Justiça climática: como a desigualdade de gênero intensifica os impactos da mudança do clima sobre as mulheres

8 de março de 2021

O Dia Internacional da Mulher foi marcado por discussões importantes sobre os diferentes impactos da crise climática em termos de gênero – que foram explicitados no último ano com a pandemia. Como o secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltou, “a pandemia está piorando as desigualdades já profundas enfrentadas por mulheres e meninas, apagando anos de progresso em direção à igualdade de gênero”. Ele defendeu que os pacotes de estímulo econômico levem essa realidade em consideração e que abram espaço para maior participação política e decisória para as mulheres. “Quando as mulheres estão no Parlamento, os países adotam políticas mais rigorosas sobre as mudanças climáticas”, escreveu Guterres.

Na CNN, Melanne Verveer e Jessica Smith, do Georgetown Institute for Women, Peace & Security, ressaltaram como a injustiça climática aprofunda a desigualdade de gênero. “Como principais fornecedoras de alimento, água e energia, a vida diária das mulheres é desproporcionalmente afetada por condições climáticas cada vez mais severas. A desigualdade de gênero frequentemente resulta em maiores desafios para as mulheres e menos acesso aos recursos. Isso inclui normas discriminatórias de gênero, lacunas de renda e propriedade desigual de bens que restringem a capacidade das mulheres de absorver e se recuperar dos choques climáticos”.

Vale a pena ler também o especial da Metro sobre como as mulheres estão se mobilizando ao redor do mundo para assumir o protagonismo no enfrentamento à mudança do clima.

Em tempo 1: Na The Conversation, as pesquisadoras Jacqueline Lau, Pip Cohen e Sarah Lawless (James Cook University) destacaram dados de um levantamento bibliográfico da literatura científica sobre mudança do clima e gênero em países de renda baixa e média nos últimos seis anos. Elas descobriram quatro premissas inúteis que permeiam a reflexão e as políticas para o clima nesses países e que, em última análise, dificultam ainda mais a busca por igualdade de gênero. Primeiro, a igualdade de gênero é vista como uma questão restrita às mulheres. Segundo, homens e mulheres são tidos como grupos homogêneos. Terceiro, a suposição de que as mulheres são naturalmente preocupadas e conectadas ao meio ambiente. E, por fim, a igualdade de gênero ser reduzida a um “jogo de números”, como se fosse apenas uma questão de paridade numérica entre homens e mulheres.

Em tempo 2: O Observatório do Clima lançou um site especial para destacar o debate sobre gênero no contexto da mudança climática. Falar de clima sob a perspectiva de gênero é saber que as desigualdades sociais e a mudança climática são construções humanas que se interconectam e perceber que é nossa responsabilidade reverter esse cenário.

 

ClimaInfo, 8 de março de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

x (x)
x (x)
x (x)

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar