
Um estudo publicado na revista Nature Communications revelou que o potencial real de reflorestamento no mundo é 71% menor do que apontavam estimativas anteriores. A pesquisa, liderada por cientistas da The Nature Conservancy (TNC), identificou apenas 195 milhões de hectares (Mha) adequados para replantio de árvores com benefícios climáticos e baixo risco socioambiental – bem abaixo dos 678 Mha citados em outros trabalhos. Ainda assim, essas áreas poderiam remover até 2 bilhões de toneladas de CO₂ por ano, equivalente a 5% das emissões globais anuais.
Os pesquisadores aplicaram critérios rigorosos, excluindo regiões com conflitos fundiários, ecossistemas naturais não florestais (como savanas) e locais onde o plantio poderia prejudicar comunidades pobres. Cerca de 100 milhões de pessoas vivem nas áreas mapeadas, e a exclusão de territórios com direitos territoriais frágeis reduziu o potencial em um terço. As melhores oportunidades concentram-se nos EUA, Canadá, Europa, Austrália e Brasil. Os métodos e imagens gerais do mapeamento estão detalhados no Carbon Brief.
Especialistas independentes elogiaram a precisão do estudo, mas alertaram para riscos: ao descartar quase toda a África e Sudeste Asiático por temor a conflitos, a estratégia pode negligenciar países pobres onde projetos combinados de restauração florestal e desenvolvimento local são urgentes.
“O reflorestamento não substitui a redução das emissões de combustíveis fósseis, mas é essencial para remover o excesso de CO₂ da atmosfera”, afirma a Dra. Susan Cook-Patton, autora principal do estudo publicado na Nature Communications. “Precisamos focar em áreas com benefícios comprovados para pessoas e natureza”, destaca a pesquisadora.
O coautor Dr. Forrest Fleischman alerta: “Estudos anteriores ignoraram como o reflorestamento pode prejudicar comunidades pobres”, ponderou. “Este trabalho corrige o exagero de estimativas passadas”, comenta o Prof. Simon Lewis, não envolvido na pesquisa. Embora elogie a abordagem conservadora, ele adverte: “Excluir regiões pobres pode perpetuar desigualdades. Projetos que integrem desenvolvimento local e proteção climática devem ser priorizados”. Os autores disponibilizaram mapas interativos para ajudar governos a identificar as melhores áreas para ação. As informações são do Guardian.