Petrobras e Shell arrematam lotes de áreas do pré-sal sob controle da União

Leilão arremata menos do que o esperado e deixa Petrobras e Brasil ainda mais distantes da transição energética justa.
5 de dezembro de 2025
petrobras shell lotes pré sal
Composição ClimaInfo / Imagem ao fundo: divulgação Petrobras (ABr)

Em consórcio, Petrobras e Shell arremataram, sem concorrência, dois dos três lotes de áreas não contratadas da União no pré-sal nos campos de Mero e Atapu nesta 5ª feira (4/12). As empresas desembolsaram cerca de R$ 8,8 bilhões pelas fatias, sendo R$ 7,791 bilhões por 3,5% do campo de Mero e R$ 1,001 bilhão por 0,95% do campo de Atapu.

Um terceiro lote com 0,83% do campo de Tupi não recebeu ofertas. Mero e Tupi são o terceiro e segundo maiores produtores do país, conta o Eixos. No início do ano, a estimativa para o leilão das três áreas era de R$ 15 bilhões, informa o InfoMoney. Mas a estatal PPSA, responsável por representar a União nos contratos de partilha de produção no pré-sal, reduziu o valor para R$ 10,2 bilhões – o valor, no entanto, não chegou ao esperado. Como CNN e Estadão destacam, o certame teve como objetivo incorporar os valores às receitas de 2025.

N’O Globo, Artur Watt Neto, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) afirmou que já são 275 novos blocos em cinco áreas para futuros leilões. Essa lógica privatista e entreguista não só afasta o país de qualquer projeto de transição energética, como fragiliza a soberania energética, avaliam especialistas em nota publicada pelo Observatório do Clima (OC).

Enquanto o mundo se prepara para uma queda da demanda por petróleo a partir de 2030, um pequeno grupo prioriza uma estratégia de curto prazo em um desrespeito claro à sociedade brasileira e aos trabalhadores do setor fóssil.

A incoerência entre discurso e prática se evidencia também na estratégia da Petrobras, denuncia o OC. “Mesmo sendo uma das petroleiras mais lucrativas do mundo, a empresa continua priorizando exploração e produção fósseis, enquanto seus investimentos em energia de baixo carbono seguem insuficientes para cumprir o Acordo de Paris – como mostra o novo Plano de Negócios 2026-2030 da empresa”.

O leilão desta 4ª feira não representa desenvolvimento, tampouco modernização. Ele é uma aposta cara, que já nasce morta. Para que o país avance, é necessário direcionar recursos para pesquisa, biorrefino, hidrogênio de baixo carbono, biocombustíveis tradicionais, bem como a busca para seu desenvolvimento como biocombustíveis avançados e eletrificação. Outro ponto levantado pelo grupo é estabelecer regras claras para a redução da demanda interna por derivados e estruturar salvaguardas socioambientais robustas para a bioenergia.

IstoÉ Dinheiro, Folha e Valor também falaram sobre o leilão.

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