O avanço global da Iniciativa Belt and Road chinesa

O presidente chinês Xi Jinping fez uma turnê pela Europa. Em Paris, Xi encontrou com um Macron que havia recentemente dito que “acabou-se o tempo de inocência europeia em relação à China”, sugerindo uma resposta robusta e coordenada por parte da União Europeia. Macron disse a Xi que era preciso mais reciprocidade nas relações entre Europa e China. Mas Xi patrocinou a assinatura de vários acordos sobre energia nuclear e energia renovável, além de um contrato de compra de aviões da Airbus no valor de US$ 40 bilhões. A Itália, enrolada com sua crise política e econômica, vê na Iniciativa Belt and Road uma fonte de financiamento para sua infraestrutura. Enquanto isso, a imprensa europeia manifestou sua preocupação com o desembarque de capital chinês no continente.

A Iniciativa Belt and Road continua progredindo em suas várias frentes, expandindo a infraestrutura da África, do Sudeste da Ásia e da Ásia Central. Os chineses vendem a ideia como uma nova versão da mítica ‘Rota da Seda’ medieval. Os financiamentos chineses vêm acompanhados de matéria-prima e materiais de construção ‘made in China’. Parte desta matéria-prima é carvão e parte da infraestrutura vem na forma de cimento e aço, tudo isso aumentando substancialmente as emissões de gases de efeito estufa. Uma matéria do Financial Times expressou esta preocupação.

Apesar de os chineses terem posições importantes em empresas brasileiras, os capitais aqui investidos não fazem parte da iniciativa Belt and Road. Pelo menos, ainda não, já que a inclusão da América Latina nos planos chineses parece estar a caminho. A viagem de Bolsonaro à China ainda não tem data, mas deverá servir para amolecer as retóricas anti-China do chanceler Araújo e de seu chefe. Por conta da próxima reunião dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) acontecer no Brasil, em outubro, analistas entendem que Xi deve propor adesão dos países da América Latina ao que ele chama de “projeto do século”, a Belt and Road.

Em tempo: o Energy Post publicou uma matéria sobre os avanços chineses na tecnologia de transmissão de eletricidade em ultra-alta-voltagem. A matéria mostra um mapa-mundi com fios ligando todos os continentes em 2050. Uma conexão deste tamanho faria com que as fontes renováveis deixassem de ser intermitentes, posto que sempre haverá locais com bons ventos e outros com muito sol durante todo o dia e todo o ano.

 

Boletim ClimaInfo, 27 de março de 2019.