Emissões brasileiras de gases de efeito estufa: dados de 2016

Evolução das emissões brasileiras de gases de efeito estufa entre 2010 e 2016 em tCO2e

Dados da nova edição do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa) lançada no final de 2017 mostram que:

 

  • As emissões nacionais de gases de efeito estufa subiram 8,9% em 2016 em comparação com o ano anterior.
  • É o nível mais alto desde 2008 e a maior elevação vista desde 2004.
  • O país emitiu no ano passado 2,278 bilhões de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2e), contra 2,091 bilhões em 2015.
  • Trata-se de 3,4% do total mundial, o que mantém o Brasil como sétimo maior poluidor do planeta.

O Brasil se torna, assim, a única grande economia do mundo a aumentar a poluição sem gerar riqueza para sua sociedade.
  • O crescimento é o segundo consecutivo, e ocorre em meio à pior recessão da história do Brasil.
  • Em 2015 e 2016, a elevação acumulada das emissões foi de 12,3%, contra um tombo de 7,4 pontos no PIB (Produto Interno Bruto), que recuou 3,8% em 2015 e 3,6% em 2016.
  • A elevação nas emissões no ano passado se deveu à alta de 27% no desmatamento na Amazônia.
    • As emissões por mudança de uso da terra cresceram 23% no ano passado, respondendo por 51% de todos os gases de efeito estufa que o Brasil lançou no ar.
    • As emissões da agropecuária subiram 1,7%.
  • Hoje, a atividade agropecuária é, de longe, a principal responsável pelas emissões de gases de efeito estufa no país: ela respondeu por 74% das emissões nacionais em 2016, somando as emissões diretas da agropecuária (22%) e as emissões por mudança de uso da terra (51%).  Veja dados mais detalhados aqui.
  • Por outro lado, quase todos os outros setores da economia tiveram queda nas emissões.
    • A mais expressiva foi no setor de energia, que viu um recuo de 7,3% – a maior baixa em um ano desde o início da série histórica, em 1970.
      • As emissões associadas à geração de eletricidade caíram 30% em 2016 por conta da redução da participação das usinas termelétricas fósseis, cuja geração caiu 28% devido à recuperação parcial dos reservatórios das hidrelétricas – que aumentaram sua geração em 6% graças às chuvas no Centro-Sul em 2016 – e da desaceleração da economia.  Além disso, a geração por fontes renováveis não hídricas, principalmente eólica e biomassa, cresceu 19%.
      • A maior parte das emissões do setor de energia – 48% – segue atrelada ao setor de transportes. Nos últimos três anos o consumo de combustível em veículos leves se manteve constante, mas em 2016 a gasolina aumentou 4% e o etanol caiu 10%.
      • A troca de etanol por gasolina tende a aumentar emissões, mas por outro lado, a redução no consumo de óleo diesel, querosene de aviação e óleo combustível, na esteira da crise, fez com que as emissões de transportes se mantivessem praticamente idênticas às de 2015.
    • O setor de processos industriais teve redução de 5,9%, e o de resíduos, 0,7%.
    • No setor de resíduos, o que teve maior crescimento percentual desde 1970 (mais de 500%), a oscilação para baixo se deveu também à recessão.

 

  • A chamada intensidade de carbono da economia brasileira, ou seja, o total emitido por unidade de PIB gerada, cresceu 13% – na contramão da maior parte das grandes economias, em que a intensidade de carbono vem declinando.
    • Em 2016, o Brasil emitiu 1,1 tCO2e para cada milhão de dólares de PIB (MUSD), enquanto a média global é de 0,7 tCO2e/MUSD. Para uma economia de baixo carbono em meados do século, estima-se que este valor deveria ser inferior a 0,1.