
Um plano para usar recursos públicos no apoio a empréstimos de energia renovável em países em desenvolvimento poderia liberar dinheiro do setor privado para financiamento climático urgentemente necessário. Essa é a mais nova alternativa em estudo pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O Guardian deu mais detalhes sobre o plano desenvolvido por Avinash Persaud, conselheiro especial sobre mudanças climáticas da presidência do BID, hoje sob o comando do brasileiro Ilan Goldfajn. Segundo Persaud, a proposta pode gerar dezenas de bilhões de dólares de novos investimentos na economia verde em países mais pobres dentro de alguns anos – e, de quebra, fornecer parte dos US$ 1,3 trilhão em financiamento climático anual que as nações em desenvolvimento precisam.
O plano envolveria fazer com que bancos de desenvolvimento comprassem empréstimos existentes para projetos verdes em países pobres, o que liberaria investimentos de credores do setor privado. Esses empréstimos têm risco relativamente baixo, porque já estão em bom estado de funcionamento.
Contudo, como estão em países em desenvolvimento, com classificações de crédito mais baixas, investidores do setor privado, como fundos de pensão, muitas vezes não podem aplicar recursos neles, devido às suas regras rígidas sobre solvência. Mas se esses empréstimos forem apoiados por bancos de desenvolvimento, que podem fornecer garantias contra inadimplência e que têm classificações de crédito impecáveis, os empréstimos “reformulados” podem atender aos critérios do setor privado.
“O momento de iluminação foi perceber que havia US$ 50 bilhões em empréstimos verdes rentáveis na América Latina”, disse Persaud, que foi assessor da primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley. Mia lançou em 2022 a Iniciativa Bridgetown, que propõe reformas no sistema financeiro global.
A chave do conceito é que, quando os empréstimos são comprados pelos bancos de desenvolvimento, que pagam um pequeno prêmio aos atuais credores do setor privado detentores dos empréstimos, os originadores dos projetos de energia renovável devem concordar em usar o financiamento ao qual ganham acesso em novos projetos. Isso cria um “círculo virtuoso”, pelo qual, quando os empréstimos são adquiridos, os desenvolvedores – que já têm experiência na criação de esquemas de energia renovável bem-sucedidos – buscam novas oportunidades, o que leva a mais investimentos.
Em tempo: Proposto pelo Brasil, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) pode manter e recuperar as florestas do planeta. Mas, para isso, precisa ser feito corretamente, pontuaram Carolina Pasquali, diretora executiva do Greenpeace Brasil, e Jasper Inventor, diretor executivo do Greenpeace Sudeste Asiático, em artigo no Climate Home. “Para ter sucesso onde tantos falharam, o TFFF deve prevenir eficazmente a cooptação corporativa e o greenwashing. Como membros de longa data do movimento ambientalista, testemunhamos o ritmo constante e alarmante da captura corporativa de nossas instituições públicas em todos os lugares”, alertaram.