ClimaInfo, 10 de maio 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

SENADO APROVA CRIAÇÃO DE FUNDO DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL DE APOIO AO ICMBIO

Não só de retrocessos vive o congresso. Na 3a feira, o senado aprovou a Medida Provisória que autoriza o ICMBio a escolher um banco público para administrar o fundo que receberá recursos arrecadados com a compensação ambiental. O fundo financiará Unidades de Conservação da União. Em especial, no momento inicial, pagará as desapropriações de imóveis feitas quando da criação das UCs, tema que vira e mexe é alvo da ala grileira da bancada ruralista. Segundo o ICMBio, o fundo terá acesso a cerca de R$ 1,2 bilhão atualmente represado, do qual cerca de R$ 800 milhões seriam destinados à regularização fundiária das UCs. A MP agora segue para a sanção da presidência da república.

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2018/05/08/senado-aprova-mp-que-cria-fundo-para-compensacao-ambiental

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2018/05/09/143543-senado-aprova-mp-que-cria-fundo-para-compensacao-ambiental.html

 

DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA PERUANA CHEGA A 1.200 KM2 POR ANO

No Peru, o Programa Nacional de Conservação de Florestas (PNCB) do Ministério do Meio Ambiente contabilizou a perda de quase 20.000 km2 de floresta amazônica entre 2001 e 2016, o que dá mais de 1.200 km2 por ano. A floresta no Brasil é cerca de 5 vezes maior do que a peruana. Para comparar, o desmatamento aqui, no mesmo período, foi 10 vezes maior. Lá também a floresta sente a pressão da pecuária, da agricultura e da exploração ilegal da madeira, além do narcotráfico. O garimpo na província de Madre de Dios consegue fazer um estrago ainda maior que o daqui. Em 2016, estima-se que tenha desmatado quase 200 km2. As atividades são majoritariamente exercidas por pequenos produtores que usam muito mercúrio para separar o ouro. O mercúrio não é lavado pelos rios, fica no solo, dificultando a recuperação da floresta.

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2018/05/09/143531-mais-de-120-000-hectares-de-florestas-desaparecem-na-amazonia-peruana-por-ano.html

 

MP DA ELETROBRAS: APROVADO RELATÓRIO QUE AUMENTA A CONTA DE LUZ E CRIA O DUTOGAS

O relator da Medida Provisória que autoriza a privatização da Eletrobras incluiu vários itens que, além de aumentarem a conta de energia, tiram dinheiro da saúde e da educação para construir gasodutos. A MP original tinha 4 artigos que abriam a possibilidade de privatizar partes da Eletrobras. Ontem, a comissão especial do congresso aprovou o relatório do deputado Julio Lopes, com 27 artigos.

O relator deve estar incomodado com os recursos para a saúde e a educação, pois quer tirar uma parte dos royalties dedicados a estas pastas para construir gasodutos. Talvez porque o presidente da Comissão Especial seja senador pelo Amazonas, um dos estados que reclama da falta de investimentos em gasodutos.

Lopes também incluiu uma ajudinha para a usina nuclear Angra 3, aquela que ninguém consegue terminar há mais de 40 anos. Há tempos, alguém inventou uma tarifa especial, cobrada de todos os consumidores, para pagar a energia que a usina não gera. Lopes, sensibilizado pela usina não conseguir pagar seus empréstimos, incluiu um aumento desta tarifa.

Outra mexida estranha foi feita sobre a Tarifa Social. Hoje, existem faixas diferentes de descontos para consumidores de baixa renda cadastrados em função do consumo de cada um. Quem consome muito pouco, menos de 60 kWh por mês, paga um terço da conta. Quem consome um pouco mais, paga um tanto mais, e a escala vai até um consumo mensal de 220 kWh. Lopes quer mudar a régua e dar energia de graça para quem consome até 80 kWh, ponto final. Perde-se o escalonamento dos descontos que tem, dentre outras, a função didática de estimular a economia de energia. Quem consumia entre os 80 kWh e o limite de 220 kWh vai perder o desconto, mesmo continuando a ter baixa renda. A medida pode levar os “gatos” dos muito pobres para as casas daqueles um pouco menos pobres.

A nova MP instaura um novo preço para o gás vendido pela Petrobras às térmicas. Este preço está congelado há muito tempo e, recentemente, a Petrobras preferiu pagar a multa a vender o gás ao preço baixo estipulado. A proposta de Lopes fará o preço do gás para as térmicas mais que dobrar do dia para a noite, claro que com um repique automático na conta de energia de todos.

Até no Código Florestal o moço inventou de mexer, isentando da obrigatoriedade de realizar o CAR (Cadastro Ambiental Rural) “concessionários, permissionários ou autorizados de empreendimentos de geração, subestações, linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica”. Tal como redigido, isso pode ser interpretado de modo a isentar plantações de cana associadas a uma térmica a bagaço e as plantações de eucalipto e pinheiro das fábricas de papel, por terem térmicas a cavaco.

Azar de quem votou no Julio Lopes. Azar de todos nós.

O relatório vai para votação no plenário e depois para a sanção de Temer.

http://www.valor.com.br/politica/5511303/relator-propoe-teto-menor-para-gratuidade-de-tarifa-social-de-energia#

 

ENERGIA RENOVÁVEL GERA MAIS DE 10 MILHÕES DE EMPREGOS NO MUNDO

A energia renovável emprega atualmente 10,3 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com novos dados da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA). O setor está crescendo rapidamente e criou mais de 500 mil empregos em 2017, um aumento de 5,3% em relação a 2016. A energia solar é responsável pela maior parte destes empregos, com 3,4 milhões de pessoas empregadas em pesquisa, produção, instalação e manutenção de painéis solares, o que representa um aumento de 9% em relação a 2016. No segundo lugar, vêm os biocombustíveis líquidos, com 1,9 milhão de empregos; em terceiro lugar, vem a hidreletricidade, com 1,5 milhão. Por outro lado, a eólica perdeu ligeiramente empregos em 2017, ficando com 1,15 milhões de postos de trabalho. A China abriga 65% dos empregos solares do mundo e 43% de todos os empregos em energia renovável. E 4/5 de todos os empregos do setor estão na Ásia. No Brasil, as renováveis geram mais de 1 milhão de empregos, principalmente nos biocombustíveis e na hidreletricidade.

O diretor geral da IRENA, Adnan Amin, disse que “os dados ressaltam um quadro cada vez mais regionalizado… em países onde existem políticas atrativas, os benefícios econômicos, sociais e ambientais das energias renováveis são mais evidentes”.

http://irena.org/publications/2018/May/Renewable-Energy-and-Jobs-Annual-Review-2018

https://e360.yale.edu/digest/renewable-energy-now-employs-10-3-million-people-globally

 

SOFTWARE LIVRE ESTIMA E MAPEIA EMISSÕES DE POLUENTES VEICULARES

Um modelo desenvolvido no IAG-USP permite estimar o volume de poluentes emitidos pelos veículos em cada via e em cada horário do dia. O modelo cruza informações sobre o tráfego com fatores de emissão dos modelos de veículo em circulação para gerar as estimativas e gerar mapas que indicam os locais e horários onde há mais emissão de poluentes. Nos testes feitos na região metropolitana da Grande São Paulo, “as maiores concentrações de monóxido de carbono e hidrocarbonetos são registradas nas vias marginais dos rios Tietê e Pinheiros, e os níveis mais elevados de material particulado e óxidos de nitrogênio se encontram no Rodoanel Metropolitano, via de maior fluxo de veículos pesados, principais emissores destes poluentes. Segundo o pesquisador Sérgio Espinosa, enquanto as concentrações dos outros poluentes têm apresentado tendência de queda em São Paulo, o nível de ozônio na atmosfera tem aumentado nos últimos anos. Ele diz que o ozônio “acarreta um elevado custo social, pois causa problemas de saúde, aumento da mortalidade e efeitos nocivos ao meio ambiente”. Espinosa ressalta que, na região, 70% do material que forma o ozônio é emitido à atmosfera pelos veículos.
Está aí uma boa ferramenta de gestão ambiental da poluição do ar. E com a vantagem de ser gratuita. Qualquer pessoa interessada pode usar, baixando do segundo link desta nota.
https://jornal.usp.br/tv-usp/software-calcula-emissoes-de-poluentes-por-veiculo-via-e-horario/

https://github.com/atmoschem/vein

 

IMPASSE EM BONN LEVA A NEGOCIAÇÕES CLIMÁTICAS EXTRAS EM 2018

Extraoficialmente, a ONU pensa em organizar uma rodada extra de negociações climáticas para setembro deste ano, em Bangcoc, por conta da “falta de brilho” das destas duas primeiras semanas de maio, em Bonn. Os negociadores dos países passaram os últimos dias discutindo as regras que devem reger o Acordo de Paris, mas “ficaram atolados em detalhes técnicos”. A decisão final sobre as regras do Acordo de Paris será tomada em dezembro, em Katowice, na Polônia.

Equador, Cuba e um grupo de países africanos fizeram força para descredenciar petroleiras e outras poluidoras das mesas de negociação do clima. As empresas participam ativamente dos vários grupos, sempre procurando enfiar uma brechinha aqui e uma postergaçãozinha ali. O grupo rico da União Europeia, somado aos EUA, Canadá, Noruega, Austrália e ao país sede da próxima COP, a Polônia, não permitiu que isto acontecesse e, ao menos por enquanto,  as empresas responsáveis pelo aquecimento global continuarão a ter assento nas mesas de negociações.

http://www.climatechangenews.com/2018/05/08/extra-climate-talks-scheduled-amid-bonn-stalemate/

http://www.climatechangenews.com/2018/05/09/bonn-morning-brief-bangkok-session/

 

SEGURADORA JAPONESA ADERE AO DESINVESTIMENTO

Na esteira de importantes seguradoras europeias, a japonesa Dai-ichi Life Insurance anunciou uma nova política deixando de financiar novas térmicas a carvão fora do Japão. Os países do sul e do sudeste da Ásia que continuarem instalando plantas desse tipo, não mais terão o apoio da Dai-ichi. Várias organizações da sociedade civil se juntaram para cumprimentar a empresa e pedir para que esta estenda a política à usinas no próprio Japão. Segundo um jornal japonês, a Nippon Life Insurance Company deve anunciar algo parecido em breve.

Por falar em seguros, o Comissário de Seguros da Califórnia rodou um teste de stress nas maiores seguradoras que atuam no estado para ver como estas lidam com os riscos climáticos e analisar seus investimentos em portfólios fósseis. Ele analisou empresas que detêm mais de US$ 500 bilhões em papéis emitidos por empresas de energia, dos quais US$ 10,5 bilhões em plantas térmicas a carvão.

Testes de stress desse tipo fazem parte das recomendações da TCFD – FSB (Força tarefa para a divulgação de informações financeiras relacionadas a riscos de mudança de clima, do Conselho de Estabilidade Financeira).

https://www.asahi.com/articles/DA3S13483061.html

https://www.revistaapolice.com.br/2018/05/companhias-de-seguros-deixam-de-financiar-projetos-de-carvao/

https://www.insurancejournal.com/news/west/2018/05/08/488649.htm

 

REINO UNIDO TRAMA PARA ENFRAQUECER LEIS CLIMÁTICAS EUROPEIAS ANTES DO BREXIT

A União Europeia traçou um plano de redução de emissões que se baseia, dentre outras, no aumento da eficiência energética e na redução da pegada de carbono das edificações. E parece que o governo de sua majestade está querendo aplicar um golpezinho no Parlamento Europeu antes do Brexit. A União Europeia fixou como meta reduzir seu consumo de energia em 20% até 2020, contando a partir de 2014. O governo inglês quer recuar a data inicial para 2010, o que incluiria ações que promoveu nestes 4 anos. Isto mudaria a meta final e todo mundo teria que fazer um esforço menor. O movimento irritou o pessoal da UE. O vice-presidente do comitê ambiental da UE, Benedek Jávor, disse que essas “flexibilizações são completamente loucas e solapam as ambições acordadas”. Uma deputada britânica de oposição acrescentou que um país que decidiu sair da União não tem o direito de ficar pedindo para mexer em assuntos desta seriedade.

https://www.theguardian.com/environment/2018/may/09/secret-uk-push-to-weaken-eu-climate-laws-completely-mad

 

O CUSTO AMBIENTAL DA SEDE CHINESA POR LEITE

A China tem cada vez mais sede de leite. Espera-se que, até 2050, o consumo seja 3 vezes maior que a produção de 2010. Um estudo publicado na Global Change Biology analisa algumas alternativas de atendimento a esta demanda crescente e suas implicações climáticas.

No cenário business-as-usual, que combina produção nacional e importação de leite sem alterações tecnológicas significativas, atender à demanda projetada para 2050 implicaria em um aumento de 35% nas emissões relacionadas de gases do efeito estufa da China e das regiões exportadoras de leite (de 565 para 764 milhões de tCO2e), e aumentaria, também, o uso da terra para a produção de ração em 32% (de 84 para 111 milhões de hectares), comparando com 2010.

Por outro lado, produzir todo o leite adicional na própria China com a tecnologia atual aumentaria muito a importação de ração animal: de 1,9 a 8,5 milhões de toneladas para concentrados e de 1,0 a 6,2 milhões de toneladas de forragem (alfafa); esta opção aumentaria em 2,2 vezes as emissões chinesas de GEE relacionadas em comparação com os níveis de 2010.

Já a importação do leite extra transferiria a carga ambiental da China para os países exportadores de leite, e estes podem ser, eventualmente, incapazes de produzir todo o leite adicional devido a limitações físicas, ambientais ou regulatórias. Para pensar em alguns exemplos: a área agrícola para o gado na Nova Zelândia teria que aumentar em mais de 57% (1,3 milhão ha) e, na Europa, em mais de 39% (15 milhões ha), enquanto as emissões de GEE e de nitrogênio aumentariam proporcionalmente à utilização de mais terras agrícolas.

Os autores do estudo concluem que um futuro lácteo mais sustentável dependerá da melhoria de produtividade do leite e da ração nas regiões com alta demanda (como a China) até o nível atual dos principais países produtores de leite. Isso diminuiria as emissões globais em 12% (redução de 90 milhões de tCO2e) e do uso da terra em 30% (redução de 34 milhões de hectares), em comparação ao cenário business-as-usual. No entanto, os autores avisam que, mesmo assim, comparando com os níveis de 2010, as emissões aumentariam em 19%, mas exigiram 8% menos terra.

https://www.ingentaconnect.com/content/bsc/gcb/2018/00000024/00000005/art00029

 

Para ir ou acompanhar

DE BIKE AO TRABALHO 2018 – A BICICLETA PELA SAÚDE EM SÃO PAULO

Amanhã, no dia nacional ‘De Bike Ao Trabalho’, um evento envolverá organizações, empresas, representantes da sociedade civil e do poder público para falar da importância da bicicleta, inclusive como estratégia de promoção de saúde. Serão apresentados casos de sucesso de empresas que apoiam a bicicleta entre seus colaboradores e rolará uma roda de conversa sobre os desafios que a cidade de São Paulo apresenta para que a bicicleta seja efetivamente incorporada à cultura de transporte na cidade.

Também serão anunciadas as empresas vencedoras do Prêmio SP de Bike ao Trabalho 2018.

Amanhã, 11 de maio, das 9h30 às 13h00, na Sala de Oficinas, no 2o andar do SESC Pinheiros.

Tem bicicletário no estacionamento, mas não esqueça seu cadeado.

Inscrições e a programação completa no link abaixo.

https://www.sympla.com.br/evento-de-bike-ao-trabalho__275161

 

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