Brasil levará à COP30 proposta concreta de financiamento climático, diz Ana Toni

Desafio é mobilizar US$ 1,3 trilhão para os países em desenvolvimento, com envolvimento direto dos países desenvolvidos.
28 de maio de 2025
Ana Toni
Edilson Rodrigues / Agência Senado

Em entrevista à CNN Brasil, Ana Toni, diretora-executiva da COP30, revelou que o Brasil trabalha para levar à COP30 uma proposta concreta de mecanismos de financiamento climático. A executiva destacou que as negociações com governos, instituições financeiras e fundos internacionais estão avançando no desenvolvimento de instrumentos específicos para proteger florestas tropicais e acelerar a transição para uma economia de baixo carbono.

A proposta foi sinalizada também durante a participação da CEO da COP30 no II Fórum de Finanças Climáticas e de Natureza, realizado no início desta semana no Rio de Janeiro. Segundo O Globo e Valor, o tema deve ser abordado diretamente na quarta carta da presidência da COP. “Se o recurso não vier para os países em desenvolvimento, não teremos como contribuir para a descarbonização”, assinalou Ana Toni.

“A presidência da COP pediu ao [ministro da Fazenda] Fernando Haddad, que procurasse outros ministros de finanças para ajudar na montagem de um relatório. O interesse de mobilizar US$1,3 trilhão para os países em desenvolvimento também deve ser dos países desenvolvidos. Sem esse financiamento, os países em desenvolvimento não conseguem ajudar na redução do carbono”, indicou.

Um dos principais eixos dessa proposta é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em Inglês ), fundo internacional que prevê remuneração contínua aos países que preservam suas florestas. Segundo Toni, as discussões técnicas sobre o mecanismo, incluindo definição de valores, spreads e modelos de financiamento, já estão em fase adiantada com importantes atores como Banco Mundial, BNDES e fundos de pensão globais. “Essas conversas estão muito concretas, cada vez mais”, afirmou, expressando confiança de que o Brasil chegará à COP30 com propostas operacionais.

Além do TFFF, o país pretende apresentar caminhos práticos para viabilizar o acesso de nações em desenvolvimento a recursos climáticos. “Não vamos falar apenas conceitualmente sobre finanças”, explicou Toni. “O Brasil mostrará instrumentos reais e como estamos abertos a receber investimentos para proteger nossa natureza e desenvolver soluções de baixa emissão de carbono com impacto social”.

O governo brasileiro pretende transformar o evento em um marco global para o financiamento climático, posicionando o país como líder na promoção de soluções baseadas na natureza e na construção de pontes entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento na agenda ambiental. O sucesso dessas negociações poderá definir novos paradigmas para a proteção de biomas críticos, como a floresta amazônica.

O Tempo também noticiou as declarações de Ana Toni.

  • Em tempo 1: No Valor, a militante climática Marcele Oliveira, escolhida entre 154 jovens pelo presidente Lula para ser a Campeã da Juventude da COP30, contou um pouco de sua trajetória e de como pretende levar as juventudes para a mesa de discussões na conferência em Belém, em busca de encontrar, com seus pares, uma forma de “reinventar o mundo”. “Sou uma mulher negra periférica que pensa a importância de fortalecer o multilateralismo sim, mas que quer que ele também se abra às nossas propostas, das juventudes", disse.

  • Em tempo 2: O Estadão teve acesso a mensagens que revelam preocupações de embaixadas e empresários sobre a organização da COP30 em Belém. A embaixada da Dinamarca mencionou “desafios logísticos” enquanto empresários britânicos, segundo relatos da embaixada em Londres, consideram desistir devido à falta de informações sobre hospedagem. O governo brasileiro estima 50 mil participantes, mas Belém tem apenas 36 mil leitos, incluindo regiões metropolitanas, o que tem elevado os preços das diárias a valores exorbitantes. “[A Noruega] poderá ajustar o tamanho de sua delegação, caso seja necessário, para reduzir os custos com o evento”, disse o embaixador noruegues Odd Magne Ruud, que representa o maior governo doador para o Fundo Amazônia. Pará Terra Boa e Poder 360 repercutiram as preocupações das representações internacionais para a vinda à COP30 em Belém.

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