97% do volume investido no Brasil pelos chineses no primeiro semestre deste ano foi em energia. E esse apetite não deve arrefecer: segundo informação do presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang, ao jornal O Estado de S. Paulo, os chineses pretendem crescer ainda mais no setor energético. “Temos uma empresa que nos pediu para ver a possibilidade de o governo fazer um leilão de energia de lixo.” Uma fabricante de cabos para transmissão de energia também analisa o País, diz Tang.
Nos últimos 30 meses, a China respondeu por 30% do investimento estrangeiro direto no Brasil. Entre 2015 e 2016, quatro dos maiores investimentos internacionais chineses foram no Brasil, incluindo o maior contrato internacional chinês, avaliado em USD 13 bilhões, por meio do qual a State Grid Corporation of China (SGCC) adquiriu uma participação no controle da CPFL Energia SA. Atualmente a SGCC tem 50% do seus ativos no exterior localizados no Brasil.
É nas energias renováveis que a China tem se destacado. Atualmente ela é simplesmente o maior investidor mundial em energia renovável, com 78,3 bilhões de dólares investidos em 2016, e 102,9 bilhões de dólares em 2015 – valor bem acima de um terço do total global. No ano passado, a China ficou como o quinto maior investidor em energia renovável nos mercados emergentes, sendo responsável por USD 19,7 bilhões desde 2005. De acordo com o Financial Times, todos os países do BRICS, excetuando-se a Rússia, estiveram entre os principais destinos para os investimentos chineses internacionais em energia renovável em 2015. (veja quadro abaixo)
E não são poucas as oportunidades de investimentos nos países em desenvolvimento: juntas, as metas nacionais de energia renovável dos BRICS aumentarão a quantidade total de energia renovável instalada entre as cinco nações para mais de 1,251 GW em variadas datas de entrega entre 2020-2030. Isso significaria um aumento de cerca de 498 GW – aproximadamente um quarto da capacidade atual instalada de energia renovável no mundo todo.
Em 2016, os países do BRICS detinham 38% da capacidade de energia renovável instalada no mundo, superando a participação do grupo no PIB global (22.5% em 2015). Com mais de dois terços da capacidade total de renovável dos países do BRICS, a China lidera essa porcentagem. Mas o Brasil e a Índia estão em curva ascendente, cada qual contribuindo com aproximadamente 5% do total global em 2016. A Rússia e a África do Sul são contribuintes muito menores, mas sua capacidade também está em ascensão.
Os países do BRICS emergiram como uma grande força para a energia verde. Em junho, os ministros de energia dos países do BRICS se encontraram, juntamente com o Ministério da Energia Limpa, em Beijing, e lançaram uma declaração conjunta comprometendo-se com o apoio mútuo na busca do desenvolvimento das energias renováveis. Juntamente com a Cúpula do G20 em Hamburgo, em julho, os líderes dos BRICS também formalmente reiteraram o seu apoio ao Acordo de Paris.
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