CONTRATAR TÉRMICAS A CARVÃO NO PRÓXIMO LEILÃO AMARRARÁ PAÍS A TECNOLOGIA POLUENTE POR DEZENAS DE ANOS
Na próxima semana, o setor elétrico realizará um leilão de compra de eletricidade a ser entregue daqui a seis anos (A-6). Dentre as mais de mil usinas habilitadas para o leilão, 2 são termelétricas a carvão e 39 a gás natural que, juntas, somam quase 30 GW de capacidade, quase metade dos 59 GW ofertados. Marcelo Lima, especialista em energia do Greenpeace, escreveu no Valor sobre o contrassenso que é construir novas térmicas a carvão no Brasil. China e Índia, talvez os dois maiores consumidores de carvão para geração de eletricidade, pararam de construir e começam a desativar usinas velhas. Outros países importantes, cujas matrizes elétricas também são cheias de carvão, também planejam abandonar a fonte. Assim, não faz sentido um país como o Brasil, que tem a possibilidade de aumentar seu parque gerador com fontes renováveis competitivas, continuar a construir novas destas térmicas sujas. A maior das duas a carvão aumentará em 7% as emissões do sistema elétrico para atender a menos de 0,3% de toda a eletricidade consumida, amarrando o país a esta tecnologia suja por mais de 30 anos, pelo menos, enquanto a usina funcionar.
https://www.valor.com.br/opiniao/5758155/leilao-de-carvao-e-um-retrocesso
VÍCIO EM ROYALTIES DO PETRÓLEO
Os royalties do petróleo já são 3,4% da arrecadação de impostos do governo, o dobro do ano passado. Enquanto a arrecadação cresceu 6% no primeiro semestre, o aumento de produção dos poços e o aumento do preço do barril fizeram os royalties aumentarem 40%, totalizando quase R$ 23 bilhões. Num regime de crise fiscal, os royalties funcionam com uma droga que provoca uma adição aguda. Para manter o aquecimento global abaixo de 1,5oC, o país terá que se livrar da dependência do petróleo e o tesouro nacional, do vício dos royalties.
https://www.valor.com.br/brasil/5758413/royalties-do-petroleo-puxam-arrecadacao
NÃO SEPARANDO O JOIO DO TRIGO, DEFESA DO AGRONEGÓCIO FICA CAPENGA
Xico Graziano escreveu mais um artigo em defesa do agronegócio usando bastante ironia e carregando nas tintas para mostrar que, na verdade, o agricultor está sendo vítima de uma tremenda campanha negativa que o acusa ser de desmatador, feitor de escravos e grileiro. Diz ele que “basta pesquisar na rede e verificar o que falam jornalistas, juízes, promotores, artistas, cantores e outros ‘especialistas’ da moderna agricultura nacional”. Graziano faria mais pelo setor se, ao invés de apontar seu dedo para esse pessoal, o fizesse para a parcela dos que desmatam, escravizam e grilam terras públicas. Enquanto Xico e outros seguirem colocando os ilegais junto ao que há de mais moderno e ético no mundo rural, o saco de gatos continuará a ser tachado de desmatador, escravizador e grileiro. Simples assim.
SOBRE A SINGULARIDADE DA FLORESTA AMAZÔNICA
Maria Fernanda Ziegler, da Agência Fapesp, escreve sobre o workshop ‘As dimensões científicas, sociais e econômicas do desenvolvimento da Amazônia’: “a Amazônia é única. É a maior extensão de floresta tropical e o único lugar onde a própria floresta controla seu clima interno, impactando o mundo todo. Com sua biodiversidade ímpar, a Amazônia possibilita a manutenção de serviços ecossistêmicos e limpa a atmosfera do planeta”. Paulo Artaxo, professor da USP e organizador do workshop, disse que “O Brasil precisa ter um plano de adaptação para a Amazônia. O aumento da temperatura na região foi da ordem de 1,6°C, enquanto a média no Brasil foi de 1,3°C e a mundial de 1,1°C [desde o fim do século 19]. Então, a Amazônia, por estar em uma região tropical, por receber muita radiação solar, é uma região sensível ao aumento da temperatura e à redução da precipitação. Dá para imaginar o impacto socioeconômico de um dia de verão em Manaus com temperatura média aumentada em até 5°C. É o que pode acontecer no futuro”.
O workshop aconteceu na semana passada, em Manaus, e vai continuar, em setembro, em Washington.
http://agencia.fapesp.br/conservar-a-amazonia-e-questao-ambiental-social-e-economica/28518/
ARAUCÁRIAS CHILENAS ESTÃO MORRENDO E A MUDANÇA CLIMÁTICA É CÚMPLICE
Centenas de araucárias morreram nos últimos anos no Chile e os cientistas acham que a mudança do clima enfraqueceu as árvores que, em seguida, morreram por alguma doença. Doença esta que, em condições normais, não teria feito o estrago que fez. Na região que fica a 450 km ao sul de Santiago, durante o verão e a primavera houve muito menos chuvas e as temperaturas foram mais elevadas. Alí também caiu menos neve no inverno. Em algumas áreas, entre 70% e 80% das árvores morreram ou foram bastante danificadas. Há relatos semelhantes do outro lado da Cordilheira, na Argentina. Não encontramos notícias semelhantes sobre as araucárias brasileiras.
COMISSÃO EUROPEIA QUER METAS CLIMÁTICAS MAIS AMBICIOSAS
Miguel Arias Cañete, o comissário para o clima da União Europeia, disse querer aumentar a ambição da meta climática europeia para que, em 2030, as emissões sejam reduzidas em 45%, ao invés dos 40% estabelecidos pela meta atual. Ele disse que as contas indicam que é possível aumentar mais a eficiência no uso da energia e, também, reforçar a regulamentação das fontes limpas de modo a dar-lhes mais espaço. A União Europeia quer discutir um aumento na ambição das metas de redução de emissão em dezembro, por ocasião da Conferência do Clima que acontecerá em Katowice, na Polônia.
PLANO ENERGÉTICO DE TRUMP CAUSARÁ MILHARES DE MORTES PREMATURAS
No meio dos documentos sobre o novo plano energético de Trump, anunciado nesta semana, está uma estimativa segundo a qual, até 2030, as emissões adicionais geradas pelas térmicas a carvão provocarão por volta de 1.400 mortes prematuras anualmente. Estas decorrerão, principalmente, do aumento de material particulado fino na atmosfera, poluente responsável por doenças no coração e nos pulmões. Também provocarão cerca de 15.000 casos adicionais de morbidade respiratória e a dezenas de milhares de faltas escolares. No que toca à emissão de gases de efeito estufa, o plano de Trump, comparado com o de seu antecessor, emitirá 300 milhões de toneladas adicionais de gases de efeito estufa todo ano, um aumento de 5% nas emissões do país. É um estrago para republicano nenhum botar defeito. Perguntado, o pessoal da EPA (Agência de Proteção Ambiental) responsável pelas estimativas de mortalidade disse que outras regulações para controlar a poluição podem ser acionadas para evitar os danos.
https://www.nytimes.com/2018/08/21/climate/epa-coal-pollution-deaths.html
https://newrepublic.com/article/150779/trumps-staggering-impact-greenhouse-gas-emissions
A NAVEGAÇÃO RUSSA ATRAVÉS DO ÁRTICO DESCONGELADO
Partirá nesta semana o primeiro navio de contêineres da Maersk para a travessia do Ártico. O navio levará um carregamento de peixe congelado desde Vladivostok, no Pacífico, até São Petersburgo, no Báltico, acompanhando o imenso litoral norte da Rússia. A viagem levará por volta de um mês, duas semanas a menos do que o tempo gasto na rota tradicional via o Canal de Suez. A viagem é encarada como um teste.
Os russos também estão planejando uma ferrovia para ligar Moscou à Sabetta, cidade que vem despontando como um dos principais portos na rota norte de navegação. Sabetta era um pequeno vilarejo congelado e, agora, é uma cidade de 20 mil habitantes com um movimento crescente. Dmitry Artyukhov, o governador em exercício da província de Yamal-Nenets, onde fica Sabetta, disse que “o desenvolvimento do projeto da Passagem Latitudinal Norte-2 inclui o lançamento eficiente da imensa província russa de petróleo e gás, o impulso à navegação ao longo da Rota do Mar do Norte com efeitos significativos na economia e no sistema orçamentário.”
https://thebarentsobserver.com/en/industry-and-energy/2018/08/big-toot-new-russian-arctic-railway
TECNOLOGIAS E FONTES DE ENERGIA PARA REDUZIR AS EMISSÕES DA NAVEGAÇÃO
Em maio, a IMO (Organização Marítima Internacional) conseguiu arrancar das empresas de navegação um acordo para reduzir as emissões do setor. As empresas terão duas metas para os próximos anos: aumentar a eficiência e passar a usar combustíveis menos poluentes. Um levantamento do grupo de trabalho da BSR para um transporte de carga limpo mostrou que, entre 2009 e 2016, as emissões médias por contêiner transportado por quilômetro caíram a uma taxa de 5% a cada ano, mas que, entre 2016 e 2017, essa taxa baixou para menos de 1%. A continuar assim, as emissões globais da navegação seguramente aumentarão em decorrência do aumento da carga transportada. O sinal positivo vem do desenvolvimento de baterias e tecnologias de uso de hidrogênio. Uma empresa norueguesa lançará uma embarcação de transporte de contêineres 100% elétrica. E uma finlandesa lançará um navio de transporte de gás natural liquefeito equipado com rotores eólicos. Ao contrário da aviação, a IMO entende que é possível reduzir as emissões sem ter que apelar a créditos de carbono para compensar as emissões dos navios.
https://www.businessgreen.com/bg/news/3061247/rolls-royce-steams-into-electric-shipping-market
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