Emissões de usinas a combustíveis fósseis crescem 29% em 2024

Usinas a carvão seguem como as maiores emissoras e a Petrobras perde o primeiro lugar em geração, mostra novo inventário do IEMA.
17 de dezembro de 2025
termelétrica a carvão
Divulgacão CGT Eletrosul

Após dois anos de retração, a geração de eletricidade por termelétricas a combustíveis fósseis voltou a crescer no Brasil em 2024, resultando em um aumento expressivo de 29% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em relação ao ano anterior. Os dados são do 5° Inventário de Emissões Atmosféricas em Usinas Termelétricas, publicado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) na 4ª feira (17/12).

O inventário analisou as 67 usinas fósseis conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN). No ano passado, essas plantas emitiram 23,2 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (MtCO₂e), informam Projeto Colabora e eCycle. É um volume maior do que a soma das emissões dos estados de Sergipe e do Rio Grande do Norte, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima.

Houve aumento na geração termelétrica a partir de combustíveis fósseis entre os dois anos devido à necessidade de garantir potência e estabilidade operativa, explica o IEMA. Mas o crescimento ficou bem abaixo da elevação das emissões: a geração fóssil passou de 64 terawatts-hora (TWh) em 2023 para 74 TWh no aumento — ou seja, 17% maior.

Considerando apenas as térmicas que efetivamente injetaram eletricidade no SIN, a geração inventariada somou 39,5 TWh, com predominância do gás fóssil (75%), seguida pelo carvão mineral (23%), enquanto óleo combustível e óleo diesel tiveram participação residual, inferior a 2%.

O IEMA destaca que a Eneva ultrapassou a Petrobras e, pela primeira vez, tornou-se a maior geradora termelétrica fóssil do sistema interligado. A empresa ampliou seu portfólio fóssil em quase 860 MW de potência instalada, com a aquisição das usinas capixabas Luiz Oscar Rodrigues de Melo (240 MW), Povoação 1 (75 MW), Viana (175 MW) e Viana I (37 MW), anteriormente vinculadas ao BTG Pactual, além das usinas Geramar I e II, com 166 MW cada, também sob participação majoritária do banco. Até então, desde 2020, primeiro ano-base dos inventários do IEMA, a Petrobras liderava o ranking de geração fóssil no país.

Quanto às emissões, as dez maiores plantas responderam por 62% do total emitido. E o carvão lidera com folga o ranking da sujeira entre as usinas fósseis. A UTE Pampa Sul (RS), a carvão, foi a maior emissora individual do ano, responsável por 11% das emissões totais (2,5 MtCO₂e). Em seguida, vieram Jorge Lacerda IV (SC, carvão), Parnaíba I e V (MA, gás), Candiota III (RS, carvão) e Mauá 3 (RJ, gás), evidenciando o peso das unidades a carvão. 

No total, cinco das dez térmicas fósseis de menor eficiência são movidas a carvão mineral. A eficiência média dessas plantas ficou em torno de 33%, mostra o inventário.

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