
O governo brasileiro desembarcou nesta 2a feira (19/5) no Panamá para a Semana Global do Clima, principal evento preparatório da COP30 na América Latina. A comitiva liderada pela CEO da Conferência, Ana Toni, terá como principal objetivo promover o “mutirão global“, iniciativa da presidência da COP para conectar as negociações com os atores da sociedade civil e da iniciativa privada. O Globo deu mais detalhes.
Além da agenda de engajamento social, os representantes brasileiros pretendem avançar em três eixos críticos nas conversas no Panamá: mitigação de emissões, transição justa para economia de baixo carbono e adaptação climática.
“A transição energética pode ser a grande oportunidade de desenvolvimento da América Latina”, observou Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa, sobre as prioridades do evento no Política por Inteiro. “Hoje, 65% da eletricidade do continente é gerada por fontes renováveis. (…) O calendário de 2025 nos favorece para colocar o protagonismo regional no centro das decisões políticas, por isso essa articulação faz parte de um processo maior que deve ganhar corpo até a COP30”.
O debate sobre os desafios e oportunidades da transição energética na América Latina será central nos diálogos no Panamá, com foco especial nos mecanismos de financiamento climático, redução de emissões e estratégias de transição justa. A intenção das autoridades brasileiras é enfatizar a urgência de decisões políticas concretas para implementar soluções tecnológicas já existentes, transformando a ambição climática em ação efetiva.
Como explicou o presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago à Carta Capital, “existem muitas alternativas, algumas até menos caras do que as atividades atuais. Essa quantidade grande de informações novas é pouco divulgada. É possível combater a mudança do clima de maneira economicamente viável”, esclareceu.
Para além das soluções tecnológicas, porém, é necessário estabelecer uma costura política global. Nesse intento, o governo brasileiro apresentou às Nações Unidas uma proposta pioneira para criar um programa de trabalho permanente que integre as três principais convenções ambientais (Clima, Biodiversidade e Desertificação), visando superar a fragmentação de ações que persiste desde a Rio-92, informou ((o)) eco.
Ainda no Panamá, o secretário-executivo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Simon Stiell, lembrou que a crise climática aumentou o preço das commodities e agravou a fome, e somente ações firmes contra as emissões de gases de efeito estufa podem restaurar a estabilidade econômica, destacam Guardian e Business Green. Para ele, os investidores estão “prontos para dar o primeiro passo em grandes investimentos” se tiverem os sinais certos dos governos – ou seja, metas climáticas (NDCs) condizentes com a emergência climática global.
“Políticas climáticas claras e fortes são um antídoto para a incerteza econômica”, afirmou o secretário da UNFCCC. “A política climática pode ajudar a manter o comércio fluindo e as economias crescendo, além de prevenir impactos climáticos extremamente destrutivos”, completou. O Guardian deu mais informações.
Em tempo: Na contramão da ciência climática, os ministros de Energia do BRICS, grupo de países emergentes sob presidência brasileira neste ano, afirmaram em comunicado conjunto nesta semana que os combustíveis fósseis ainda terão papel importante na matriz energética global, especialmente para economias emergentes. O texto ignora a necessidade dos países acabarem o quanto antes com o uso de energia fóssil, mas usa e abusa das “circunstâncias nacionais” para defender uma transição energética em compasso de tartaruga. O site eixos deu mais informações.