Macron: exploração de petróleo na foz do Amazonas “não é boa para o clima”

Presidente francês deu declaração após assistir a um vídeo do cacique Raoni Metuktire com um apelo para impedir a exploração da região.
11 de junho de 2025
macron exploração de petróleo foz do amazonas
NARA e DVIDS

A poucos dias do megaleilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) que vai ofertar 47 blocos na foz do Amazonas, além de muitos outros mais em outras bacias, o cacique Raoni Metuktire enviou uma mensagem em vídeo para o presidente da França, Emmanuel Macron. Nela, Raoni pediu ajuda para convencer Lula a não avançar na exploração de petróleo na região.

A mensagem tocou seu destinatário, informam RFi, Folha e Estado de Minas. Em entrevista a um programa de TV especial sobre a Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC3), em Nice, na França, Macron disse que a exploração de combustíveis fósseis na foz do Amazonas “não é boa para o clima”. Mas evitou criticar Lula, que defende a atividade petrolífera na região.

“Não cabe a mim dar-lhe lições. Não se deve dar o sentimento, quando somos o chefe de Estado de um país, e sobretudo do norte em relação ao sul, de que estamos dando lições. Tentei convencê-lo, e falarei de novo com Lula na COP30, mas acho que há outros projetos alternativos que permitem criar empregos e riqueza”, disse Macron. “Em todo o caso, penso que não é um bom projeto para o clima. Não tem dúvida”, concluiu.

Em seu apelo, o cacique Raoni lembrou que já havia pedido a Lula que desistisse da busca por petróleo e gás fóssil. “Não quero exploração de petróleo no fundo do oceano e na foz dos rios, então me ajude a parar este projeto. Eu disse ao Lula e digo para você também”, afirmou a liderança indígena. “Pedi a Lula impedir este projeto na foz do Amazonas, e agora peço também a você”, insistiu.

Neto de Raoni, o cacique Tau Metuktire levou a mensagem de seu avô a Macron em Nice. Ele participou da entrevista sentado ao lado do presidente francês e pediu ajuda financeira para um projeto em conjunto com a ONG Planète Amazone, de preparação dos jovens para as mudanças climáticas.

Já a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, continua alheia aos apelos de Raoni, de cientistas e de ativistas ambientais e climáticos. Em evento no Rio de Janeiro, a executiva afirmou que “não tem vergonha de produzir petróleo”. E que a petroleira “vai chegar lá” na exploração de combustíveis fósseis na foz do Amazonas, destaca a Folha.

Fabiano Maisonnave lembra na AP que o Brasil acelera projetos de exploração de petróleo e gás fóssil na Amazônia a poucos meses da COP30. Além do leilão da ANP, marcado para 17 de junho, continua a pressão sobre o IBAMA pela licença para a Petrobras perfurar um poço no bloco FZA-M-59, na foz.

A estatal espera realizar o simulado de vazamento de petróleo no bloco 59 em meados de julho. Em tese, seria a última etapa exigida pelo órgão ambiental no processo de licenciamento. Se a autorização for dada, é bem provável a Petrobras esteja perfurando um poço no litoral da Amazônia enquanto a COP30 acontece em Belém.

  • Em tempo 1: O Greenpeace Brasil está lançando uma campanha de mobilização da sociedade civil com videoclipe-manifesto “Não Mais Poços de Petróleo”. A canção, composta por Carlos Rennó e Frejat, ganha vida na voz do ex-líder do Barão Vermelho, da baiana Xênia França, ganhadora do Grammy Latino de 2023, e da cantora Thaline Karajá, que é ativista indígena, conta Miriam Leitão n’O Globo. O lançamento será acompanhado de intervenções urbanas em cidades brasileiras como Macapá, Belém, São Luís, Brasília e Itajaí e de uma projeção da mensagem do título da música “Não Mais Poços de Petróleo” na Times Square, em Nova York.

  • Em tempo 2: O Observatório do Clima (OC) pediu que o presidente Lula determine a suspensão imediata da exportação de petróleo do Brasil para Israel, após a Marinha israelense ter interceptado a embarcação Madleen, que levava 12 ativistas e ajuda humanitária à Faixa de Gaza na noite do domingo (8/6), relata a Folha. "Lula já condenou o genocídio israelense na Faixa de Gaza, mas o petróleo exportado pelo Brasil e por outros países abastece a máquina de guerra de Binyamin Netanyahu [primeiro-ministro de Israel]", diz a nota. Para Marcio Astrini, secretário-executivo do OC, o Brasil pode tomar medidas práticas e ir além das palavras. "O que sugerimos é uma das medidas que podem ser tomadas", explicou.

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