gigantes do setor, como Exxon Mobil e Chevron, sejam mais resilientes aos baixos preços do petróleo, produtores independentes menores já sentem o impacto. Isso é evidenciado pelos cortes de gastos combinados de US$ 1,8 bilhão anunciados por essas empresas nas últimas semanas, segundo o Big News Network.

Há ainda outro fator: a OPEP, cartel que reúne os maiores produtores mundiais do combustível fóssil. O grupo, liderado pela Arábia Saudita, onde Trump esteve nesta semana, aumentou sua produção, reduzindo o valor do barril. A dinâmica é mais um exemplo de como forças externas, incluindo o papel de comando dos sauditas nos mercados mundiais de petróleo, continuam a complicar os frequentes apelos de Trump por uma nova “era de ouro”, como destacou o POLITICO.

Enquanto a indústria fóssil faz as contas, o governo Trump está começando a mirar o cenário internacional em sua sanha de desmonte das políticas climáticas. A Casa Branca cancelou parcerias de transição energética com a África do Sul, Indonésia e Vietnã e está tentando interromper o apoio dos EUA ao Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e aos Fundos Multilaterais de Investimento Climático.

Ao mesmo tempo, ordenou que o Banco de Exportação e Importação dos EUA (EXIM) comece a apoiar projetos de energia a carvão no exterior e está pressionando o Banco Mundial para financiar mais combustíveis fósseis. O site  Climate Home deu mais detalhes.

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