MONITORAMENTO DE DESASTRES NATURAIS PODE PARAR EM 2018
Em tempos de aquecimento global e aumento da força e da frequência de eventos climáticos extremos, o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) pode deixar de funcionar em 2018 por falta de recursos. Seu diretor, Luiz Leal de Moraes, diz que a verba é insuficiente para a manutenção dos mais de seis mil sensores de monitoramento espalhados por todo o Brasil e o pagamento dos salários dos pesquisadores.
A queda na verba do Cemaden acompanha a queda nas verbas para a prevenção de tragédias naturais no Brasil. Dados do Ministério das Cidades mostram que o volume total repassado aos municípios para prevenção de chuvas e desastres caiu 71% neste ano.
Para quem não sabe, o Cemaden monitora as áreas de vulnerabilidade ambiental e riscos de deslizamentos de encostas em 958 municípios do Brasil. É com base nos seus estudos que as Defesas Civis são avisadas sobre possíveis remoções, necessidades de obras emergenciais e podem emitir avisos de riscos. É também graças aos seus alertas que as prefeituras conseguem montar forças-tarefas e organizar esquemas especiais em dias de temporal.
GREENPEACE ACUSA:
MADEIRA MANCHADA DE SANGUE SEGUE SENDO EXPORTADA
O Greenpeace acaba de divulgar um relatório mostrando que a madeireira Cedroarana continua operando normalmente e exportando madeira ilegal para a Europa e os EUA. A Cedroarana e a G.A. Madeiras são do madeireiro Valdelir de Souza, apontado pelo Ministério Público Federal como mandante do grupo de extermínio que, em abril, perto de Colniza, no Mato Grosso, torturou e matou nove colonos. O madeireiro está foragido. Com o relatório, o Greenpeace reforça sua campanha para que os governos aumentem a fiscalização e proíbam a entrada de madeira ilegal em seus países.
http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Madeira-manchada-de-sangue/
https://exame.abril.com.br/brasil/brasil-exporta-madeira-manchada-por-homicidios-diz-greenpeace/
PROGRAMA DE INCENTIVO A MONTADORAS FAZ CARRO DE LUXO PAGAR MENOS IMPOSTO QUE POPULAR
O Rota 2030 ainda não saiu do papel e já está precisando ser reescrito para corrigir uma distorção gritante. O programa é uma lista de incentivos fiscais (isenção de tributos) para as montadoras que aderirem e se comprometerem a metas de aumento de eficiência dos seus carros. Acontece que ele também é usado para incentivar montadoras de carros de luxo a se instalarem no país. Para isso, mantém um imposto de importação bem alto e dá uma baita isenção para os luxuosos que vierem para cá. Só que alguém fez uma continha e descobriu que elas teriam que recolher 11% de IPI (imposto sobre produto industrializado) enquanto um carro popular recolheria 22%.
Não se pode acusar o governo de ser incoerente: com a MP 795 quer dar o dinheiro do contribuinte para Exxon, Shell e BP explorarem o pré-sal e, como o Rota 2030, quer dar também para BMW, Audi, Land Rover, Jaguar e Mercedes e coleguinhas produzirem carros de luxo para o povo brasileiro.
Técnicos do governo informaram que vão retirar do Rota 2030 o excesso de incentivos para os carros de luxo.
O VAI E VEM DA ENEL, MAIOR EUROPEIA DA ENERGIA
Em setembro, a Enel, a maior geradora/distribuidora europeia de eletricidade, arrematou a hidrelétrica de Volta Grande por R$ 1,4 bilhão e, nesta semana, seu presidente disse ao O Globo que planeja investir mais R$ 11 bilhões até 2019 no Brasil, metade para novos projetos e metade nas operações existentes. Aparentemente a empresa está “de bem” com o Brasil, não é mesmo?
No entanto, ela acaba de anunciar que cortará investimentos programados para a América do Sul, por entender que a região comporta muitos riscos. O anúncio foi feito em meio a anúncios de investimento em geração distribuída e sistemas de gerenciamento da demanda a partir das chamadas “smart-grids”. A empresa destinará 80% do orçamento destinado a novos negócios na Itália, na Espanha, em Portugal, na América do Norte e na América Central.
PARA A ECONOMIST, É QUASE IMPOSSÍVEL MANTER O AUMENTO DA TEMPERATURA ABAIXO DE 2°C
Artigo da Economist da semana passada afirma que, para limitar o aumento da temperatura média global em 2°C, será preciso remover CO2 da atmosfera, e rapidamente. Segundo o artigo, no atual andar da carruagem, não será possível limitar as emissões de gases de efeito estufa em tempo hábil para estabilizar a temperatura dentro do limite estipulado em Paris. Um dos argumentos dados é que uma das consequências da saída dos EUA do Acordo é a possibilidade de mais países subirem no mesmo vagão. O artigo ainda conta que quase todos os 116 modelos climáticos do IPCC indicam que, para manter a temperatura dentro dos limites de Paris até o final do século, será preciso remover 800 bilhões de toneladas de CO2 da atmosfera, uma quantidade 20 vezes maior do que a emitida pelo mundo hoje. O artigo explica que não há tecnologia ou processo capaz de dar conta do recado, seja do ponto de vista da técnica, seja por aumentar os custos a ponto de economia nenhuma conseguir suportar. Assim, a veneranda revista liberal prevê que o limite de Paris virou uma tarefa quase impossível.
HSBC ACUSADO DE FINANCIAR PLANTA A CARVÃO NO VIETNÃ QUEBRANDO REGRA DA UNIÃO EUROPEIA
No começo do mês, o HSBC se comprometeu a criar um fundo de US$ 100 bilhões para enfrentar a mudança do clima e, também, que até 2030 estaria comprando eletricidade apenas de fontes renováveis e deixando de comprar eletricidade gerada em térmicas a carvão bem antes disso. Só que na semana passada, a Market Forces, uma organização associada ao Friends of the Earth Austrália, registrou uma reclamação junto a autoridades financeiras do Reino Unido e da União Europeia por conta de uma operação de cofinanciamento de uma térmica a carvão no Vietnã feita pelo HSBC e um banco da Rússia. A reclamação se baseia na proibição de negócios com bancos russos existente desde a invasão russa na Crimeia.
Fora pegar mal se pintar de verde e financiar uma operação a carvão.
TRUMP ESCONDE ORÇAMENTO PARA PLANOS DE AUMENTO DA RESILIÊNCIA DE CIDADES FRENTE À MUDANÇA DO CLIMA
Colocaram uma lupa no orçamento do governo Trump e, no meio do capítulo de atendimento a emergências, encontraram bem escondidinho uma ampliação do plano de Obama para aumentar a resiliência de cidades frente à mudança do clima. São US$ 12 bilhões alocados para reforços estruturais, planejamento do uso da terra, adaptação de códigos de obras para tornar as edificações mais resistentes a desastres climáticos e, até, a compra, por parte do governo federal, de áreas com alto risco de inundação. Para um governo que diz não acreditar na mudança do clima, a quantidade de bilhões surpreendeu.
Na semana passada saíram os resultados de uma pesquisa periódica feita pela Universidade de Yale indicando que 22% dos norte-americanos estão “bastante preocupados” com a mudança do clima e 63% estão “pelo menos um pouco preocupados”. A fração dos “muito preocupados” dobrou de 2015 para cá. Talvez esses 85% de preocupados tenha preocupado quem preparou o orçamento de Trump. Se isso já é um progresso, a pesquisa mostra que o caminho à frente ainda será árduo: pouco mais de metade dos entrevistados entende que o aquecimento global é produto da atividade humana e um terço acha que as causas são naturais.
NASDAQ: RENOVÁVEIS CRESCEM E FÓSSEIS DESAPARECEM
No meio de posts sobre os sobe e desce da bolsa Nasdaq, apareceu um dizendo que, os muitos investidores que se aferram ao movimento das bitcoins estão perdendo uma enorme oportunidade com as fontes renováveis de energia. Primeiro, o autor garante que as renováveis não são uma moda passageira, pelo contrário, ganharam vida própria nos últimos meses. Ele explica que, durante muito tempo, o valor das ações das renováveis acompanhou o preço do barril de petróleo: quando este subia, as renováveis ficavam mais competitivas e seu valor de mercado subia junto. Isso começou a mudar no começo do ano quando a participação das renováveis na matriz elétrica americana simplesmente dobrou e ganhou vida própria. Primeiro o preço da eletricidade eólica caiu e continua caindo, ainda que mais lentamente. E a bola da vez é a fotovoltaica, que analistas acham que ainda tem espaço para seu preço cair ainda mais. Tudo isso enquanto o preço do barril ficou relativamente estável nos últimos quatro anos.
Com a pressão internacional para que fundos de pensão e de investimento saiam de empresas fósseis, as curvas de valor de mercado continuarão a divergir cada vez mais.
TODD STERN: ACORDO DE PARIS PODE CONTINUAR SEM OS EUA DE TRUMP
Daniela Chiaretti entrevistou na COP23 o advogado Todd Stern, o principal negociador norte-americano do clima na era Obama. Nas palavras da própria Daniela, “ele disse que a saída dos EUA do Acordo de Paris foi um equívoco de Donald Trump e que “só se ele for convertido no ‘Caminho de Damasco’, os EUA voltam a ter liderança nas negociações”. Diz que “nem tudo está perdido e recusa o apelo apocalíptico, evidenciando a reação de governos locais, ONGs e empresas em seu país em manter a rota do acordo climático… Foi incrível escutar a visão de futuro do Acordo de um de seus principais arquitetos”.
http://www.valor.com.br/internacional/5203175/stern-aponta-equivoco-de-trump
O QUE OS CHINESES PENSAM SOBRE A MUDANÇA DO CLIMA
No site do ClimaInfo, o resumo executivo de uma pesquisa sobre as percepções das mudanças climáticas pelo povo chinês. A pesquisa entrevistou mais de 4 mil pessoas entre agosto e outubro deste ano, abordando seis grandes tópicos: crenças, impactos, resposta, políticas, execução e comunicação sobre mudanças climáticas. 93% disseram saber pelo menos alguma coisa sobre a mudança do clima, embora apenas 4% disseram saber muito a respeito. Mais de 94% sabem que o clima está mudando e 66% sabem que a atividade humana é a causa principal. 78% disseram que as gerações futuras serão impactadas. E 74% disseram que pagariam um pouco mais para comprar produtos climaticamente adequados.
O site traz mais informações no sumário em português e os resultados completos no relatório em inglês.
http://climainfo.org.br/2017/11/23/1022/
DADOS SOBRE DESMATAMENTO DE ROUPA NOVA
O INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais) lançou a plataforma Terra Brasilis. Com imagens e dados do Prodes, a plataforma fornece dados sobre o desmatamento da Amazônia por município, estado, unidade de conservação, dentre outras possibilidades.
http://terrabrasilis.info/composer/PRODES
http://www.oeco.org.br/blogs/salada-verde/inpe-lanca-novo-portal-sobre-desmatamento-na-amazonia/
Para ler:
1499 – O BRASIL ANTES DE CABRAL
HarperCollins Brasil; 2017
A pré-história do Brasil era povoada por pequenas tribos de índios nus caçando e coletando, certo? Nada disso. No livro 1499, Reinaldo José Lopes vasculha o impressionante conjunto de novos estudos arqueológicos que revela uma região dinâmica, com populações densas, tradições artísticas vibrantes e “super-aldeias” que mais pareciam cidades em plena Amazônia. Ótima leitura. E um ótimo presente para aquele ser do teu lado que acha que “tem terra demais para índio de menos” no Brasil de hoje.
À venda nas livrarias Saraiva, Cultura, da Travessa e Cia dos Livros.
http://www.harpercollins.com.br/search/1499/
Para ver:
INSURGÊNCIA
Um documentário de pouco mais de cinco minutos sobre uma manifestação em Correntina, no sertão baiano, que protestou contra o agronegócio que explora a pouca água que sobrou nos rios da região e a complacência das autoridades.
Para ver:
SÉRIE DE DOCUMENTÁRIOS – O AMBIENTALISTA
Crimes ambientais chegam a movimentar US$ 200 bilhões anualmente, em todo o mundo, segundo a ONU. Os documentaristas percorreram o Brasil de norte a sul investigando como esses crimes e impactos afetam pessoas e locais diariamente. A primeira temporada da série de documentários O Ambientalista estreia em dezembro, no Cinebrasil TV.
http://www.cinebrasil.tv/index.php/series/?serie=AMB
http://www.cinebrasil.tv/index.php/localize-o-canal
Para ler:
REDUÇÃO DE VULNERABILIDADES A DESASTRES: DO CONHECIMENTO À AÇÃO
Lançado na última 4a feira, o livro é produto de pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Elaborado com a participação de mais de 80 autores de 12 países, o livro é dividido em quatro seções: modelos conceituais para a compreensão da vulnerabilidade; contextos geográficos e históricos; vulnerabilidade como conceito e sua avaliação quantitativa e qualitativa.
O livro impresso pode ser comprado em:
Em breve, o e-book gratuito estará disponível no site do livro: https://preventionroutes.weebly.com/capiacutetuloschapters.html
Mais informações em:
Para ir:
SEMINÁRIO NACIONAL DO CERRADO – COMO CONCILIAR PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA E CONSERVAÇÃO DA SOCIOBIODIVERSIDADE?
05/dezembro, das 09:00 – 18:30.
Auditório Alvorada, Brasília Palace Hotel, SHTN Trecho 1, lote 1
Com a participação dos ministros Sarney Filho e Blairo Maggi, pesquisadores e organizações da sociedade civil, associações empresariais e corporações.
Inscrições enviando um e-mail para [email protected]
http://conaq.org.br/noticias/seminario-nacional-do-cerrado/
Para se inscrever:
PRÊMIO JOVEM CIENTISTA
Na sua 29a edição, o tema do projeto deve girar em torno do eixo “Inovações para conservação da natureza e transformação social”.
O CNPq vai colocar um novo site com mais detalhes em breve.
http://www.jovemcientista.cnpq.br/