ClimaInfo, 26 de junho 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

PL DO VENENO PASSA PELA COMISSÃO ESPECIAL

Os ruralistas conseguiram aprovar, na comissão especial do congresso, o relatório do deputado Luiz Nishimori sobre o PL do Veneno. Dois itens do relatório dão uma ideia da tragédia que se desenha. Hoje, o Ibama e a Anvisa (Vigilância Sanitária) têm poder de vetar o registro de um produto. Mas o PL cria uma câmara composta por vários ministérios – sob a liderança do ministério da agricultura – que, em votação, decide sobre a homologação dos produtos. Ibama e Anvisa perdem seu poder de veto, fazendo com que a decisão deixe de ser técnica para se tornar política. Hoje, também, o Ibama e a Anvisa não têm prazo definido para concluir suas análises de um novo agrotóxico. Qualquer nova molécula precisa ser testada em condições nacionais, e estes testes podem, de fato, demorar anos, aliás como os de qualquer remédio. O PL encurta este prazo para dois anos. Se nestes dois anos os órgãos não se manifestarem, o produto é liberado. Tanto o Ibama e a Anvisa, como o MPF e outros entes do governo, se manifestaram dizendo que o prazo proposto é inexequível. O PL segue agora para o plenário da câmara.

Durante a votação de hoje na comissão, era nítida a preocupação dos ruralistas com a opinião pública. Em outubro, a sociedade terá uma oportunidade de dizer o que pensa sobre a bancada ruralista.

http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/AGROPECUARIA/559548-COMISSAO-ESPECIAL-APROVA-PARECER-QUE-MUDA-A-LEGISLACAO-BRASILEIRA-SOBRE-AGROTOXICOS.html

 

PARÁ PERDE R$ 9 BI NA REGULARIZAÇÃO DE TERRAS GRILADAS

Estudo feito pelo Imazon mostra que o Pará pode perde R$ 9 bilhões com a regularização de títulos fundiários de áreas acima de 100 hectares, o que é agravado por estes títulos terem sido formados em processos ilegais de invasão. Os preços baixos praticados nos processos de regularização acabam, assim, estimulando um ciclo econômico perverso, movido a grilagem, desmatamento, conflitos agrários e especulação imobiliária. A autora do estudo, Brenda Brito, disse ao Valor que, “se os imóveis fossem todos regularizados, o estado do Pará arrecadaria em torno de R$ 1 bilhão pelos valores que vem praticando… Se as terras fossem vendidas pelo valor de mercado, o arrecadado seria nove vezes mais do que se está cobrando.”
http://imazon.org.br/PDFimazon/Portugues/estado_da_amazonia/O%20Estado%20da%20Amazonia_Potencial%20de%20arrecadacao%20financeira.pdf
http://www.valor.com.br/brasil/5616335/para-perde-r-9-bi-na-venda-de-terras-publicas-mostra-estudo

 

GREVE DOS CAMINHONEIROS REDUZ EXPORTAÇÕES DE MAIO EM MAIS DE DOIS TERÇOS

O Banco Central previa para maio um superávit nas transações correntes de US$ 2,5 bilhões, mas as contas fecharam em apenas US$ 729 milhões. O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, disse que o resultado foi influenciado pelos efeitos da greve dos caminhoneiros, que paralisou o envio de produtos brasileiros para o exterior.
Para quem não sabe, as transações correntes expressam o balanço das compras e vendas de mercadorias e serviços, e as transferências de renda, do país com o restante do mundo.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2018-06/greve-dos-caminhoneiros-afetou-resultado-das-contas-externas

 

PANTANEIROS AFETADOS POR CENTRAIS HIDRELÉTRICAS

A população ribeirinha que vive da pesca na Bacia do Alto Paraguai está enfrentando os impactos das hidrelétricas classificadas como pequenas ou micro. Já existem 38 destas em operação, 4 em construção e 18 com estudos prontos ou que já obtiveram outorga. E há mais 84 em fase de estudos. Para estas micro e pequenas usinas, o licenciamento ambiental é simplificado e não há necessidade de estudos de impacto na bacia. Mas cada uma destas centrais gera um impacto que pode ser multiplicado por outra rio abaixo. Em vários países, os estudos de bacia são mandatórios. Silvia Santana, pesquisadora da Universidade Católica Dom Bosco, em Campo Grande, explica que “aqui em Mato Grosso do Sul tem a Porto dos Bispos, onde tinha a maior atividade turística na comunidade, ela foi totalmente afetada, famílias que possuíram chalanas, está apodrecendo porque não tem como navegar. Não recebem nenhum apoio do poder público (sic)”.

https://www.campograndenews.com.br/meio-ambiente/hidreletricas-ameacam-pantanal-e-sobrevivencia-de-ribeirinhos

 

PARA CNI, GÁS NATURAL É MAL APROVEITADO E CARO

De todo gás natural extraído no país, só 54% foi aproveitado no ano passado. Isso porque a infraestrutura – gasodutos, estações de bombeamento e redes de distribuição – não permite aproveitar mais. Um quarto do gás produzido foi reinjetado nos poços e 4% foi queimado sem  aproveitamento algum. Entre os 43 estudos entregues aos candidatos pela CNI, um analisa o gás natural. A CNI quer promover mudanças estruturais no setor que, dentre outras, façam baixar o preço e dar a famosa “segurança jurídica” aos investidores e às indústrias consumidoras. A CNI diz que o preço do gás consumido nas indústrias brasileiras é três vezes mais caro do que o preço nos EUA.

https://www.poder360.com.br/economia/preco-e-baixa-oferta-de-gas-natural-sao-obstaculos-para-industria-diz-cni/

 

MINISTÉRIO PÚBLICO QUER MULTA MILIONÁRIA PARA INDÚSTRIAS QUÍMICAS POLUENTES

O Ministério Público está propondo multas que somam R$ 100 milhões sobre um grupo de onze indústrias do Pólo Petroquímico de Capuava, na Grande São Paulo. Nas vizinhanças do Pólo, foi identificado um alto índice de incidência da tireoidite de Hashimoto. A doença, também chamada de tireoidite linfocítica crônica, é autoimune, e faz com que as células de defesa do corpo ataquem a tireoide. Dentre as empresas citadas estão Brasken, Petrobras, Unipar, Oxiteno e White Martins Gases Industriais. A Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), à qual algumas das onze empresas são associadas, disse que “ao abordar a agenda de qualidade do ar, deve-se levar em consideração outras fontes de emissão, neste caso, as móveis, formadas, por exemplo, por carros, caminhões, motocicletas”.

Senhores da Abiquim, este argumento só seria razoável se os carros, caminhões e motocicletas da vizinhança usassem um combustível diferente do usado no resto do país, onde a Hashimoto não é tão grave.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2018/06/poluicao-ambiental-leva-ministerio-publico-a-propor-acao-de-r-100-milhoes.shtml

 

JAPÃO: DESCARBONIZAÇÃO AUMENTA COMPETITIVIDADE DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Kazuto Tsuchida, presidente do maior grupo japonês construtor de edificações residenciais, o Daiwa House Group, disse que o grupo está descarbonizando suas operações comerciais para melhorar sua competitividade. Segundo Tsuchida, “a geração de energia renovável e a redução do consumo de energia são estratégias essenciais para isso. Até 2030, pretendemos vender mais eletricidade renovável do que a eletricidade que consumimos, e até 2040 queremos obter toda a nossa energia a partir de fontes de energia renováveis. Além disso, pretendemos dobrar nossos níveis de produtividade energética até 2040”. A entrevista dada por Tsuchida ao The Climate Group esclarece detalhes da estratégia.
https://www.theclimategroup.org/news/we-are-decarbonizing-our-business-operations-while-enhancing-our-competitiveness-kazuto

 

RESSEGURADORA NÃO MAIS INVESTIRÁ EM EMPRESAS QUE PRODUZAM OU QUEIMEM CARVÃO

A resseguradora alemã Hannover Re declarou que não mais investirá em empresas que obtenham 25% ou mais de suas receitas a partir de operações de mineração ou queima de carvão. A Hannover é a 3a maior resseguradora do mundo e tem um portfólio de investimento em ativos de mais de € 60 bilhões. Em abril, a seguradora Allianz declarou que não ofereceria mais seguros para térmicas à carvão.

https://www.reuters.com/article/us-hannover-re-coal/hannover-re-adopts-greener-investment-policy-amid-industry-shift-idUSKBN1JF203

 

SATÉLITE MAPEIA MAIS UM INGREDIENTE DA POLUIÇÃO DA ÍNDIA

Os formaldeídos, uma família de poluentes que começou a ser monitorada por satélite em outubro, aparecem em grande concentração na Índia. Os formaldeídos são normalmente liberados em pequenas quantidades pela vegetação, mas também por incêndios, fogões a lenha e em conjunto com outros poluentes industriais. A imagem do satélite mostra duas faixas de alta concentração de formaldeídos, uma leste-oeste, na altura de Mumbai, e outra acompanhando o Himalaia, que funciona como uma barreira e impede que eles se dispersem.

https://www.bbc.com/news/amp/science-environment-44550091

 

VEÍCULOS AUTÔNOMOS REDUZEM OU AUMENTAM OS CONGESTIONAMENTOS?

O site do Valor publicou hoje textos patrocinados sobre o seminário “O Futuro das Cidades: Políticas Públicas para a Mobilidade Urbana” promovido pelo jornal e pela revista Época Negócios. Um trecho do material diz que “a interligação de distintos meios de transporte, das bicicletas ao transporte coletivo, e o acesso a modalidades alternativas de locomoção com base em novas tecnologias ajudam a melhorar a mobilidade urbana”. É difícil discordar desta afirmação. Porém, a perspectiva do emprego de automóveis autônomos por aplicativos de mobilidade (‘tipo Uber’), complica a equação. Como disse o fundador do Waze, Uri Levine, no programa Conversa com Bial, os automóveis autônomos podem reduzir ainda mais o número médio de pessoas transportadas, simplesmente porque em vários momentos do dia andarão sem nenhum passageiro ou motorista. Vale lembrar que os automóveis carregam, na média da cidade de São Paulo, 1,4 passageiros, embora ocupem 73% do espaço viário, segundo o Plano de Mobilidade de São Paulo.
https://globoplay.globo.com/v/6818161/

http://www.valor.com.br/patrocinado/99/o-futuro-das-cidades/tecnologia-traca-os-novos-rumos-da-mobilidade

http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/planmobsp_v072__1455546429.pdf

 

NOVAS MEDIÇÕES INDICAM QUE A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS NOS EUA EMITE 60% À MAIS DO QUE SE SUPUNHA

Trabalho recém publicado na Science mostra que as emissões de metano geradas na exploração, no processamento e no transporte de petróleo, gás natural e seus derivados nos EUA são 60% maiores do que a estimativa anterior realizada pela EPA (agência oficial de proteção ambiental). Segundo os autores, a diferença se deve a um mapeamento mais detalhado das operações e, especialmente, a ocorrências como acidentes e outras anormalidades operacionais. O metano é um gás de efeito estufa 25 mais potente do que o dióxido de carbono. Com as novas medições, o gás natural deixa de ser um combustível fóssil com emissão reduzida ‘menos pior’ para o clima e, portanto, deixa de ser um possível combustível fóssil de transição para uma matriz energética limpa.

Fica lançado o desafio: aplicar a mesma metodologia por aqui para calcular se as térmicas a gás ajudam ou atrapalham o país a cumprir seus compromissos junto ao Acordo de Paris.

http://science.sciencemag.org/content/early/2018/06/20/science.aar7204

 

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