
A sanha negacionista de Donald Trump continua a todo vapor. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) elaborou um plano para eliminar todos os limites de gases de efeito estufa de termelétricas a carvão e gás fóssil no país, segundo documentos internos da agência analisados pelo New York Times e repercutidos por Bloomberg e Washington Post.
Na proposta de regulamentação, a EPA argumenta que o CO2 e outros gases de efeito estufa provenientes de usinas elétricas que queimam combustíveis fósseis “não contribuem significativamente para a poluição perigosa” ou para as mudanças climáticas, pois representam uma parcela pequena e em declínio das emissões globais. Segundo a agência, a eliminação dessas emissões não teria efeito significativo na saúde e no bem-estar públicos.
Além disso, a agência nega os dados que ela própria produz e divulga. O setor energético foi a segunda maior fonte de gases de efeito estufa nos EUA, atrás do transporte, segundo informações mais recentes disponíveis no site da EPA. E sabe-se que globalmente as termelétricas a combustíveis fósseis respondem por cerca de 30% das emissões que impulsionam a crise climática.
“Estamos buscando garantir que a agência cumpra o Estado de Direito, ao mesmo tempo em que fornece a todos os americanos acesso a energia confiável e acessível”, disse o administrador da EPA, Lee Zeldin, citado pelo NYT. Sua porta-voz se recusou a fornecer mais informações sobre o plano ao veículo, mas afirmou que a proposta seria publicada após uma revisão interinstitucional e após ser assinada por Zeldin.
A regulamentação é parte do ataque amplo do governo Trump à ciência, que provou que os gases de efeito estufa ameaçam a saúde humana, o meio ambiente e o clima do planeta. “As usinas de combustíveis fósseis são a maior fonte industrial de dióxido de carbono, que desestabiliza o clima, e emitem níveis de poluição que excedem a grande maioria dos países do mundo”, disse Vickie Patton, consultora jurídica geral do Environmental Defense Fund.
Vickie chamou a regulamentação proposta de “um abuso da responsabilidade da EPA perante a lei”. E acrescentou: “afirmar que a maior fonte industrial de dióxido de carbono nos EUA não é significativa coloca milhões de pessoas em perigo”.
Em tempo: Enquanto Trump quer expandir a produção de combustíveis fósseis e a oferta de energia gerada por carvão e gás fóssil, a Indonésia planeja impulsionar as fontes renováveis, reduzindo a geração a gás, mostra o mais recente plano nacional de energia do país, destacado pela Bloomberg. A Indonésia buscará adicionar cerca de 60 gigawatts (GW) de capacidade elétrica nos próximos nove anos, sendo três quartos provenientes de fontes renováveis, com o restante abastecido por gás e carvão. “Temos que ser consistentes na transição energética e, ao mesmo tempo, reconhecer nossa capacidade, o fornecimento de energia e custo econômico”, disse o Ministro da Energia, Bahlil Lahadalia.