ClimaInfo, 9 de agosto de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

O QUE DIZEM OS PRESIDENCIÁVEIS SOBRE A PETROBRAS E O PETRÓLEO

O Valor fez um apanhado do que os candidatos têm falado à respeito da privatização da Petrobras, o que nos dá algumas pistas sobre a importância que dão à exploração do petróleo. Os candidatos são, na maioria, contra a privatização, divergem sobre a política de preços do diesel, mas as opiniões de Ciro, Lula, Alckmin, Marina, Boulos e outros deixam claro que todos consideram importante e estratégico continuar explorando petróleo. Até onde dá para perceber, nenhum levou em conta que se explora petróleo para queimá-lo, o que acaba por mudar o clima.

A Petrobras, como as outras grandes petroleiras, não dará seu negócio de bandeja. E, também, não desaparecerá por passe de mágica durante um mandato presidencial. Mas, se ninguém começar a colocar o assunto na mesa, todo o petróleo do pré e do pós-sal dará um empurrão na direção do “planeta sauna”.

https://www.valor.com.br/brasil/5719561/privatizacao-da-petrobras-tema-sensivel-entre-os-candidatos

 

BRASIL TEM O PIOR PADRÃO DE EMISSÕES PARA MOTORES DIESEL ENTRE OS GRANDES MERCADOS AUTOMOTIVOS

Com a publicação, no final de junho, do novo padrão para as emissões de caminhões pesados e ônibus produzidos na China, “o Brasil tem a vergonhosa honra de ser último grande mercado automobilístico sem um padrão de emissões equivalente ao Euro 6 para caminhões pesados e ônibus”, como diz o ICCT. A adoção do Euro VI melhoraria significativamente a performance ambiental dos novos veículos pesados, levando à melhoria da saúde pública. O padrão chinês é até mais restritivo do que o europeu em função da poluição das suas grandes cidades. O ICCT (International Council on Clean Transportation) alerta para o risco de mais adiamentos na especificação da nova versão do padrão nacional, a fase P8 do Proconve. Problemas técnico-burocráticos relativos à taxa de mistura de biodiesel no combustível padrão dos testes de certificação dos motores podem atrasar ainda mais a definição dos novos padrões brasileiros. O ICCT argumenta pela superação destes problemas, já que as misturas de biodiesel reduzem as emissões de particulados, hidrocarbonetos e monóxido de carbono, enquanto as emissões de óxidos nitrosos aumentam muito pouco para misturas até B20. Não haveria, portanto, porque adiar.

Repetindo o que já foi dito aqui, as montadoras nacionais estão vendendo ônibus compatíveis com o Euro 6 na América Latina e, portanto, as fábricas já estão aptas a fabricar o novo motor. A falta de ação dos responsáveis pela definição do padrão e das montadoras é responsável pela morte prematura de muita gente no país. Não dá mais para esperar.

https://www.theicct.org/blog/staff/brazil-p8-reference-fuel-qs-20180801

https://www.theicct.org/blog/staff/china-vi-milestone-world%E2%80%99s-transition-soot-free-vehicles

 

DÁ PARA USAR GÁS NATURAL EM CAMINHÕES NO BRASIL?

Uma conta bem superficial apresentada em artigo publicado no UOL sugere que os caminhoneiros poderiam economizar até R$ 1,00 por unidade de energia, ao invés do desconto R$ 0,46 por litro de diesel dado pelo governo Temer, se os caminhões pudessem usar gás natural (GNV). O artigo avisa que as montadoras não produzem caminhões que podem usar o GNV e que, para usá-lo, seria necessário fazer uma adaptação parecida com a dos táxis. Outro problema é que a rede de distribuição de GNV está fortemente concentrada nas grandes cidades do Sudeste e praticamente não atende às longas distâncias das estradas percorridas pelos caminhões. Além disso, há um evidente problema de escala. O abastecimento de uma parte da frota de táxis com GNV em São Paulo ou no Rio de Janeiro demanda muito pouco gás, em comparação à escala exigida para substituir o diesel pelo GNV. Em todo caso, essa possibilidade deve ser um colírio para a Petrobrás que vê crescer suas reservas no pré-sal, e um mercado desses seria um presentaço.

Em tempo: a Scania anunciou há pouco sua nova linha de caminhões e ônibus que pode rodar com vários biocombustíveis e combustíveis fósseis, como o GNV.

https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/04/caminhao-gas-natural-mais-economico-diesel.htm

 

CONSUMIDOR PODE ARCAR COM MAIS R$ 1,4 BILHÃO NA CONTA DE LUZ

Dia sim, dia não, o setor elétrico aparece no portão com uma nova conta a pagar. Desta vez, a conta chega à bagatela de R$ 1,45 bilhão, na forma da revisão no orçamento da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético). Segundo o Poder360, a encrenca da privatização ou não da Eletrobrás deixou vários estados sem concessionária e o governo federal está sendo obrigado a bancar estas operações.

https://www.poder360.com.br/economia/consumidor-pode-pagar-r14-bi-a-mais-para-cobrir-deficit-do-setor-eletrico/

 

SUGESTÃO PARA O FUNDO PETROS: FAÇAM COMO OS ÁRABES, COMPREM AÇÕES DA TESLA

O Fundo Soberano da Arábia Saudita comprou entre 3% a 5% das ações da Tesla esta semana, investindo algo entre US$ 2 e 3 bilhões. Irônico perceber que quanto melhor for o desempenho destas ações, menos petróleo os árabes venderão, mas a diversificação mostra um certo temor pelo futuro dos fósseis. O preço da ação, claro, deu um pulo. Logo depois, Elon Musk, dono da Tesla, tuitou especulando com a ideia de reprivatizar a empresa e tirá-la da Bolsa. As ações deram um segundo salto, acumulando uma valorização de 10% até pararem de ser negociadas.

https://www.cnbc.com/2018/08/07/tesla-shares-jump-on-report-saudi-arabia-sovereign-wealth-fund-has-2-.html

https://www.valor.com.br/empresas/5719493/elon-musk-revela-no-twitter-plano-de-tirar-tesla-da-bolsa

 

RENOVÁVEIS DESAFIAM MODELO DE NEGÓCIO DAS GRANDES ENERGÉTICAS EUROPEIAS

O setor elétrico que se cuide, seu modelo básico de negócio está sendo impactado em todo o mundo pelas renováveis solar e eólica. O exemplo extremo vem da Europa, onde as grandes energéticas estão tentando aprender a viver com frequentes tarifas negativas. As tarifas nos países mais importantes varia a cada hora em função da demanda e do mix de fontes usadas para atendê-la. Está ficando cada vez mais frequente, em dias ensolarados e de bom vento, que se gere mais energia do que a demandada, momentos nos quais a tarifa fica negativa. Nas primeiras vezes em que isto aconteceu, o fato era pitoresco. Agora a previsão de tempo bom virou pesadelo para as grandes energéticas do continente. Mas, como disse Neil Eckert, presidente de uma empresa de pequenas instalações renováveis, “Bill Gates se tornou o homem mais rico da Terra acabando com os mainframes. Estamos vivendo o fim dos mainframes energéticos. O mundo terá que aprender novas técnicas – como investir em pequena geração distribuída”.

Em tempo: para quem chegou há pouco no planeta, os computadores de grande porte, os mainframes, dominaram o mercado de informática até o começo do século e fizeram a fama e a fortuna da IBM.

https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-08-06/negative-prices-in-power-market-as-wind-solar-cut-electricity

 

CIDADES FRANCESAS RESTRINGEM OS CARROS QUE PODEM CIRCULAR

A onda de calor no hemisfério norte levou quatro cidades francesas a proibir alguns carros de circular para que não piorem a situação. Em Paris, veículos a diesel fabricados antes de 2006 estão proibidos de circular até 2a feira. Em Lyon e Isère, carros sem certificação de qualidade de emissões não poderão circular, exceto nas vias que contornam as cidades e nos trechos urbanos de estradas. Estrasburgo proibiu a circulação, na cidade e nos arredores, de veículos poluentes classificados como 4 e 5, por conta dos níveis de ozônio na atmosfera.

A onda de calor também fez quatro usinas nucleares interromperam suas operações porque a água de resfriamento estava quente demais.

https://www.francetvinfo.fr/economie/transports/trafic/canicule-la-circulation-differenciee-mise-en-place-lundi-a-paris-en-raison-de-la-pollution-atmospherique_2883171.html

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/por-causa-do-calor-cidades-francesas-proibem-carros-antigos-de-circular.shtml

 

A CALIFÓRNIA ENFRENTA O MAIOR INCÊNDIO DA HISTÓRIA

A combinação de dois de incêndios florestais que começaram há duas semanas na mesma área ganhou o nome de Complexo Mendocino, e já é o maior incêndio já registrado na Califórnia. Ontem, ele se espalhava por quase 1.200 km2, algo como o município do Rio de Janeiro. À BBC, observadores disseram que o Mendocino deve queimar até o final deste mês. As forças de combate a incêndios do estado estão enfrentando 17 grandes incêndios simultaneamente. São mais de 13.000 bombeiros e mais de 2.300 membros da Guarda Nacional envolvidos nas operações de salvamento e de prestação de cuidados à população atingida. Só neste ano, incêndios queimaram mais de 2.500 km2 quase a soma do Rio com São Paulo.

https://www.sciencedaily.com/releases/2018/08/180807133233.htm

https://www.bbc.co.uk/news/world-us-canada-45102524

https://www.nytimes.com/2018/08/07/us/california-fires-mendocino.html

 

MINERAÇÃO CHILENA MOVIDA A RENOVÁVEIS

A mineração chilena é tão importante (10% do PIB) quanto consumidora de energia (⅓) e, à medida em que as minas se aprofundam, mais energia consomem. A Bloomberg traz uma matéria interessante sobre a explosão de plantas fotovoltaicas ou solares pelo deserto do Atacama, um dos lugares mais ensolarados do planeta, e de eólicas captando os fortes ventos na costa do Pacífico. A mensagem é clara, com o custo das renováveis caindo e com a grande disponibilidade de sol e vento, cada vez mais a energia usada na mineração virá dessas plantas.

As fotos mostradas na matéria valem por si só.

https://www.bloomberg.com/news/features/2018-08-07/these-massive-renewable-energy-projects-are-powering-chilean-mines

 

SINDICATOS DE CARVOEIROS POLONESES DEFENDEM SEUS EMPREGOS

A Conferência do Clima deste ano acontecerá no coração da indústria carvoeira polonesa, na cidade de Katowice. Pois foi lá que o governo do país organizou uma reunião dos sindicatos carvoeiros da região, na semana passada, com a intenção de influenciar a agenda da Conferência, que acontecerá em dezembro. Saíram propostas e declarações em defesa do carvão. Uma declaração assinada por três sindicatos pede que seja feita uma análise dos custos e dos empregos impactados por políticas climáticas e, em defesa do carvão, invocam a soberania nacional e um tratamento equânime com outras fontes de energia. “Cada estado, em nome da sua segurança e soberania, deve ser capaz de gerar energia a partir dos combustíveis existentes em seu território para garantir calor e eletricidade mais baratos para sua economia”. Para mencionar os esforços para conter o aquecimento global, o documento propõe que “os custos de uma política climática devem recair, principalmente, sobre os consumidores de bens e serviços dos países ricos, e não pelos produtores dos países pobres”. Segundo o ranking do Banco Mundial de PIB per capita, a Polônia ocupa o 43o lugar, pouco depois de Portugal e na frente de Rússia, Chile e Uruguai, que não são exatamente “países pobres”.

http://www.climatechangenews.com/2018/08/07/unions-tell-poland-push-coal-un-climate-host/

 

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