ClimaInfo, 20 de abril 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

BNDES E BANCO DOS BRICS INICIAM FINANCIAMENTO CONJUNTO DE RENOVÁVEIS

O BNDES e o Banco dos Brics, o New Development Bank (NDB), fecharam uma operação conjunta com o grupo Casa dos Ventos para a construção do parque eólico Araripe-3, que terá 156 aerogeradores com capacidade total de geração de 358 MW. Ontem foi feito o primeiro desembolso de US$ 67,3 milhões, o maior já realizado pelo NDB. No ano passado, os dois bancos firmaram um contrato pelo qual o NDB financiaria US$ 300 milhões para projetos de energia renovável.

https://epocanegocios.globo.com/Economia/noticia/2018/04/epoca-negocios-bndes-e-banco-dos-brics-fazem-1o-desembolso-no-brasil-para-parques-eolicos.html

 

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RECOMENDA AO IBAMA BARRAR A EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO NA FOZ DO RIO AMAZONAS

Depois de cientistas, ONGs e a mídia internacional, ontem foi a vez do Ministério Público se manifestar a respeito da exploração de petróleo exatamente em cima de um dos maiores bancos de corais do mundo, na foz do Rio Amazonas. O Ministério Público Federal no Amapá considera que o Estudo de Impacto Ambiental da petroleira francesa Total é insuficiente e recomendou ao Ibama que não dê a licença para a Total iniciar os trabalhos de exploração. O MPF entendeu que há o risco de uma destruição em larga escala do meio ambiente e entende ser obrigação do Estado agir antecipadamente, aplicando os princípios da prevenção e da precaução. Já no ano passado, o Ibama havia pedido à Total uma reavaliação dos impactos potenciais. Agora, o MPF analisou a documentação e ainda entende que falta muita coisa. A bola voltou para a Total que, até agora, não se manifestou. Também não há notícias sobre o pedido da petroleira britânica BP, que também tem a concessão de exploração de petróleo na região dos corais.
http://www.mpf.mp.br/ap/sala-de-imprensa/noticias-ap/corais-da-amazonia-mpf-recomenda-ao-ibama-negar-licenca-de-exploracao-a-empresa-total

https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2018/04/18/mpf-pede-que-ibama-indefira-exploracao-de-petroleo-na-foz-do-amazonas.htm

 

MAIS UMA ESTRADA PARA ESCOAR SOJA E MILHO PARA A CHINA

O projeto que pretende ligar o Mato Grosso do Sul aos portos de Antofagasta e Iquique, no Chile, está avançando e com apoio do novo governo chileno. O traçado desta nova rota começa em Porto Murtinho, já na fronteira com o Paraguai, onde seria construída uma ponte binacional. A partir daí seria construída uma estrada ligando Capitán Carmelo Peralta até Loma Plata. De lá, já existe uma rota que, passando pelo norte da Argentina, atravessa os Andes e chega aos portos chilenos. A ponte e o novo trecho de estrada devem custar quase US$ 500 milhões e talvez seja necessário duplicar a estrada do Paraguai ao Chile. Em todo caso, este é bem mais em conta do que outro projeto, o de uma ferrovia que sairia do norte de Mato Grosso, passando por Rondônia e atravessando os Andes, no Peru, até chegar no Pacífico. Recentemente, a ferrovia estava cotada em torno de US$ 30 bilhões, 60 vezes mais cara. Um problema, porém, parece ser incontornável em qualquer dos dois projetos. Os trens ou caminhões seguiriam carregados de grãos e voltariam praticamente vazios, funcionando quase como uma esteira transportadora.

http://www.valor.com.br/brasil/5465133/chile-quer-acelerar-criacao-de-corredor-bioceanico-realista


OS BENEFÍCIOS DA REDUÇÃO DA POLUIÇÃO DO AR URBANA E DAS EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA NA AMÉRICA LATINA

A ONU Meio Ambiente e a Coalizão Clima e Ar Limpo publicaram uma  avaliação integrada dos chamados poluentes climáticos de vida curta. O trabalho é focado na América Latina e Caribe. A palavra “vida”, no caso, se refere à permanência dos poluentes na atmosfera e a palavra “curta” indica permanência destes poluentes na atmosfera, em geral, de menos de 20 anos. Mas, durante esta curta vida curta, muitos destes poluentes causam impactos importantes à saúde, ao ambiente e ao clima. O metano é 28 vezes mais impactante para o clima do que o CO2 e permanece, em média, 12 anos na atmosfera. Alguns hidrofluorcarbonos são milhares de vezes mais potentes do que o CO2 e duram entre 10 e 15 anos. Um dos mais importantes é a parte bem pequena da fuligem, partículas menores que 0,0025 milímetros, denominadas PM2.5. Estas são responsáveis por sérios problemas respiratórios e de circulação, aumentam a prevalência de AVCs e crises cardíacas. Também aumentam o aquecimento global e permanecem na atmosfera, em média, 2 semanas.

O trabalho identificou uma série de ações capazes de diminuir os poluentes de vida curta que trariam num triplo benefício: reduziriam em 0,9oC o aquecimento global, evitariam a perda de entre 3 a 4 milhões de toneladas de milho, arroz, trigo e soja todo ano e, diminuindo as emissões de PM2.5, reduziriam em 26% o número de mortes prematuras.

O trabalho contou com a participação de mais de 100 cientistas do Brasil e da América Latina.

http://ccacoalition.org/en/resources/integrated-assessment-short-lived-climate-pollutants-latin-america-and-caribbean


O RACISMO DO SISTEMA DO FRAQUEAMENTO NOS EUA

Em 2013, a Mineral Resources ganhou a concessão de exploração de uma área por fraqueamento hidráulico, o fracking, no estado norte-americano de Nevada. A área fica a pouco mais de 100 metros de uma escola particular frequentada, majoritariamente, por brancos de classe média. Nada contentes com a potencial contaminação promovida pelo fracking, os pais dos alunos se juntaram com a vizinhança da escola e fizeram pressão suficiente para que a Mineral Resources adiasse a perfuração naquela área. No ano seguinte, a empresa foi comprada pela Extraction Oil and Gas, que desistiu formalmente alegando que ficava perto demais da escola e da sua área de recreação. A empresa começou a prospectar outra área e encontrou uma a 80 km da primeira. Esta fica ainda mais próxima à outra escola, na qual 87% dos alunos são de ascendência latina, afro-americana ou de outras origens. Mais de 90% dos alunos vêm de famílias consideradas pobres. Novamente, pais e vizinhos da escola protestaram, mas desta vez a agência reguladora do estado de Nevada deu a licença para a empresa começar a fraquear. ONGs ambientais e de defesa racial entraram com uma ação contra a agência reguladora. Nem a agência, nem a empresa responderam aos contatos da Mother Jones, que reportou o caso.

https://www.motherjones.com/environment/2018/04/an-oil-company-faced-pushback-about-fracking-near-a-charter-so-it-moved-next-to-a-low-income-public-school/

 

EÓLICAS SUPREM 6,3% DE TODA A ELETRICIDADE NORTE-AMERICANA

A AWEA (Associação Norte-americana de Energia Eólica) anunciou que as eólicas bateram novo recorde no país, gerando 6,3% de toda a eletricidade consumida no ano passado. Nos estados de Iowa, Kansas, Oklahoma e Dakota do Sul, a fonte supriu mais de 30% da demanda e em outros 14 estados supriu mais de 10%.

A geração eólica ainda foi responsável por mais de 100 mil empregos. O carvão, com toda ajuda de Trump, emprega menos da metade.

http://ieefa.org/wind-tops-6-of-u-s-generation-in-2017-a-new-record

 

DEPOIS DOS BARCOS, OS CAMINHÕES EUROPEUS TERÃO QUE REDUZIR SUAS EMISSÕES

No ano passado, a União Europeia prometeu definir metas de aumento de eficiência e redução de emissões de caminhões. Nesta semana, um grupo de empresas, dentre as quais Unilever, Ikea, Nestlé e Carrefour, pediram um aumento de eficiência que significasse um corte de 24% no consumo de combustível até 2025. As empresas argumentam que, depois do carvão, o transporte “é o principal problema climático da Europa”. Mais, elas também pediram para tornar mandatórias quotas de vendas de caminhões sem emissões, os elétricos. Segundo as empresas, caminhões mais eficientes acabam saindo mais barato para quem tem que pagar o frete, e as quotas ajudariam a reduzir os preços dos caminhões elétricos. A Europa ainda não impôs limites de emissão para caminhões, ao contrário dos existentes nos EUA, assim como no Japão, no Canadá e na China. Na Europa, as emissões dos caminhões correspondem a 25% das emissões totais do setor de transportes.

Em tempo: as emissões dos caminhões que operam no Brasil são equivalentes à metade das emissões do setor transportes.

https://www.ft.com/content/f27305a0-422c-11e8-803a-295c97e6fd0b

https://www.reuters.com/article/eu-trucks-emissions/eu-considering-interim-2025-target-for-truck-co2-standards-idUSL8N1RO5WN


OS IMPACTOS NEGATIVOS DO CRESCIMENTO RÁPIDO DA ENERGIA SOLAR NO JAPÃO

Dos países desenvolvidos, o Japão é um dos mais atrasados na promoção de fontes renováveis. O acidente de Fukushima deu um empurrão importante e várias centrais fotovoltaicas começaram a ser projetadas. Mas várias estão sendo contestadas pelos impactos ambientais que estão provocando. Numa delas, os painéis vão flutuar num lago e os moradores e pescadores temem impactos negativos sobre a pesca. Em Kamogawa, a construção de uma planta de 30 MW desmatou 300 hectares de floresta virgem. Um relatório do Instituto de Energia Renovável do Japão reconhece que há uma preocupação crescente com os impactos que as plantas fotovoltaicas causarão em áreas de importância natural e histórica. Por exemplo, desmatar áreas montanhosas de florestas densas, aumenta o risco de deslizamentos e de inundações. Um artigo sobre o assunto publicado no Guardian diz que “enquanto as autoridades locais enxergarem as grandes plantas fotovoltaicas como fonte de arrecadação de impostos – além de eletricidade barata – os opositores serão impotentes para sustar sua construção”.

https://www.theguardian.com/world/2018/apr/19/japans-renewable-energy-puzzle-solar-push-threatens-environment

 

O VELHO OESTE DOS EUA ESTÁ EM CHAMAS

Os muitos focos de incêndio que ocorrem no estado de Oklahoma já provocaram mortes de pessoas e, principalmente, de cabeças de gado, e vêm causando muito prejuízo. Durante dias, ventos fortes (de até 130 km/h), temperaturas acima de 35oC e umidade relativa abaixo de 5% espalharam e alimentaram as chamas por todo o estado. No final do ano passado, climatólogos diziam que os riscos de ocorrência deste tipo de incêndio estavam aumentando rapidamente.

Ainda sobre os incêndios no velho oeste, pesquisadores analisaram 1.500 áreas florestais nas Montanhas Rochosas que sofreram incêndios entre 1998 e 2011. Eles descobriram que parte importante destas florestas não estava se recuperando plenamente depois de um incêndio. Em alguns casos, não houve recuperação alguma. O número de áreas onde houve uma recuperação total caiu pela metade desde o começo do século. É fácil ver que um clima mais quente e seco favorece a ocorrência de mais incêndios e mais fortes. O que os pesquisadores concluíram é que o clima mais seco e mais quente dificulta a germinação das sementes e o desenvolvimento das árvores. Assim, florestas densas de grandes árvores darão lugar a florestas menos densas com árvores mais finas. E, em alguns lugares, darão lugar a uma vegetação mais baixa, ou até rasteira. Uma espécie de savanização das Rochosas. https://www.reuters.com/article/us-oklahoma-wildfires/wind-fanned-wildfires-threaten-to-spread-in-parched-oklahoma-idUSKBN1HO2TJ

https://www.seattlepi.com/news/us/article/Wind-whipped-wildfires-destroy-homes-prompt-12844133.php

https://stateimpact.npr.org/oklahoma/2017/12/07/what-scientists-say-a-warming-climate-might-mean-for-oklahoma/

https://www.outsideonline.com/2298241/some-forests-arent-returning-after-wildfire

 

REVELADO NOVO PROCESSO QUE ESTÁ ACELERANDO O DERRETIMENTO DAS GELEIRAS DA ANTÁRTICA

Um estudo aponta para mais um processo que explica porque a Antártica está derretendo mais rapidamente e, assim, aumentando o nível dos oceanos. Foi observado que a água derretida das geleiras, quando chega ao mar, forma uma camada menos salgada e menos densa na superfície. Esta camada impede a circulação vertical e a troca com águas mais profundas que permanecem mais quentes, acelerando o derretimento das geleiras pelo lado até então tido como o mais frio, o lado de baixo.

http://advances.sciencemag.org/content/4/4/eaap9467

https://www.sciencedaily.com/releases/2018/04/180418141520.htm

 

Para registrar

ONTEM, 19 DE ABRIL, FOI O DIA DO ÍNDIO

As denúncias de invasões, massacres e outros atos genocidas são o quadro da luta pela sobrevivência dos povos indígenas. Um cenário bastante diferente de 519 anos atrás, contado por Reinaldo José Lopes no livro “1499: O Brasil antes de Cabral”. O livro pode ser baixado – de graça – no penúltimo link. No último link, uma mensagem do jornalista André Trigueiro sobre o dia do índio.

https://www.cimi.org.br/2018/04/eu-vim-a-onu-pedir-ajuda-para-que-nao-ocorra-um-massacre-contra-o-meu-povo/

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-04/um-milhao-de-indigenas-brasileiros-buscam-alternativas-para-sobreviver

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2018/04/19/interna_cidadesdf,674715/dia-do-indio-indigenas-reforcam-luta-contra-preconceito-e-estereotipo.shtml

http://lelivros.cricket/book/baixar-livro-1499-o-brasil-antes-de-cabral-reinaldo-jose-lopes-em-pdf-epub-mobi-ou-ler-online/

https://youtu.be/y-uMAYjpZTU

 

Para inscrever a empresa

PRÊMIO “SP DE BIKE AO TRABALHO 2018”

Estão abertas as inscrições para o prêmio que a Bike Anjo, em colaboração com o Instituto Ethos e a GCCA (Global Call for Climate Action),  promove todo ano. O prêmio é voltado para organizações da cidade de São Paulo que incentivam seus colaboradores a irem de bicicleta ao trabalho. São avaliados a inovação, a perenidade e o impacto das iniciativas. Os prêmios são dados por tamanho da empresa: pequena (até 30 empregados), média (até 250 empregados) e grande (com mais de 250 empregados). Podem participar empresas, organizações da sociedade civil, entidades governamentais e demais instituições com sede, escritórios e afins na cidade de São Paulo.
A entrega dos prêmios está marcada para o dia 11 de maio de 2018, das 9h às 13h, no Sesc Pinheiros, em São Paulo/SP.
Inscrições no site até 27 de abril
https://debikeaotrabalho.org/premio/

 

Para ler

THE SILURIAN HYPOTHESIS: WOULD IT BE POSSIBLE TO DETECT AN INDUSTRIAL CIVILIZATION IN THE GEOLOGICAL RECORD?

Como estamos no começo de uma nova era geológica, surgiu a pergunta sobre se vamos deixar alguma marca no registro geológico. Que tipo de traço geológico deixaria uma civilização industrial? Seriam estes traços detectáveis milhões de anos depois? É o que tentam responder o climatologista Gavin A. Schmidt, do Goddard Institute for Space Studies, e o astrofísico Adam Frank, da Universidade de Rochester em artigo publicado recentemente no International Journal of Astrobiology. Os autores partem de uma síntese do que seria a impressão digital geológica do Antropoceno para demonstrar que esta, embora clara, não se diferenciaria muito, e em muitos aspectos, de outros eventos conhecidos do registro geológico. Os autores propõem testes que poderiam, plausivelmente, distinguir uma causa industrial de eventos naturais.
https://www.cambridge.org/core/journals/international-journal-of-astrobiology/article/silurian-hypothesis-would-it-be-possible-to-detect-an-industrial-civilization-in-the-geological-record/77818514AA6907750B8F4339F7C70EC6

 

Para continuar a ler

UNDER THE SUN

Gavin Schmidt, que além de cientista reconhecido é um premiado divulgador da ciência, publicou, ao mesmo tempo que o artigo mencionado na nota anterior, uma pequena ficção sobre o processo de publicação e sobre as potenciais ramificações do seu trabalho não-ficcional. Na história, a pesquisadora Stella anda às voltas com montes de contas a pagar e com a análise de amostras de lama oceânica de milhões de anos, enquanto mal ouve na rádio local notícias sobre a intensificação dos conflitos na península coreana. Stella quebra a cabeça para montar a história do que teria acontecido num curto intervalo de tempo no qual os indicadores ambientais se tornam bizarros, mostrando a coincidência naquele estranho período de sérias mudanças ambientais e traços de poluentes sintéticos que simplesmente não existem nos sistemas naturais, pelo menos até onde se sabe.
https://motherboard.vice.com/en_us/article/3kj4y8/gavin-schmidt-fiction-under-the-sun

 

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