ClimaInfo, 24 de julho 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

PETROLEIRAS BUSCAM LICENCIAR MAIS POÇOS DE PETRÓLEO

Na semana passada, quatro petroleiras deram entrada no Ibama a pedidos de licenciamento de novas campanhas de perfuração de poços off-shore, inclusive na foz do Rio Amazonas. A Shell, a Petrobras e a Equinor querem perfurar nas bacias de Campos e de Santos, em lotes que foram arrematados nos leilões do último ano. A PetroRio arrematou uma área na foz do Amazonas, em 2013. No total, são 23 poços que, se licenciados, farão de 2019 o “melhor” ano para a perfuração desde 2014.

Está mais do que na hora de colocarmos as metas climáticas entre as variáveis a serem analisadas durante o licenciamento ambiental de projetos, principalmente projetos fósseis, que dificultam e postergam a transição para uma economia de baixa emissão. A discussão é árdua, mas necessária.

http://epbr.com.br/23-pocos-offshore-em-licenciamento-pode-tornar-2019-o-melhor-ano-desde-2014/

 

A DEPENDÊNCIA FISCAL E MENTAL DO PETRÓLEO FLUMINENSE

Artigo de funcionários da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro diz que os 18 sistemas de produção que devem entrar em operação até 2022 no estado do Rio devem contratar bens e serviços da ordem de US$ 60 bilhões. O artigo fala genericamente da necessidade de instrumentos e ações para o aumento da competitividade, mas sequer toca na enorme crise fiscal do estado do Rio, que tem origem na má aplicação dos royalties do petróleo por parte dos governos do estado de alguns municípios, entre outros fatores. Do artigo da Firjan pode-se depreender que a lição não foi aprendida.

Em tempo: a Firjan também não menciona o aquecimento global provocado pela queima do petróleo e de seus impactos no Rio.

http://epbr.com.br/o-que-o-petroleo-representa-para-o-rio/

http://epbr.com.br/o-petroleo-e-a-doenca-holandesa-no-rio-de-janeiro/

 

FABRICANTE DE EÓLICAS AMPLIA PRODUÇÃO NO BRASIL

A Nordex-Acciona dobrará a capacidade de sua fábrica de torres de aerogeradores no Piauí, para atender a um contrato de fornecimento e instalação de 191 turbinas e torres eólicas firmado com a Enel. As torres serão instaladas no parque Lagoa dos Ventos, no Piauí. A instalação começa em outubro do próximo ano. A Nordex investirá R$ 30 milhões na ampliação da fábrica e contratará mais 350 trabalhadores.

https://www.valor.com.br/empresas/5676867/nordex-acciona-vai-dobrar-nova-fabrica-de-turbina-eolica

 

CONHEÇA GLEIDE SOUZA, A PORTA-VOZ DO CARRO ELÉTRICO

A BMW é hoje a única montadora que vende automóveis totalmente elétricos no Brasil. Na semana passada, em parceria com a EDP Brasil, a empresa anunciou um corredor com seis pontos de recarga para veículos elétricos na Via Dutra. Por trás do projeto há um intenso trabalho de uma militante do carro elétrico, a engenheira Gleide Souza, que há mais de trinta anos se dedica à indústria automobilística. O Valor publicou ontem um perfil da engenheira. Gleide batalhou pela inclusão da eletromobilidade no programa Rota 2030, o que acabou por levar o governo a reduzir a alíquota do IPI sobre híbridos e elétricos de 25% para uma faixa entre 7% e 20%. Gleide confessou ao Valor ter se frustrado com o resultado, que esperava uma redução maior, mas o considera um passo importante. Segundo o Valor, Gleide sabe que no futuro o motor a combustão pode se tornar peça de museu.

https://www.valor.com.br/empresas/5676887/porta-voz-do-carro-eletrico-pede-passagem

 

TEM CANDIDATO QUERENDO TIRAR O BRASIL DO ACORDO DE PARIS

Em seu primeiro discurso como candidato à presidência, Bolsonaro reafirmou que, se eleito, pretende tirar o país do Acordo de Paris, seguindo o exemplo de Trump. A promessa foi feita entre outras tantas no mínimo polêmicas.
https://www.poder360.com.br/eleicoes/bolsonaro-defende-privatizacoes-e-saida-do-acordo-de-paris-em-discurso/

 

ENQUANTO LIMPAM SUAS MATRIZES ENERGÉTICAS, CHINA, JAPÃO E ALEMANHA FINANCIAM COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS NA ÁFRICA

Levantamento da Oil Change International mostra que US$ 60 bilhões foram dedicados, a título de ajuda, a projetos de energia na África, entre 2014 e 2016. Deste total, 60% foram direcionados a fontes fósseis, 20% a projetos de energia limpa, 10% para transmissão e distribuição e outros 10% a grandes hidrelétricas ou tiveram destino não identificado. Dentro dos 20% dedicados às fontes renováveis estão os recursos dirigidos a projetos de pequena escala – como fotovoltaicos fora da rede ou mini e microrredes -, apesar das análises indicarem que estes são os projetos que trariam benefícios maiores para um número maior de africanos. Segundo a Oil Change, a China lidera tanto os recursos totais quanto a parte dedicada aos fósseis, seguida pelo Banco Mundial, pelo Japão e pela Alemanha. Esta revelação foi descrita como “chocante” por Mohamed Adow, da Christian Aid, porque estes países investem na descarbonização da energia em seu território enquanto empurram as tecnologias fósseis e sujas para a África.

Em tempo: o relatório sai logo antes da 10a reunião dos Brics, que começa nesta 4a feira com o sugestivo lema de “Brics na África: colaboração para um crescimento inclusivo e uma prosperidade compartilhada na 4a revolução industrial”.

http://priceofoil.org/2018/07/23/assessing-international-public-finance-for-energy-in-africa/

 

CONSUMO DE CARNE IMPACTA SAÚDE E MEIO AMBIENTE

Um trabalho sobre alimentação publicado na Science parte da correlação entre o aumento da renda per capita e o consumo de carne para estimar os impactos na saúde das populações e os impactos negativos no meio ambiente. Estatísticas apresentadas no trabalho mostram que o consumo de carne (principalmente de frango e suína) per capita nos países ricos estacionou ou está caindo, mas está aumentando, e bastante, nos países em desenvolvimento como China e Índia. O trabalho analisa uma série de impactos deste consumo sobre a saúde humana. No que toca o meio ambiente, o trabalho dá um destaque especial a como este crescimento afeta o aquecimento global, tanto pelo lado das emissões diretas de ruminantes quanto das advindas da produção das rações animais. A conclusão é a necessidade de ações dirigidas à mudança dos hábitos alimentares, à redução ou até eliminação da proteína animal da dieta humana.

http://science.sciencemag.org/content/361/6399/eaam5324

 

SEGURANÇA ALIMENTAR FUTURA DEPENDE DE MUDANÇA RADICAL NA PRODUÇÃO E NA DIETA

A produção atual de alimentos é suficiente para alimentar a população de quase 10 bilhões de pessoas projetada para 2050. Mas isso pressupõe uma mudança importante nos hábitos alimentares com a substituição de proteína animal por vegetal e a ampliação do consumo humano de grãos, os quais, hoje, formam a base da ração animal. Essas são as principais conclusões de um estudo recém publicado na revista Elementa. O estudo montou cenários levando em conta a produção de biocombustíveis e a produção de proteína animal e vegetal. Para alimentar as 10 bilhões de pessoas, no cenário conservador, no qual as práticas atuais são mantidas, será necessário mais do que dobrar a produção agropecuária atual, o que não parece sustentável.

https://www.elementascience.org/articles/10.1525/elementa.310/

 

PESQUISAS BUSCAM REDUZIR O METANO NO ARROTO DE RUMINANTES

Cientistas ao redor do mundo estão produzindo avanços na redução das emissões da pecuária que, segundo a FAO, respondem por cerca de 15% das emissões globais de gases de efeito estufa. As pesquisas são dirigidas ao desenvolvimento de suplementos para rações que evitam a produção de metano, a soluções genéticas que buscam animais de menor emissão e à integração pecuária-floresta, onde o crescimento das árvores compensa as emissões dos animais. Elizabeth Latham, fundadora dos Laboratórios Bezoar, diz que houve poucas mudanças nos 10 mil anos desde a domesticação de animais e que seu grupo desenvolveu um probiótico que, em laboratório, cortou as emissões de metano pela metade. A AgResearch, da Nova Zelândia, está criando ovelhas que emitem 10% menos do que as tradicionais. O metano do rebanho ovino é uma das principais fontes de emissão no país. No Quênia, busca-se um aumento de produtividade, buscando no aumento do peso dos animais uma maneira de reduzir as emissões por quilograma de carne produzido. Os exemplos de integração pecuária-floresta vêm, principalmente, da América Latina. Na Colômbia, por exemplo, estão sendo testadas várias espécies arbóreas que, além de removerem CO2 da atmosfera, recuperam solo degradado, aumentam a retenção de carbono no solo e contribuem para a conservação da biodiversidade.

https://www.csmonitor.com/Environment/2018/0719/In-global-warming-fight-new-tactics-to-make-cows-burp-less

 

O AQUECIMENTO GLOBAL ESTÁ POR TRÁS DA ONDA DE CALOR NO HEMISFÉRIO NORTE?

Uma onda de calor histórica atingiu todo o hemisfério norte nas últimas semanas. Provocou mortes no Canadá, esquentou muita gente nos EUA e no Reino Unido, acendeu incêndios florestais inéditos na Suécia e, mais recentemente, causou mortes e a internação de muita gente no Japão. Três artigos no The Guardian cobrem estas e outras histórias de calor e fazem a esperada pergunta: o aquecimento global está por trás de todo este calor? Os cientistas consultados disseram que aparentemente sim, mas não só. O principal “culpado” é um jet stream extremamente fraco que não dissipou áreas de alta pressão que ficaram paradas por longos períodos de tempo sobre uma mesma região. Um meteorologista disse que é uma situação semelhante à de 1976, com temperaturas semelhantes sobre o Atlântico e um jet stream fraco. Foi, segundo ele, um dos verões mais secos, ensolarados e quentes do século 20 no Reino Unido. No entanto, a base de comparação mudou, porque o clima está mudando e os efeitos de uma onda destas são bem mais pronunciados agora do que há quarenta e tantos anos. Tudo leva a crer que estas ondas ficarão cada vez mais pronunciadas e com consequências potencialmente mais trágicas.

https://www.theguardian.com/world/2018/jul/22/heatwave-northen-hemisphere-uk-algeria-canada-sweden-whats-the-cause

https://www.theguardian.com/environment/2018/jul/20/crop-failure-and-bankruptcy-threaten-farmers-as-drought-grips-europe

https://www.theguardian.com/world/2018/jul/23/japan-heatwave-prompts-concern-over-conditions-for-2020-olympics

 

Siga o ClimaInfo nas redes sociais: www.facebook.com/climainfo e www.twitter.com/climainfonews