Desmatamento bate recorde pelo 2º mês seguido na Amazônia

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O desmatamento da Amazônia em fevereiro foi ainda pior do que o estimado no começo de março, mostram os dados consolidados do INPE. O sistema mostrou que a floresta perdeu pouco mais de 198 km2 de vegetação, o maior valor para o mês de toda a série histórica (iniciada em 2015/2016). Mato Grosso (78,05 km2), Pará (48,79 km2) e Amazonas (40,49 km2), nesta ordem, foram os estados que registraram os maiores desmatamentos.

No mês anterior, em janeiro, a taxa de desmatamento também bateu recorde, com a destruição de cerca de 360 km2. Os números mostram que o aumento do desmatamento observado nos últimos anos não perde ímpeto nem mesmo na “temporada baixa”, o período chuvoso na Amazônia. “Este aumento absurdo demonstra os resultados da falta de uma política de combate ao desmatamento e dos crimes ambientais na Amazônia, impulsionados pelo atual governo”, comentou Rômulo Batista, do Greenpeace.

O índice de desmatamento para fevereiro foi divulgado dias após a publicação de um novo estudo sobre a perda de resiliência da floresta amazônica causada pelo aumento do desmatamento e pelos efeitos da mudança do clima. “O lugar que abriga 15% da biodiversidade da Terra seria palco da extinção de incontáveis espécies. Em vez de absorver CO2, a região passaria a emitir bilhões de toneladas de carbono, pondo em risco as metas globais de redução de emissões”, escreveu O Globo em editorial.

O pior é que, se depender do governo Bolsonaro e de seus aliados no Congresso Nacional, a situação da Amazônia pode piorar ainda mais. O ataque mais recente do presidente contra o meio ambiente é a proposta de regularização da mineração em Terras Indígenas, mesmo sob argumentos falaciosos de que a exploração de potássio nelas poderia tornar o país autossuficiente na produção de fertilizantes para o agronegócio.

“Isso é o paroxismo da desonestidade e da loucura. Não há evidências de fósforo ou potássio em Terras Indígenas na Amazônia, então, claramente, é uma desculpa – uma má desculpa”, criticou Candido Bracher, ex-presidente do Itaú-Unibanco, em entrevista ao Valor.

CNN Brasil, Folha e ((o)) eco repercutiram os novos dados sobre desmatamento, que também tiveram destaque na imprensa internacional com reportagem da Associated Press e Reuters.

Em tempo: A semana passada também foi marcada pelo começo da tramitação de um projeto polêmico (PL 337/22) que prevê a retirada do Mato Grosso da Amazônia Legal. Apresentado pelo deputado Juarez Costa (MT), a proposta sugere que uma eventual exclusão do estado da área hoje legalmente reconhecida como amazônica poderia impulsionar a produção rural matogrossense. “Estamos no limite do potencial produtivo em função de um entendimento errado na legislação ambiental sobre o bioma do território do Mato Grosso”, justificou o parlamentar. “A proposta não para em pé”, criticou Alice Thuault, do Instituto Centro de Vida (ICV), no site ((o)) eco. “Primeiro porque tirar o estado de uma definição legal não tira o fato de que ele tem mais de 50% de floresta amazônica em seu território. Não se sustenta porque uma mudança de estatuto vai resultar em perda de acesso a políticas públicas importantes”. O g1 deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, 14 de março de 2022.

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