Negociadores costuram compromissos sobre clima antes da cúpula do BRICS

Representantes de alto nível do grupo já assinaram texto com caminhos para concretizar ações contra a mudança do clima nos países do Sul Global.
3 de julho de 2025
negociadores costuram compromissos sobre clima antes da cúpula do brics
Isabela Castilho / BRICS Brasil

A poucos dias da cúpula de líderes do BRICS, que acontecerá no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho, negociadores políticos (sherpas) dos países membros estão reunidos nesta semana na capital fluminense, antecipando alguns pontos da agenda de discussão. O encontro é coordenado pelo embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE) – posição antes ocupada pelo presidente da COP30, André Corrêa do Lago.

As mudanças climáticas são um dos destaques na reunião. Como a Band lembrou, no fim do mês passado, representantes de alto nível do BRICS assinaram um compromisso abordando caminhos para concretizar ações contra a mudança do clima no Sul Global. Em outra frente, ministros do Meio Ambiente aprovaram uma declaração que reforça a importância do multilateralismo ambiental e da “governança global equilibrada e inclusiva” para alcançar os objetivos comuns na proteção da flora e fauna.

“Pela 1ª vez vai haver um documento que orienta uma ação comum e coletiva do BRICS na área de financiamento climático envolvendo, por exemplo, reformas de bancos multilaterais, maior financiamento concessional, mobilização de capital privado e outras questões regulatórias para assegurar que os fluxos possam fluir para os países em desenvolvimento”, disse a embaixadora Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda.

Em entrevista à CBN, Mauricio Lyrio informou os principais objetivos brasileiros para a Cúpula: o combate à pobreza e à mudança do clima, mesmo sob um contexto de tensões internacionais. “Esse chamado que o Brasil faz à paz se torna mais complexo num contexto como esse, em que há proliferação de guerras e, portanto, maior ainda é o papel da diplomacia e desses encontros. É uma oportunidade para fazer um chamado ao entendimento e também para nos concentrarmos nos temas que mais interessam a nós”, disse.

Um dos objetivos do Brasil no BRICS é divulgar uma agenda de liderança climática compartilhando soluções para aumentar os esforços para não se ultrapassar o limite de 1,5°C de aumento de temperatura acima dos níveis pré-industriais, como determina o Acordo de Paris. Segundo a CNN Brasil, as linhas de ação para seguir a agenda incluem uma declaração dos líderes sobre financiamento climático.

Apesar das expectativas, a cúpula de líderes do BRICS não contará com as presenças dos presidentes da China, Xi Jinping, e do Irã, Masoud Pezeshkian. Vladimir Putin, da Rússia, chegou a anunciar sua vinda, mas recuou, devido ao mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional, do qual o Brasil é signatário. Todos participarão por videoconferência, segundo Valor e Correio Braziliense. Já o Ministério das Relações Exteriores da China confirmou o primeiro-ministro Li Qiang como representante do país na reunião, informaram Folha, Poder 360 e Estadão.

As ausências não param aí. Convidado por Lula, o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sissi, também não virá ao Rio, sendo representado pelo primeiro-ministro, Mostafa Madbouly. Outros dois que decidiram enviar representantes foram os presidentes da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e do México, Claudia Sheinbaum. O Globo deu mais detalhes.

“Imprensada entre a reunião do G20 no RJ e os preparativos para a COP30 de Belém em novembro, a cúpula do BRICS é vítima de um esgotamento natural do governo brasileiro, sobrecarregado por tantos eventos internacionais de peso em sequência. Isso contribuiu para o esvaziamento da cúpula, que já tinha perdido fôlego dentro do Itamaraty devido a uma ampliação [do grupo, promovida pela China] que grande parte dos diplomatas da casa não aprovaram”, avaliou Marcelo Ninio n’O Globo.

Metrópoles, O Globo e Valor também repercutiram os preparativos para a cúpula de líderes do BRICS.

  • Em tempo: A COP30 ainda não tem uma plataforma oficial de hospedagem, mas já tem mascote. Como a Folha lembrou, o governo prometeu lançar o site oficial de reservas ainda em junho, mas o serviço continua indisponível. Por outro lado, a organização divulgou o personagem Curupira como mascote oficial. Figura lendária do folclore brasileiro, o Curupira é conhecido como guardião das florestas e dos animais. Segundo nota da organização, a escolha do personagem de cabelos em chamas, pés virados para trás e corpo de menino “reflete o compromisso da presidência brasileira em solidificar ações de redução das emissões dos gases que provocam o aquecimento da Terra”.  Valor, Poder 360 e g1 deram a notícia.

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