
Uma boa e uma péssima notícia: um relatório da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC) lançado na 3ª feira (28/10) mostra que, pela primeira vez, as novas metas climáticas (NDCs) dos países farão com que as emissões de gases de efeito estufa diminuam nos próximos dez anos. No entanto, o valor é um sexto do exigido para limitarmos o aquecimento global em 1,5°C, como estabelecido no Acordo de Paris. O relatório síntese projeta uma redução de apenas 10% em 2035 em relação aos níveis de 2019, informa a BBC. O necessário seria 60%.
A análise da UNFCCC abrange as 64 NDCs entregues à ONU, além dos anúncios informais da China, da União Europeia e dos Estados Unidos. Na semana do clima em Nova York, no fim de setembro, a China prometeu reduzir suas emissões entre 7% e 10% até 2035, enquanto a UE discute um compromisso de 62% a 72,5% — mas os países do bloco ainda batem cabeça para bater o martelo no percentual.
Já a estimativa dos EUA foi feita com base na NDC apresentada no fim da administração de Joe Biden. No entanto, a avaliação é de que a meta tem pouca chance de ser seguida, já que Trump, o negacionista, decidiu tirar o país do Acordo de Paris, destacam Reuters, Washington Post e Business Green.
Além disso, por falta de dados, não foi possível estimar o quanto a temperatura do planeta aumentará caso todas as NDCs sejam cumpridas. O relatório deve ser atualizado nos próximos dias, com um possível destaque para a estimativa da temperatura. Em 2024, a UNFCCC projetou um aumento entre 2,1°C e 2,8°C até 2100.
“O relatório revela uma lacuna assustadora entre o que os governos prometeram e o que é necessário para proteger as pessoas e o planeta”, afirmou Melanie Robinson, diretora do programa global de clima, economia e finanças do World Resources Institute (WRI), na Bloomberg.
Além disso, há dúvidas também sobre as promessas listadas pelas nações em suas metas climáticas. “Embora os países prometam aumentar a energia renovável, pouquíssimos estão interrompendo a expansão dos combustíveis fósseis, e praticamente nenhum está se comprometendo com um plano de eliminação gradual em todos os setores da economia. A menos que os países cumpram as obrigações legais de fornecimento de financiamento para o clima em um nível que atenda às necessidades globais e eliminem gradualmente os combustíveis fósseis, não conseguiremos evitar as consequências catastróficas das mudanças climáticas”, disse Shady Khalil, estrategista sênior de políticas globais da Oil Change International.
Na próxima semana, chefes de Estado se encontrarão em Belém antes do início da COP30. A cúpula de líderes, essencial para alinhar os trilhos em direção à meta do Acordo de Paris, acontece em uma situação geopolítica tensa, avalia o Guardian.
Observatório do Clima, Capital Reset, g1, Globo e Folha também repercutiram o relatório da ONU.
Em tempo: Na reta final para a COP30, os valores de hospedagem despencaram em Belém. A redução nos preços chega a superar 60%, relatam Folha e Pará Terra Boa. O Airbnb também verificou a redução dos preços em 40%, em média, na comparação com fevereiro de 2025. “A sanha desenfreada de colocar os imóveis a preços estratosféricos deu lugar a uma grande decepção”, avalia Maria Luísa Carneiro, presidente do Creci-PA.



