ClimaInfo, 29 de junho 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

2017 REGISTROU A SEGUNDA MAIOR PERDA DE COBERTURA DE FLORESTAS TROPICAIS EM TODO O MUNDO

A Global Forest Watch (GFW) estimou em 16 milhões de hectares a perda de cobertura de florestas tropicais em todo o mundo no ano passado, uma área quase do tamanho de Bangladesh. Na metodologia do GFW, o Brasil é campeão: perdeu 4,5 milhões de hectares. Isso é bem maior do que vem sendo reportados pelo governo e por organizações que acompanham a evolução do desmatamento no país. A diferença é metodológica: a redução de cobertura corresponde à remoção de pelo menos 30% das árvores, enquanto que os dados de desmatamento se referem ao corte raso de uma certa área. O relatório aponta que “apenas” ⅓ da perda de cobertura aconteceu na Amazônia. Na Colômbia, a paz entre governo e guerrilhas estimulou a atividade econômica onde antes era zona de conflito, e o resultado foi a perda de quase meio milhão de hectares de cobertura. A Indonésia viu a perda de cobertura despencar 88% depois da introdução de uma moratória para proteger manguezais.

Ainda sobre a Amazônia, o ISA avisou que, finda a temporada das chuvas, “em maio, 7 mil hectares de floresta foram derrubados no estado por conta do avanço da agropecuária, do garimpo e do roubo de madeira. Destes, mais de 5 mil foram desmatados dentro de Terras Indígenas e Unidades de Conservação”.

http://www.wri.org/blog/2018/06/2017-was-second-worst-year-record-tropical-tree-cover-loss

https://www.nytimes.com/2018/06/27/climate/tropical-trees-deforestation.html

https://www.socioambiental.org/pt-br/blog/blog-do-xingu/com-a-diminuicao-das-chuvas-desmatamento-dispara-no-para

 

MINISTÉRIO PÚBLICO E ANVISA CONTRA O PL DO VENENO

O MPF entende que o projeto de lei (PL) do veneno fere a Constituição em pelo menos seis pontos e se diz disposto a entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade caso este passe pelo congresso e seja assinado pelo presidente do momento. Para citar dois pontos importantes, o PL do Veneno desobriga o vendedor de advertir os consumidores sobre os malefícios decorrentes do uso do produto, de modo que o agricultor não é informado do perigo que o produto apresenta; e o PL retira dos estados e municípios o direito de vetar o uso de agrotóxicos em seu território, quando a Constituição prevê que, em questões que afetem exatamente o território, estados e municípios têm o poder e o dever de proteger a população e o meio ambiente. A nota técnica completa do MPF está no primeiro link abaixo.

A Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma lista de nove agrotóxicos com potencial cancerígeno que, se o PL do Veneno estivesse vigorando, poderiam estar registrados e sendo vendidos. A Anvisa aponta que o critério de “risco inaceitável” está longe de ser científico e que oito dessas substâncias não têm uma dose segura comprovada. A nona até tem esta especificação, mas sua venda foi proibida em seis países.

Fica, assim, registrado, que (voto de) deputado ruralista dá câncer. Não consuma.

http://www.mpf.mp.br/pgr/documentos/4ccr_notatecnica_pl-6-299-2002_agrotoxico.pdf

http://www.mpf.mp.br/pgr/noticias-pgr/mpf-aponta-inconstitucionalidade-no-pl-dos-agrotoxicos

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2018/06/27/144458-anvisa-lista-riscos-de-nove-agrotoxicos-proibidos-para-alertar-sobre-impacto-de-possivel-mudanca-em-lei

 

RENOVABIO NÃO REDUZIRÁ EMISSÕES

Tasso Azevedo mostra que o programa de biocombustíveis do governo, o Renovabio, mesmo se funcionar, não reduzirá as emissões do país. Isto porque a meta do programa é reduzir a intensidade das emissões do transporte em 10% até 2030, por meio da promoção da venda de mais biocombustíveis no lugar de gasolina e diesel, principalmente. A base de comparação do programa é o que acontece hoje, ou seja, quantos litros de etanol se vende para cada litro de gasolina, e quantos litros de biodiesel se vende por litro de diesel. Como a frota certamente aumentará até 2030, as emissões também aumentarão. Se o Renovabio funcionar como planejado, as emissões aumentarão 10% a menos. Não parece ser muita confusão para pouco resultado?

https://oglobo.globo.com/opiniao/reduz-mas-aumenta-22823945

 

NOVA REGRA DA ANEEL DEFINE RECARGA DE VEÍCULOS ELÉTRICOS COMO PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

A Aneel decidiu na semana passada que a recarga de veículos elétricos é um mercado livre e a atividade será considerada uma prestação de serviço. As empresas que atuam neste mercado ainda embrionário comemoraram a decisão. Ao Valor, Nuno Pinto, gerente de Marketing da EDP Energias do Brasil, disse esperar que agora “outras empresas comecem a olhar a mobilidade elétrica”. Claro que distribuidoras e comercializadoras de eletricidade são concorrentes naturais neste mercado, mas outros modelos de negócio como, por exemplo, postos de abastecimento, empresas de aluguel de veículos e empresas de serviços automotivos, podem entrar no jogo.

No entanto nem tudo é festa. Para Thiago Sugahara, da Toyota e da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), é importante reduzir a carga tributária para baratear os veículos elétricos no país: “A expectativa da ABVE é que isso viesse através do rota 2030, mas destacando especificamente a questão do IPI. Hoje, os carros elétricos e veículos híbridos pagam 25% de IPI. Veículo convencional, menos eficiente, paga 7%”.

http://www.valor.com.br/empresas/5624113/regulamentacao-deve-acelerar-mobilidade-eletrica-no-brasil#

https://carros.uol.com.br/noticias/redacao/2018/06/26/recarga-livre-vai-bombar-carro-eletrico-no-pais-mas-preco-pode-explodir.htm

 

SANTA CATARINA REGULA E INCENTIVA O BIOGÁS

Santa Catarina está prestes a ter um marco regulatório para explorar e vender biogás. Para atrair investidores, está sendo criado o Programa Catarinense do Biogás (SC-Biogás). O potencial é grande devido à criação de suínos no centro e oeste do estado, e o Programa pode conseguir a autorização para injeção do biogás em redes de gás canalizado e em frotas de veículos oficiais, além de criar linhas de crédito especiais e subsidiadas. O governo espera atrair uma parceria com a energética Celesc para construir biodigestores e aproveitar o gás.

http://epbr.com.br/biogas-ganha-marco-regulatorio-em-santa-catarina/

 

POLUIÇÃO PROVOCA MORTE DE CRIANÇAS NA ÁFRICA

Reduzir um pouco a poluição pode evitar a morte prematura de dezenas de milhares de crianças em países subsaarianos na África. Uma pesquisa recém publicada levantou correlações entre poluentes atmosféricos e mortes prematuras em 30 países. Como existem poucos dados de monitoramento da qualidade do ar, os pesquisadores usaram dados de satélite para estimar as concentrações de material particulado e encontraram correlações fortes com mortes de crianças. A principal fonte de particulados é a queima de lenha ou estrume em fogões tradicionais no interior das moradias. O trabalho também indica que uma redução de 5 microgramas por metro cúbico de ar teria evitado a morte de 40 mil crianças em 2015.

https://apnews.com/bfc6feb0cd164b8fba4e5dfe60ecc795

 

SECA PROLONGADA E GUERRAS LEVAM FAMÍLIAS DO SUDÃO DO SUL A TROCAR MENINAS POR ANIMAIS

No Sudão do Sul e no norte do Quênia, onde a mudança do clima agudizou a seca, famílias estão trocando meninas por vacas e cabras para garantir a subsistência. Segundo a ONU, 40% das moças com menos de 18 anos estavam casadas em 2010 no Sudão do Sul; a fração subiu para 52% em 2015. Para as famílias, a troca tem um “duplo benefício”: gera mais uma fonte de renda e diminui o número de bocas a alimentar.

https://www.reuters.com/article/us-africa-rights-childmarriage/more-parents-trade-girls-for-cows-as-war-and-climate-change-hit-east-africa-idUSKBN1JN214

 

ONU DEFINE PADRÕES PARA O ACORDO DE EMISSÕES DA AVIAÇÃO

A agência de aviação das ONU (ICAO) aprovou os padrões necessários para a implantação do acordo global firmado em 2016 para a limitação das emissões de gases de efeito estufa dos voos internacionais. Como parte do Acordo que entrará em vigor em 2021, a partir de 1º de janeiro de 2019, a maioria das companhias aéreas começará a monitorar seu consumo de combustível e suas emissões de carbono nos voos internacionais. No segundo link desta nota, o Carbon Brief explica o acordo.

https://www.reuters.com/article/us-climatechange-aviation/u-n-aviation-agency-approves-standards-to-kickstart-emissions-deal-idUSKBN1JN32J

https://www.carbonbrief.org/explainer-aviation-finally-agree-climate-deal

 

ÍNDIA ACUMULA 24 GW SOLARES INSTALADOS E VAI DANDO ADEUS AO CARVÃO

A Índia adicionou 10,4 GW fotovoltaicos aos 14 GW existentes durante o ano fiscal 2017/18, boa parte (90%) em centrais de porte. No mesmo período, entraram em operação naquele país novos 4 GW a carvão. No lado do carvão, neste mês, os indianos cancelaram mais uma térmica a carvão de 4GW, por a considerarem economicamente inviável. Nesta década, os projetos a carvão cancelados somam quase 550 GW. Mais 84 GW estão em processo de licenciamento, mas a Institute for Energy Economics and Financial Analysis (IEEFA) prevê que 84% destes não sairão do papel, e que o carvão não sairá do fundo da Terra.

https://www.pv-tech.org/news/india-added-10.4gw-of-solar-in-2017-18-bridge-to-india

http://www.atimes.com/india-is-bringing-the-coal-era-to-an-end/

 

MANIFESTO QUER ZERAR EMISSÕES LÍQUIDAS GLOBAIS

A Business Green, importante fonte de informação sobre a economia verde, lançou na 3a feira o manifesto Net Zero Now, buscando dar forma ao debate sobre como zerar as emissões líquidas de carbono. Para a BG, empresas e governos devem se comprometer a:

– Adotar metas de emissão líquida zero a serem revistas regularmente;

– Desenvolver estratégias de longo prazo para a erradicação das emissões evitáveis e incorporar abordagens de emissões negativas;

– Adotar metas-baseadas-na-ciência no curto e médio prazos reforçando políticas e investimentos em transporte, edificações e energia;

– Abrir de forma pública e transparente os riscos e oportunidades frente à transição para uma economia de emissão líquida zero; e

– Apoiar indústrias e comunidades intensivas em carbono a fazer a transição para uma economia de emissão líquida zero.

https://www.businessgreen.com/bg/feature/3034837/introducing-the-net-zero-now-manifesto

 

Para ler e ver

O LEGADO DE BELO MONTE: OS DANOS EM HISTÓRIA FOTOGRÁFICA

Nesta reportagem da Mongabay, Maximo Anderson e o fotógrafo Aaron Vincent Elkaim documentam o dano contínuo causado pela gigantesca usina. Belo Monte é hoje um alerta sobre a necessidade urgente de avaliar e planejar adequadamente projetos de megainfraestrutura na Amazônia.

https://pt.mongabay.com/2018/06/legado-belo-monte-danos-causados-pela-usina-na-amazonia-nao-terminaram-apos-construcao-historia-fotografica/

 

Para ir

O TAMANDUÁ, O COGUMELO

O ISA convida principalmente as crianças para ouvir histórias musicadas no show do Planeta Oca. O projeto foi idealizado pela Dois Sóis (Caru Ricardo e Flávia Rubim) em parceria com o biólogo Ciro Campos, autor das canções, algumas delas musicadas pelo cantor e compositor Pélico. O Planeta OCA inspira uma nova forma de relacionamento das crianças com a natureza.

Amanhã, sábado, 30/06, das 11h às 15h, no Mercado de Pinheiros em São Paulo.

https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/o-tamandua-o-cogumelo-e-outras-historias-da-floresta

 

Para ir

SUSTENTÁVEL 2018 – 9º CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O CEBDS reúne para o congresso representantes do governo, lideranças empresariais, acadêmicos e representantes da sociedade civil, nacionais e internacionais. Um painel discutirá uma visão de futuro para o Brasil e, outro, o fomento de inovação e cooperação.

Dia 11/09, das 8h às 12h30, no Teatro Santander, São Paulo.

http://congressosustentavel.com.br/

 

Para ler

RISING

Livro da jornalista Elizabeth Rush sobre como a elevação do nível do mar já afeta e continuará a impactar moradores da costa leste dos EUA. A autora faz uma costura delicada entre ciência e as vidas dos afetados.

https://www.amazon.com.br/Rising-Dispatches-New-American-Shore-ebook/dp/B07DW8YT7C

https://www.theguardian.com/environment/2018/jun/26/rising-seas-florida-climate-change-elizabeth-rush

 

Siga o ClimaInfo nas redes sociais: www.facebook.com/climainfo e www.twitter.com/climainfonews