ClimaInfo, 18 de julho 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

CoP25 É INCLUÍDA NA PROPOSTA DE ORÇAMENTO FEDERAL PARA 2019

No ano passado, o Brasil se candidatou a sediar a CoP (Conferência das Partes) da Convenção Clima de 2019. Pensando nisso, o senador Jorge Viana conseguiu incluir no orçamento do próximo ano a provisão para “a realização, no Brasil, da Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a CoP 25.” Segundo o senador, as resistências vêm de “quem quer mais desmatamento e não deseja este monte de gente aqui, com o país tendo que mostrar serviço na agenda de baixo carbono”. Sabe-se nos bastidores da Convenção Clima que a maior resistência vem da Venezuela. Segundo as regras da ONU, a CoP do próximo ano teria que ser realizada em algum país da América Latina e Caribe, desde que todos os países da região aceitem o hospedeiro. Como a Venezuela vem sendo excluída de outros fóruns pelo Brasil e por outros vizinhos, invocou o princípio da reciprocidade para vetar a CoP por aqui. Vamos ver se isto muda a tempo.

https://www.valor.com.br/brasil/5663673/conferencia-do-clima-entra-na-proposta-de-orcamento#

 

EPE ABRE DISCUSSÃO SOBRE GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

A Empresa de Pesquisa Energética, responsável pelo planejamento energético no país, publicou um documento colocando em discussão os Recursos Energéticos Distribuídos (RED), tecnologias de geração e/ou armazenamento de energia elétrica instaladas nas áreas das concessionária de distribuição. Os RED, segundo a EPE, podem romper o equilíbrio do setor energético ao alterar o fluxo tradicional geração=> transmissão=> distribuição=> consumo. Ainda segundo a EPE, o principal desafio para a inserção destas tecnologias no Brasil está relacionado ao modelo de tarifação da energia elétrica vigente. O documento pode ser baixado no link do pdf abaixo.

http://canalenergia.com.br/noticias/53068277/epe-propoe-discussao-sobre-os-impactos-dos-recursos-energeticos-distribuidos

http://www.epe.gov.br/pt/imprensa/noticias/nota-discute-impactos-dos-recursos-energeticos-distribuidos-no-planejamento-energetico

http://www.epe.gov.br/sites-pt/sala-de-imprensa/noticias/Documents/ND%20-%20Recursos%20Energ%C3%A9ticos%20Distribu%C3%ADdos.pdf

 

LEI DO ‘LICENCIAMENTO FLEX’ FICA PARA 2019

Ainda não é oficial, mas dificilmente o congresso votará neste ano a lei que retrocede o licenciamento em mais de 20 anos. Certamente pesa nisto os candidatos à reeleição não quererem sujar suas imagens com a pecha de “destruidores do meio ambiente”. O DCI falou com escritórios de advocacia que ajudaram na elaboração do licenciamento flex. Uma das advogadas trouxe um ponto importante: a licença ambiental tem que ser fiscalizada e os órgãos fiscalizadores precisam ser fortalecidos. Pode-se depreender dessa fala que a lei pode vir a ser flexibilizada e nem assim ser cumprida. Então, que tal colocar os bois e o carro na ordem certa: fortaleçam-se os órgãos de fiscalização e, depois, vejamos se a realidade permite um afrouxamento da legislação.

https://www.dci.com.br/impresso/pl-do-licenciamento-ambiental-deve-ficar-somente-para-2019-1.724032

 

BRASIL NA RABEIRA DE RANKING MUNDIAL DE QUALIDADE DO TRANSPORTE PÚBLICO

Em um estudo que avaliou a qualidade do transporte coletivo em 74 cidades com mais de 300 mil habitantes de 16 países, a cidade que saiu melhor na foto foi Nice, na França, seguida de Cuenca, no Equador. Em seguida vêm Toulouse, Lyon e Estrasburgo, na França; Catânia, Bari e Bolonha, na Itália; Bilbao, na Espanha; e Leicester, na Inglaterra. Na última colocação está o Rio de Janeiro, precedido por Bogotá, São Paulo, Istambul, Salvador, Toronto, Brasília e Cali.

Para fazer o ranking, o estudo definiu um índice que leva em conta a média diária de tempo gasto nos deslocamentos, o tempo de espera por ônibus ou trem, a distância percorrida e a parcela de usuários que tem que fazer pelo menos uma baldeação, além do peso médio do transporte no salário mensal. Pelo índice, metade das 8 piores estão no Brasil.

https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2018/07/rio-de-janeiro-tem-o-pior-sistema-de-transportes-do-mundo-diz-estudo.html

https://www.expertmarket.co.uk/focus/best-and-worst-cities-for-commuting

https://www.expertmarket.co.uk/sites/default/files/FOCUSUK/Commuter%20Carnage/The%20Best%20and%20Worst%20Cities%20for%20Commuting%20-%20Expert%20Market.pdf

 

TÉRMICAS A GÁS GANHAM MAIS ESPAÇO NOS LEILÕES DE ELETRICIDADE

O governo abrirá leilões de curto prazo (A-1 e A-2) para térmicas a gás que já estejam operando e cujo custo de operação seja menor do que o das térmicas mais caras. Existem três usinas com problemas de abastecimento de gás que, com um novo contrato, se resolveriam. Olhando um pouco para frente, criar jurisprudência num caso desses é abrir uma porta que, mais tarde, será muito difícil fechar. Uma pena.

https://www.canalenergia.com.br/noticias/53068428/diretrizes-dos-leiloes-a-1-e-a-2-abrem-espaco-para-termicas-a-gas-competitivas

 

A IDEIA DO GÁS NATURAL COMO COMBUSTÍVEL DE TRANSIÇÃO PERDE FORÇA NO MERCADO INTERNACIONAL

O gás natural tem sido vendido como a fonte de energia de transição entre a geração de eletricidade a carvão e as fontes renováveis por, em tese, emitir menos carbono à atmosfera do que o carvão. Também é vendido como imprescindível para a garantia da oferta de eletricidade em tempos sem sol e sem vento. Mas, aos poucos, essa imagem vai se desvanecendo. O custo das fotovoltaicas e das eólicas continua caindo e, em várias regiões estas já são mais baratas do que as térmicas a gás. Para cobrir a intermitência das renováveis, os preços das baterias vêm caindo até mais rapidamente do que se previa. Existem locais e configurações onde a combinação fotovoltaica/eólica com baterias é mais barata que uma térmica a gás. Analistas preveem que até 2035, essa situação se generalize.

E existe uma outra importante diferença entre o gás e as renováveis: o custo da eletricidade gerada depende do preço e da garantia de fornecimento do gás, e isso varia conforme as condições de mercado. As renováveis e a armazenagem de energia não. Uma vez instaladas, o custo da eletricidade variará muito pouco enquanto o investimento necessário é cada vez menor.

https://www.vox.com/energy-and-environment/2018/7/13/17551878/natural-gas-markets-renewable-energy

 

CAEM INVESTIMENTOS GLOBAIS EM RENOVÁVEIS

A Agência Internacional de Energia (AIE) alertou para uma pausa que considera “preocupante” na transformação do setor energético global depois que o investimento em renováveis caiu 7%, para US$ 318 bilhões, no ano passado. A AIE prevê a continuidade desta queda em 2018. Também em 2017, o investimento em carvão caiu drasticamente, mas foi compensado por um aumento nos investimentos em petróleo e gás. A AIE diz que, pela primeira vez desde 2014, aumentou no ano passado a participação dos combustíveis fósseis nos investimentos feitos para a expansão da oferta de energia, para US$ 790 bilhões, fato que “desempenhará um papel significativo nas tendências atuais por anos”. A AIE também mostra que a indústria do petróleo e do gás está direcionando seus investimentos para projetos de curto prazo e para reservas em final de produção. Isto significa que a visão de longo prazo perdeu a importância e sinaliza um mercado cada vez mais volátil no futuro.

https://www.iea.org/wei2018/

https://www.theguardian.com/business/2018/jul/17/iea-warns-of-worrying-trend-as-global-investment-in-renewables-falls

 

REINO UNIDO: DOBRAM AS PROJEÇÕES DE CRESCIMENTO DO MERCADO DE VEÍCULOS ELÉTRICOS

Até 2040, 36 milhões de veículos elétricos podem estar trafegando nas ruas e estradas do Reino Unido, de acordo com novos cenários publicados pela National Grid (NG), a empresa operadora da transmissão de eletricidade no Reino Unido. O número é o dobro do que a empresa previa há apenas um ano. A NG espera que sistemas inteligentes de carga e a tecnologia vehicle-to-grid possam tornar os VEs capazes de suavizar a curva de demanda por eletricidade ao longo do dia.

https://www.carbonbrief.org/rise-uk-electric-vehicles-national-grid-doubles-2040-forecast

 

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA PRECISA DAR CONTA DAS RUPTURAS SOCIAIS QUE PROVOCA

Em alguns países, o carvão é importante não só como fonte energética, mas também como gerador de muitos empregos há muito tempo e, por isso mesmo, nestes o carvão tem um peso político importante. Um artigo interessante publicado na Forsight Climate & Energy chama atenção para a natural resistência dos atores deste setor nestes países à descarbonização da matriz energética. Na Europa existem cerca de 275 mil empregos ligados ao carvão, concentrados na Europa Central. A União Europeia criou uma plataforma chamada Regiões Carvoeiras em Transição, que destaca a oportunidade de criação de novos negócios na ecoinovação ou na lida com a qualidade do ar. A descarbonização precisa do desenvolvimento de tecnologias, projetos e estratégias de longo prazo. O artigo diz que, por mais interessante que seja esta plataforma, ela é insuficiente. O que falta são planos claros e suporte financeiro para os setores e as pessoas que sofrem com a transição.

Em tempo: o carvão brasileiro emprega entre 50 e 60 mil pessoas e gira mais de R$ 10 bilhões por ano. A mudança da matriz energética brasileira não pode se dar ao luxo de ignorar esse pessoal.

https://foresightdk.com/fair-just-energy-transition/

 

EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS AFETAM CHINA E JAPÃO

Na última semana, a China sofreu com tempestades violentas que inundaram seus principais rios, como o Amarelo e o Yang-tsé, derrubando pontes e bloqueando estradas e ferrovias. Centenas de milhares de pessoas precisaram ser evacuadas. No total, 241 rios, em 24 províncias sofreram inundações. Até final da semana, o prejuízo estimado era de quase US$ 4 bilhões.

E nesta semana uma onda de calor atravessou o Japão deixando pelo menos 14 mortos e mais de duas mil hospitalizações. A temperatura chegou a quase 40oC no interior do país, inclusive nas regiões onde, há duas semanas, fortes tempestades mataram mais de 200 pessoas. As equipes de resgate, que continuavam trabalhando em busca de duas dezenas de desaparecidos, disseram ter sofrido bastante com o calor.

Entre meteorologistas, não há dúvida de que a mudança do clima deu uma importante contribuição para estes eventos.

https://www.reuters.com/article/us-china-weather/china-floods-wreak-havoc-block-roads-and-railways-more-rain-due-idUSKBN1K402B

https://www.reuters.com/article/us-weather-japan-heatwave/heatwave-blankets-japan-kills-14-people-over-long-weekend-idUSKBN1K709Q

https://www.japantimes.co.jp/news/2018/07/16/national/two-people-dead-nearly-2000-suffered-heat-exhaustion-heat-wave-continues-across-nation/#.W05RbdJKjGh

 

RESSALVA

Fomos nós – e não o consultor Olimpio Alvares – que dissemos (com uma certa dose de ironia) que a recomendação de instalação de filtros em veículos pesados movidos a diesel para mitigar a poluição do ar, feita pelo Comitê do Clima da Prefeitura de São Paulo, foi “solenemente ignorada tanto por Doria quanto pela Câmara dos Vereadores da cidade”. A frase foi publicada ontem na nota “Instalação de filtros nos veículos diesel evitaria onze mil mortes prematuras somente em São Paulo”.

 

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